Eleições 2018

Teste de Fidelidade: Qual candidato mais pode perder votos?

21 set 2018, 15:05 - atualizado em 21 set 2018, 15:05
Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A intenção de voto nem sempre significa certeza de voto, e, de acordo com a pesquisa XP/Ipespe divulgada hoje (21), essas variáveis se mostram bem acentuadas neste momento das eleições.

Além do “com certeza”, há também o “talvez”. Para conquistar votos, é preciso pensar em quem ainda não sabe, ao certo, em quem votar. Neste caso, Álvaro Dias, do Podemos, é o candidato que mais tem a perder com a incerteza de seus eleitores: 60% trocariam o voto dele por um voto útil.

Embora a situação de Álvaro seja preocupante, o fato do candidato não figurar tão bem nas pesquisas relativiza as coisas. Já no caso de Ciro Gomes e Marina Silva, as coisas são mais delicadas: 54% dos eleitores de Ciro votariam em outro candidato se esse voto se provasse mais útil para impedir alguma ascensão indesejada; já Marina conta com um “eleitorado infiel” de 52%. Geraldo Alckmin, que dificilmente chega aos 10% de intenção de votos, tem 42% de seu eleitorado cogitando trocá-lo por outro.

No total, 37% dos eleitores cogitam a ideia do voto útil.

Mudanças de voto

Os analistas da MCM Consultores divulgaram uma análise, com base na pesquisa Datafolha, que fala sobre a questão das mudanças de voto.

“As pesquisas divulgadas nesta semana deixam pouco espaço à dúvida. A eleição caminha para um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad“, diz o relatório.

De acordo com a MCM, as hipóteses de Ciro ou Alckmin no segundo turno são ainda mais improváveis do que a de uma possível vitória de Bolsonaro no primeiro turno.

“O ex-capitão teria que chegar ao redor de 40% e alguns quebrados, desafio muito complicado, tendo em vista a fragmentação de candidaturas e sua elevada rejeição. ”

A análise relata que o mais previsível é que a dinâmica do segundo turno rime com a dinâmica que já vem sendo mostrada: Bolsonaro e Haddad avancem nas pesquisas esvaziando o contingente de eleitores que ainda não têm candidato e roubando votos dos demais presidenciáveis.

Segundo o Datafolha, 17% (12% branco/nulo/nenhum e 5% não sei) dos eleitores ainda não conseguem escolher um candidato na pesquisa estimulada. São 41% na espontânea. Em 2014, esses percentuais eram de 13% (estimulada) e 32% (espontânea) em 2014 a mais ou menos 20 dias do primeiro turno.

A tabela abaixo mostra a segmentação do “não voto” da pesquisa estimulada e espontânea.

(Datafolha)

A MCM avalia que os eleitores indefinidos, tanto na pesquisa estimulada quanto na espontânea, se concentram
especialmente em três grupos: mulheres, baixa renda (até 2 salários mínimos) e escolaridade fundamental. “São grupos nos quais Bolsonaro encontra mais dificuldade para atrair eleitores. ”

Segundo a consultoria, Ciro é quem apresenta mais capacidade de roubar votos dos demais presidenciáveis. Ele poderia subir 4,3 pontos com a eventual transferência de votos. “Isso que reforça a ideia de que, se houver alguma surpresa em relação aos classificados para o segundo turno, Ciro tem mais chance de ser a novidade. ” Alckmin vem a seguir com 3,8 pontos; depois Marina, com 3,7 pontos; e, por fim, Bolsonaro, com 2,5 pontos.

O gráfico abaixo mostra a porcentagem de eleitores que admitem que poderiam mudar suas intenções de voto.

(Datafolha)

Por fim, a MCM fez uma tabela que ilustra quem é a segunda opção de cada candidato.

(MCM Consultores)

Funciona assim: dos eleitores de Bolsonaro que admitem que poderiam votar em outro candidato, 9% votariam em Haddad; 16% votariam em Ciro; 21% votariam em Alckmin e 13% votariam em Marina.

Como se pode ver, a relação de transferência de votos entre Ciro e Haddad é maior que dos outros candidatos entre eles. Ainda assim, como o segundo turno tem apenas dois candidatos, a melhor visualização desses dados seria através da ótica de quem pode transferir mais votos para Haddad ou Bolsonaro.

Voto útil nas redes sociais

A FGV-DAPP levantou dados em torno da discussão do voto útil, que é quando um eleitor vota para impedir que outro candidato ganhe, e não por concordar com a ideologia daquele que obtém seu voto.  Segundo o instituto, o debate amplificou uma discussão que já ganhava espaço nas redes sociais, visto que há uma discussão sobre qual candidato deve enfrentar Bolsonaro no segundo turno.

O mapa de interações da FGV reúne cerca de 2,5 milhões de retuítes coletados entre sexta (14) e segunda (17), mostrando sete grupos distintos.

(FGV-DAPP)

O maior grupo em número de perfis (39,6%) e terceiro maior em interações (13,2%) é o rosa, definido por tuítes de o críticas a Bolsonaro e a seus seguidores e que discutem quem teria mais chances de vencê-lo: Ciro ou Haddad. Em pauta nas publicações estão a cobrança do posicionamento de artistas como Anitta, além da invasão da página “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”.

O grupo azul, que manifesta apoio a Bolsonaro, é o segundo em número de perfis (21,2%), mas é o que gera mais retuítes: 49,4%. Nesse grupo, Bolsonaro é o principal influenciador, com destaque para publicações de sua conta oficial ao falar de recuperação, criticar o PT e afirmar que não há divisão interna na campanha.

Com postagens em apoio ao candidato petista, o grupo vermelho (15,7% dos perfis e 22,2% das interações) traz como influenciadores Haddad, Manuela D’Ávila, Lula e Lindbergh Farias. A entrevista de Haddad ao Jornal Nacional é o tema mais recorrente nas principais publicações. Há também questionamentos a respeito das investigações dos casos do assassinato de Marielle Franco e do atentado contra Jair Bolsonaro.

O grupo laranja (5,7% dos perfis e 2,7% das interações) é formado principalmente por João Amoêdo e Danilo Gentili. O candidato do Novo aparece principalmente em razão de publicações em que critica os partidos de esquerda, o voto útil e os “privilégios” dos políticos. Já o humorista teve grande repercussão devido aos tuítes em que critica e ironiza feministas, questionando por que não votam em Marina Silva e sugerindo que elas decidiram o voto por “obediência” a Lula. A polêmica envolvendo o apresentador aparece também nos grupos anteriores, ora em menções de apoio (azul), ora em críticas (rosa e vermelho).

O grupo rosa escuro — 5,5% dos perfis e 4,2% das interações — destaca o envolvimento de personalidades de fora da política no debate eleitoral. A principal influenciadora é a atriz Deborah Secco, que afirmou em seu Twitter que a hashtag #elenão, contrária a Bolsonaro, não é somente política, mas “moral”.

O grupo roxo (4,1% dos usuários e 4,2% dos retuítes) reúne perfis que dão apoio a Ciro Gomes. Entre as publicações com maior repercussão destacam-se as que ressaltam que, para derrotar Bolsonaro, a melhor alternativa seria Ciro, já que Haddad sofreria com o “antipetismo” no segundo turno.

Já o grupo verde (3,1% dos perfis e 3,1% de interações), que conta com Marina Silva como influência, classifica o ataque à página contrária a Bolsonaro no Facebook como um “ato autoritário e inaceitável”, além de criticar as declarações do general Mourão sobre a criação de filhos em lares em que não há figura masculina. Geraldo Alckmin também aparece no grupo ao afirmar que é a melhor opção de voto para os eleitores que querem evitar um governo do PT.

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