Tecnologia

Gabriel Casonato: Apple e Alphabet na disputa por bilhões da área de saúde

04 abr 2019, 15:55 - atualizado em 04 abr 2019, 16:01
(Imagem: Pixabay)

Por Gabriel Casonato, Editor da Agora Brasil 

Caro leitor,

Quando você pensa em Apple e Alphabet, imagino que as primeiras coisas que vêm à cabeça são smartphones e a mais famosa plataforma de busca na internet.

Mais especificamente, iPhones e Google, os carros-chefes das duas gigantes globais de tecnologia.

A cada dia que passa, no entanto, o escopo de atuação de ambas as companhias vem se ampliando substancialmente.

Não apenas pelos pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento, mas também por uma demanda crescente de empresas em busca de tecnologia, seja para reduzir seus custos ou crescer a produtividade.

No momento, por exemplo, tanto Apple quanto Alphabet estão empenhadas para revolucionar a assistência de saúde e dar mais opções aos médicos, autoridades e laboratórios farmacêuticos.

A primeira apresentou resultados inconclusivos de um estudo para mostrar que o Apple Watch pode ser usado para detectar problemas cardíacos.

Já a segunda, através de sua subsidiária Verily, tem divulgado trabalhos para proporcionar mais rigor científico a aparelhos capazes de testar tratamentos e diagnosticar problemas de saúde.

Além disso, elas e outras empresas consolidadas concorrem com startups na área de tecnologia para revolucionar o mercado de ensaios clínicos.

Um mercado que movimenta nada menos que 65 bilhões de dólares ao ano, segundo a CB Insights.

Até órgãos de fiscalização, como a FDA (Food and Drug Administration), têm pressionado por uma maior colaboração e compartilhamento de dados, bem como pela adoção de novas tecnologias.

Importantes oportunidades terapêuticas correm o risco de sofrer atrasos ou ser descartadas porque as empresas do setor não têm condições de arcar com o custo dos ensaios para validá-las.

Tais ensaios são essenciais para a aprovação de novos tratamentos pelas autoridades fiscalizadoras, mas, em média, o processo pode custar até 2 bilhões de dólares por medicamento.

E é justamente por esse motivo que as grandes empresas de tecnologia, que estão extremamente capitalizadas, largam na frente na disputa pelos bilhões da área de saúde.

(Imagem: Divulgação Apple)

Um prêmio ainda maior do que aprimorar a eficiência dos ensaios clínicos é criar novas formas de diagnóstico e avaliar tratamentos por meio de aparelhos de uso comum das pessoas.

O Apple Heart Study, que anunciou no mês passado seus resultados preliminares, indicou que esses aparelhos podem ser usados para alcançar centenas de milhares de participantes.

Realizado pela Universidade de Stanford e pela Apple, o estudo, contudo, também colocou em evidência possíveis armadilhas.

Ele concluiu que o Apple Watch pode ser usado para detectar a fibrilação atrial, uma das principais causas de derrames, que muitas vezes fica escondida porque a pessoa não percebe os sintomas.

No entanto, apenas 34 por cento dos que foram notificados sobre uma possível fibrilação atrial a tiveram confirmada por testes de eletrocardiograma.

Os pesquisadores disseram que isso pode ocorrer por se tratar de uma condição intermitente, como pode também ser sinal de falsos positivos.

O que vai definir se a corrida para transformar os testes clínicos vai ser vencida pelas grandes empresas ou pelas startups é justamente isso.

Seu alcance, dados e capacidade para recrutar funcionários capazes de separar os sinais falsos dos verdadeiros – algo extremamente difícil no momento.

A Verily, da Alphabet, acredita que pode ser uma das vencedoras projetando um aparelho especificamente para ensaios, em vez de um bem de consumo comum, com menos supervisão sobre quem está usando e quando.

Pode ser uma opcionalidade bastante positiva a quem investe nas ações da empresa (NASDAQ: GOOGL) com foco no longo prazo.

O mesmo vale para os papéis da Apple (NASDAQ: AAPL), também na briga e que há tempos luta para reduzir a dependência de seu balanço das vendas do iPhone.

Gosto de ambas as opções para compor a carteira, conforme já disse aqui outras vezes.

Lembre-se que estamos falando de empresas sólidas, fortes geradoras de caixa e com números que as colocam em posição privilegiada para “arriscar” em outras áreas, como a de saúde.

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