Ibovespa tomba com tensão no exterior e quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro
O Ibovespa sofreu sua maior queda desde março, ficando abaixo dos 92 mil pontos, em meio ao pior dia dos índices em Nova Iorque desde janeiro, com baixa de 2,69%, aos 91.726 pontos. O acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China apagou a aposta de um entendimento iminente entre as duas nações.
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Depois de os EUA elevarem tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses na sexta-feira, Pequim respondeu com a decisão de aumentar tarifas em quase US$ 60 bilhões de importações americanas a partir de junho.
Tudo isso permeado pelo tom agressivo do presidente americano, Donald Trump, sugerindo que a confiança de diálogo entre as partes está fraquejando rapidamente e que o abismo entre as demandas de cada um não para de crescer. Com isso, um acordo crível ou sustentável parece distante, o que põe em xeque a saúde da economia global.
De quebra, a escalada da tensão entre as duas maiores potências do mundo elimina um dos fatores por trás do recente rali dos índices americanos: justamente o alívio nas negociações comerciais entre EUA e China. Em meio às incertezas que pairam sobre o impasse, Trump afirmou que vai se encontrar com os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, na reunião do G20, em junho no Japão.
Na terceira baixa seguida, o índice Bovespa caiu 2,69% a 91.726 pontos, seguindo o tombo de mais de 2,30% dos índices Dow Jones e S&P500. O dólar futuro, por sua vez, subiu 1,16% frente ao real – pela terceira vez seguida –, cotado a R$4,004, segundo maior patamar de fechamento do ano.
A busca dos investidores por proteção elevou os títulos do Tesouro dos Estados Unidos – o que derrubou seus rendimentos -, ao passo que as cotações de commodities metálicas e do petróleo recuaram, pressionando também as blue chips – como são chamadas as ações com grande peso no Ibovespa.
Os juros futuros subiram em bloco, incrementando prêmios de risco na curva de vencimentos, em sintonia com a alta do dólar pela tensão externa. O contrato para janeiro de 2025 avançou 10 pontos-base para 8,65%.
Além da aversão ao risco no exterior, incertezas em torno do cenário político também repercutiram no mercado, que monitora o desfecho da MP da reforma administrativa, bem como a troca de farpas interna entre militares e bolsonaristas radicais, liderados pelo astrólogo e escritor Olavo de Carvalho, cujos reflexos ainda são incertos sobre a articulação para a aprovação da reforma da Previdência no Congresso.
Para completar, a notícia de que a Justiça autorizou a quebra de sigilo de Flavio Bolsonaro, filho de Bolsonaro, e do ex-policial militar Fabrício Queiroz acelerou a alta do dólar e dos juros no fim do dia.
Diante das tensões externa e local, a nova rodada de redução de projeções para o crescimento do PIB brasileiro neste ano acabou não sendo determinante para os juros futuros. Em teoria, as perspectivas desanimadoras deviam empurrar os juros para baixo na noção de menores pressões inflacionárias à frente.
O departamento de economia do Itaú Unibanco, por exemplo, cortou a estimativa para 2019 de 1,3% para 1,0%, citando a demora na implementação do programa de ajuste fiscal – leia-se reforma da Previdência. Mais um ingrediente sobre a saúde da economia brasileira será digerido amanhã, com os números do setor de serviços em março, que será divulgado pelo IBGE.
Lá fora, o mercado estará de olho na produção industrial da Zona do Euro em março e, à noite, o governo chinês irá apresentar os dados da indústria e das vendas no varejo do país, ambos de abril. O acirramento da guerra tarifária entre EUA e China começa a abrir espaço para apostas crescentes por mais estímulos dos bancos centrais globais, com possível corte de juro básico nos EUA.
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