Entrevista

Conheça a gestora Apex, líder do Ranking de Fundos Money Times/App Renda Fixa

14 fev 2019, 13:09 - atualizado em 22 fev 2019, 10:57

“Enquanto estou acordado estou trabalhando”. A afirmação é de Fábio Spinola, gestor e sócio fundador da Apex Capital, e exacerba a quantidade de trabalho existente dentro de qualquer gestora de fundos, principalmente em casas focadas exclusivamente na renda variável, como é o caso da instituição, líder do Ranking de Fundos Money Times/APP Renda Fixa de fundos de investimento.

A casa é totalmente fundamentalista e voltada para ações, utilizando o conceito de Pareto 80/20 para realizar sua análise: 80% cobertura do mercado doméstico, com modelos complexos de valuation; e 20% de macroeconomia e “tudo que impacta o lucro da empresa”.

Em entrevista exclusiva ao portal Money Times, Fábio Spinola discorre sobre sua trajetória profissional, concepção da Apex, mostra como analisa cenário macroeconômico e dá dicas valiosas do mais importante para um jovem trainee: a capacidade de síntese.

Money Times – Como foi sua trajetória profissional, da UERJ até a Apex?

Fábio Spinola – a parte financeira sempre me interessou. Comecei minha vida profissional em auditoria e consultoria na PwC, onde fiquei por oito anos. A auditoria serviu muito mais como faculdade do que a própria faculdade de administração.

Posteriormente, vi a possibilidade de migrar para o mercado financeiro. Adentrei no banco Garantia em 1994 e, desde então, são 25 anos dentro do mercado financeiro.

Money Times – Como foi a fundação da Apex?

A ideia de montar a Apex nasceu como um desejo de dar continuidade a minha vida de gestor de fundos de investimento em uma estrutura focada especificamente em fundos de ações pois, por onde tinha passado, tinham outros tipos de alocações (Fábio é ex-head da mesa internacional de renda fixa do Credit Suisse).

O foco em fundos de ações pra mim fazia mais sentido. Com todo alinhamento dos valores dos sócios, fundamos a Apex.

Money Times – Por ser ex-head do Credit Suisse da mesa de renda fixa internacional, quais ferramentas você utiliza para acompanhar o cenário macroeconômico?

O cenário macro e as empresas tem uma ligação forte: as empresas não existem no vácuo. As receitas das empresas de alguma maneira depende do macro. O custo de financiamento, do capital de giro, de dívida, depende da taxa de juro, que é macro. Se uma empresa importa insumos ou exporta produtos finais, a taxa de câmbio importa, e isso é macro. Vale, Suzano, Petrobras, empresas de commodities, navegam conforme preços internacionais de matérias-primas, que é macro também.

O apetite ao risco e o fluxo fluido de capitais nas regiões do mundo andam ao sabor dos ciclos econômicos. Por mais que nós fazemos uma análise microeconômica muito profunda, os preços das ações oscilam todos os dias. Os fundamentos das empresas não necessariamente mudam de um dia pro outro. O trabalho micro que nós fazemos tenta extrair sempre ao máximo o quanto que o management da empresa tem de variáveis controláveis que façam a geração de valor para a companhia e aos acionistas.

Mas há uma parte de variáveis não controláveis, como esses exemplos que eu citei, que fogem ao controle do management. Existem variáveis de competição do mercado que acabam eventualmente fugindo ao controle do management.

Quando fazemos nossa análise micro, a gente avalia quais riscos específicos à companhia e à estratégia de gestão da companhia, e vamos buscar outros elementos que possuem efeito na vida das empresas, por isso olhamos as variáveis não controláveis, para fatiar fatores de risco e moldar modelos de valuation de cada empresa que estamos analisando.

O que olhamos de variáveis macroeconômicas são inúmeras, você deu o exemplo do livro bege do Fed, é somente uma dentre as várias que olhamos, principalmente acompanhando mercados relevantes como EUA e China, além das variáveis macroeconômicas brasileiras. A taxa de juro é custo de oportunidade: para comprar uma ação, tem o prêmio de risco de equity, deve haver retorno esperado de pelo menos cinco pontos percentuais acima da taxa-base, e essa taxa-base é macro.

Se tem um economista que vai me ajudar a entender o viés dessa taxa, se vai subir ou cair, é importante para eu modelar à minha empresa para incorporação dos custos de capital nos modelos de desconto de fluxo de caixa. Só olhar os múltiplos é uma forma muito usual, forma simples, por isso da importância do cruzamento com os modelos de desconto, avaliados conjuntamente com as variáveis macro, para ver o custo de oportunidade.

Onde a gente mais gasta tempo é no modelo de valuation da empresa especificamente. A gente é uma casa fundamentalista de equities. Tudo que for envolver impacto no lucro da companhia, a gente trabalha na nossa análise.

Money Times – Dentro da economia brasileira, qual setor vai se recuperar mais rápido?

É difícil generalizar: cada empresa tem uma carateristica diferente. Umas são mais expostas ao ciclo econômico. Por exemplo, o varejo tende a performar bem em ciclo de expansão. Mas não necessariamente quer dizer que a empresa vai performar bem. De repente, uma empresa de Utilities pode performar melhor do que uma de varejo, porque essa empresa de Utilites está fazendo uma consolidação, tem uma revisão tarifária mais favorável, fruto de toda execução do trabalho dos últimos anos.

A resposta setorial, pela intuição, tem correlação com a elasticidade do PIB, mas é o micro que vai fazer a diferença.

Money Times – Como você avalia a nova comunicação do governo com o mercado?

É um início de governo, é um governo novo, está em formação. Uma composição que, até azeitada, leva tempo. Está em um processo de aprendizado, processo de formação, com inúmeras boas intenções para os empresários. A agenda pró-mercado, pró-empresário, é muito favorável.

Boas intenções parecem existir. A direção é boa, eu gosto, boa para as companhias, para os resultados das empresas, para nossos investimentos. É um processo natural de aprendizado de um governo novo.

Money Times – O que você falaria para um jovem trainee adentrando à Apex?

A análise é importante, mas a capacidade de síntese é mais importante ainda. A variedade de informações e dados que estão disponíveis para gente analisar hoje tende ao infinito porque você coleta informações de qualquer site no mundo inteiro, não há barreiras.

Então é importante saber filtrar e sintetizar, concluir efetivamente. Tem muita gente que se perde no meio do caminho no processo de análise.

Money Times – Como é o dia-a-dia do Fábio como gestor?

Leitura diária matinal dos periódicos, reuniões matinais. A gente acorda lendo. De alguma maneira, a gente brinca aqui na Apex: a gente trabalha enquanto está acordado.

Você vai ao shopping, está prestando atenção se as pessoas estão com sacolas na mão. Se estão realizando compras ou somente tomando sorvete. Para no semáforo, observa o que acontece ao redor.

Um processo que acontece hoje já estamos pensando na notícia de capa do jornal de amanhã. Lemos todo material necessário: e-mails, periódicos, revistas especializadas. Temos nossas reuniões matinais de discussão de notícias, eventualmente se precisa mexer em uma posição ou outra discutimos as alocações de capital em cada uma das estratégias, em cada empresa, se há necessidade de mudança nos nossos modelos.

Essa é a nossa dinâmica diária. Parte da agenda é alocada a fazer visitas as empresas, viagens, nossas reuniões de análise, entender uma empresa nova, discutir os modelos com os analistas, avaliações em comitês de investimento para discussões mais novas e de manutenção do que já temos, é uma combinação disso tudo.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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