Eleições: Como Jair Bolsonaro ainda pode virar o jogo nas pesquisas
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem feito esforços para correr atrás de sua desvantagem contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas intenções de voto do primeiro turno das eleições marcadas para outubro.
Nas últimas seis pesquisas, Bolsonaro navegou dentro da margem de erro e manteve-se estável acima dos 30 pontos na grande maioria dos cenários desde o início de abril. Antes disso, o atual presidente pontuava entre os 20 e 30 pontos desde junho de 2021, mesma época em que Lula despontou para acima dos 40 pontos e, desde então, lá se manteve.
A última Ipespe confirma o mesmo cenário: Bolsonaro se manteve nos 31%, como no último levantamento realizado pelo instituto, e Lula perde 1 ponto percentual, indo a 44%.
A pergunta que fica é: será possível para Bolsonaro conquistar os 10% do eleitorado que lhe faltam para parar de comer a poeira de seu rival?
Moro fora
Tanto para Marcelo Coutinho, professor da FGV e ex-CEO do IBOPE Inteligência, quanto para a economista e sócia-diretora do Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, o motivo pelo qual Bolsonaro obteve um pequeno folego nos números do último mês é o mesmo: a saída do ex-juiz e ex-ministro da justiça Sergio Moro (União Brasil) da corrida eleitoral.
Moro protagonizou, em abril, uma sequência de manobras políticas erráticas e que lhe custaram a chance de disputar o Palácio do Planalto.
No início do mês, ao sair do Podemos e se filiar ao União Brasil, de Luciano Bivar, o ex-juiz deu declarações imprecisas sobre seu futuro na corrida presidencial. Após criar expectativas de que deixaria o pleito, acabou alegando à imprensa que seu nome estaria à disposição.
Entretanto, dirigentes do próprio União Brasil foram rápidos em ofuscar tais planos: no dia 14, o partido lançou a pré-candidatura de Bivar à presidência.
O União Brasil declarou na última quinta-feira (5) que lançará uma “chapa pura” à presidência, com dois nomes de dentro da legenda. Questionada, na ocasião, a assessoria de Bivar respondeu haver “nada definido ainda” sobre nomes específicos.
“Fica mais ou menos óbvio que, em nenhum momento, os votos que eram do Moro eram votos que iriam para o Lula”, afirma Coutinho, da FGV.
“[A saída de Moro] É a primeira explicação”, diz Ribeiro, da Tendências, sobre o mesmo fenômeno.
Resta a economia
A segunda explicação, também citada por ambos os analistas, é a economia. Com a aprovação de projetos como o novo piso de R$ 400 do Auxílio Brasil, Bolsonaro conseguiu virar o voto de parte do eleitorado de mais baixa renda, tradicionalmente fiel a Lula.
Coutinho acredita que só as mudanças no campo político, como a saída de Moro, “não são suficientes para uma virada no segundo turno”.
“Ele terá que buscar votos em outros locais, e lá esbarrará em sua rejeição, que é um número tão importante quanto a intenção de votos. A faixa de Bolsonaro vai responder à situação da economia”, disse.
“Poder da caneta”
Ribeiro também enxerga esforços por parte do presidente para aumentar sua popularidade.
“A antecipação do saque do FGTS, do décimo terceiro, programas de crédito para micro e pequenas empresas e a própria redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), todas essas medidas vêm nesse bojo de tentar aumentar a popularidade”, disse.
Entretanto, segundo a sócia da Tendências, os passos do atual presidente são assistidos de perto por outra instituição igualmente importante na definição do pleito– o mercado.
Para Ribeiro, “riscos institucionais” proporcionados por Bolsonaro fazem com que Lula ainda desfrute de certo “benefício da dúvida” por parte dos agentes.
Um desses riscos, por exemplo, é a própria falta de comprometimento do governo com a saúde das contas públicas.
“Já entendemos que o governo está pouco comprometido com aumento das despesas públicas, não comprometido com as finanças públicas e contenção de gastos, pelo contrário”, explicou.
“Talvez, com algo mais agressivo, a má economia possa ser compensada, e as coisas se equilibrariam pouco acima dos 30%. Mas, o uso agressivo da caneta é sempre um risco”.
A Tendências trabalha com um viés de mudança de governo, com probabilidade de 60% para vitória de Lula — números que ainda consideram Bolsonaro “no jogo”.
Arthur Lira está confiante
O presidente da Câmara dos Deputados e aliado do governo Arthur Lira disse, na quinta-feira (5) em entrevista ao jornal Valor Econômico, que acredita que Bolsonaro ultrapassará Lula nas pesquisas até junho.
“Entendo que o Brasil ainda é majoritariamente de centro-direita hoje e o Congresso será majoritariamente de centro-direita. E esse Brasil de centro-direita não quer ver o retorno de algumas condições que o candidato Lula representa. É uma expectativa que, pelas últimas pesquisas, ele passe no final de maio ou junho”, afirmou.
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