Opinião

Ivan Sant’Anna: Os negociadores da República

08 mar 2019, 9:21 - atualizado em 08 mar 2019, 9:21

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Por Ivan Sant’Anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite

Caro leitor,

Digamos que uma pessoa esteja vendendo seu apartamento e tenha posto anúncio no jornal, sem revelar o preço.

Quando chega o primeiro interessado, após as apresentações, o comprador, antes mesmo de percorrer as dependências do imóvel, pergunta:

“O senhor está pedindo quanto por ele?”

“Um milhão”, responde o dono, para, logo em seguida, cometer um erro:

“Mas aceito contrapropostas.”

Esse tipo de declaração deixa claro ao visitante que o preço pretendido pelo proprietário é menor do que o valor citado logo de cara, quem sabe 900 ou até mesmo 850 mil. Talvez menos.

Como se pode concluir, as negociações começaram de modo errado para o vendedor e bem para o eventual comprador, sem que este tivesse dado um passo adiante nas tratativas. Nessas ocasiões, um tenta valorizar e o outro, depreciar. Costuma-se falar de detalhes tais como “sol da tarde”, “taxa de condomínio”, “comércio nas proximidades”, “é só entrar e morar”, “precisa de reformas”, etc., etc.

Quem comprou ou vendeu imóveis sabe disso.

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Pois bem, Jair Bolsonaro está tentando vender ao Congresso Nacional uma reforma previdenciária formulada pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo secretário especial da Previdência, Rogério Marinho. E não é que o presidente da República, tal qual o dono do apartamento acima, já está fazendo concessões antes mesmo que elas sejam reivindicadas pelos deputados e senadores.

Fica parecendo que o capitão-presidente considera a proposta do Executivo tão draconiana que já quer minimizá-la.

No início do ano, logo após a posse de Bolsonaro, com o entusiasmo que tomou conta do mercado de ações por causa das perspectivas da aprovação da reforma sem grandes alterações mutilantes, o Ibovespa subiu 11.054 pontos, equivalentes a 12,65%, saindo de 87.535 para 98.589, que foi a máxima de todos os tempos, alcançada no dia 4 de fevereiro.

Depois disso, com as hesitações do presidente da República, o índice já perdeu mais de um terço de seus ganhos e vai continuar perdendo se não deixarem Paulo Guedes, Rogério Marinho e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, cuidarem da reforma, sem a qual as contas do governo não fecham.

Bolsonaro é pouco criativo. Itamar Franco também era, só que nos legou o Plano Real, obra de FHC e seu time. Nos Estados Unidos, Ronald Reagan, ex-canastrão de Hollywood, pouco intelectualizado, foi um excepcional presidente, graças a homens como James Baker III, que exerceu as funções de secretário do Tesouro (no primeiro mandato Reagan) e de Estado, no segundo.

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