Recuperação Judicial

Oi: ainda dá para confiar no futuro da companhia após esta terça?

10 dez 2019, 22:00 - atualizado em 10 dez 2019, 22:13
Oi Empresas Telefonia
Calafrios: planos da Oi deixam analistas e investidores apreensivos (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

O anúncio de que Eurico de Jesus Teles deixará, em 30 de janeiro, a presidência da Oi (OIBR3; OIBR4) coroou um dia turbulento, que começou com a empresa no centro da 69ª fase da Operação Lava Jato. No cargo desde novembro de 2017, coube a Teles conduzir a parte mais pesada da recuperação judicial decretada em 2016.

O triunfo do plano é a esperança de muitos investidores para lucrar com os papéis da companhia, mas a dúvida é se ainda é possível confiar numa virada.

Os fatos mais recentes contribuem para o pessimismo dos investidores. Há poucos dias, a companhia pediu a prorrogação do prazo para concluir sua recuperação judicial, que deve encerrar em fevereiro de 2020.

Embora argumente, no pedido, que os planos estão caminhando bem, o mercado não gostou nada da possibilidade. Como resultado, a Oi apanhou na bolsa no pregão seguinte.

Pessimismo

A visita da Polícia Federal e do Ministério Público Federal à empresa, nesta terça-feira (10), também azedou o humor dos investidores. Enquanto a Lava Jato buscava evidências de que a Oi manteve relações ilegais com a Gamecorp, cujo sócio mais célebre é Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, as ações apanhavam de novo no pregão.

Cada vez mais analistas são pessimistas em relação ao futuro da companhia. No início de dezembro, o banco suíço UBS reforçou a recomendação de venda dos papéis. Para se ter uma ideia, o preço-alvo estimado para 2020 é de apenas 55 centavos por ação.

Traduzindo, ainda haveria espaço para uma desvalorização de cerca de 40% para as ações ordinárias (OIBR3), que já são negociadas há tempos abaixo de R$ 1.

O relatório do UBS, assinado por Vinícius Ribeiro, lista uma série de questões relevantes para definir quanta esperança (e dinheiro) os investidores devem depositar na Oi em 2020. E tudo pode ser resumido de modo bem simples: a) qual é a estratégia para sair do buraco, e b) a companhia tem condições concretas de executá-la?

Jogando contra

A resposta não é óbvia, pois depende de fatores que, até aqui, não lhe são favoráveis. Um dos mais preocupantes é a forte queima de caixa. Apenas no terceiro trimestre, a operadora torrou quase R$ 1 bilhão.

Ribeiro, do UBS, indaga se a companhia terá perna para investir em negócios promissores no longo prazo, mas que demandam grandes desembolsos até darem retorno, como a implantação de uma rede de fibra óptica.

Vivo
Vivo: rival sinalizou que poderia avaliar compra da operação de celulares da Oi (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

Uma saída para bancar os investimentos e conter a sangria do caixa é vender algum ativo. O candidato mais cotado é sua operação de telefonia celular. O problema é que muitos analistas não se convenceram de que a empresa esteja realmente empenhada em vendê-la.

Já em outubro, o Credit Suisse alertou sobre essa indisposição num relatório assinado pelos analistas Daniel Federle, Felipe Cheng e Juan Pablo Alba. Na ocasião, o banco afirmou que a maior chance de valorização da Oi na bolsa é a venda do negócio de telefonia móvel.

Seria tão bom, que os analistas estimavam um preço-alvo para as ações de R$ 1,55, caso isso aconteça.

Aventura fatal

Como se não bastasse perder caixa, a Oi também ensaia um movimento temerário na opinião da maioria dos observadores. A empresa pretende participar do leilão das redes 5G, que consta no programa de concessões e parcerias do governo federal e deve ser realizado no primeiro semestre de 2020.

Se a empresa se atrever a tanto, os investidores podem ficar ainda mais contrariados. O Credit Suisse, por exemplo, afirma que o movimento embute “substancial risco de downside [desvalorização]” dos papéis, uma vez que isso envolveria o desembolso de bilhões de reais.

Caberá, agora, ao novo presidente determinar se a empresa continuará causando calafrios nos investidores, ou se há motivos para acreditar numa reviravolta.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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