Opinião

Chegou a hora de investir no Brasil, o País do futuro? Veja 7 motivos convincentes

03 out 2019, 7:07 - atualizado em 05 out 2019, 3:13
A hora de investir no País do futuro chegou, aponta colunista (Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil)

Por Daniel Shevach/Investing.com

Ao longo das últimas décadas, gerações de brasileiros cresceram ouvindo o vaticínio de Stephen Zweig de que “o Brasil é o país do futuro”, mas esse “futuro” nunca chegava.

O Brasil é um país em desenvolvimento que está sujeito aos mesmos vícios dos seus vizinhos sul-americanos: corrupção, falta de liberdade econômica, instituições fracas e legislação que não para de mudar, tudo sob o pulso firme de um estado interventor nos moldes keynesianos.

No espectro político brasileiro, não importava se o governante era de direita ou de esquerda, a palavra de ordem era gastar. A última recessão se deveu em grande parte ao modelo de crescimento baseado no endividamento, que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2015. Isso permitiu a emergência e a popularização do pensamento liberal clássico nos debates públicos, que acabou influenciando diretamente a eleição do presidente Jair Bolsonaro.

Assim nascia uma improvável aliança entre um grupo militar e liberais clássicos, na forma de um casamento político entre o presidente e seu Ministro da Economia, Paulo Guedes. Defensor do livre mercado, ex-banqueiro e Ph.D. pela Escola de Economia de Chicago, Guedes afirmou que seu objetivo era ser o grande reformador da economia brasileira, o “Chicago boy” do país.

A seguir, elencamos quatro razões macroeconômicas que explicam por que o momento do Brasil pode estar chegando

1. Privatização de empresas estatais

Antes mesmo de assumir o cargo de Presidente da República, Jair Bolsonaro fazia campanha defendendo a privatização de empresas estatais. Guedes já anunciou seu plano de desestatização de R$ 80 bilhões que, segundo ele, está avançando pela “via expressa”. O plano está sendo encabeçado pela BR Distribuidora (BRDT3).

O governo também anunciou sua intenção de privatizar 17 empresas do governo, entre elas os Correios, na área de serviços postais, e a Eletrobras (ELET3), no setor de energia. A única limitação é que a privatização depende da aprovação do Congresso.

2. Empresas brasileiras estão refinanciando suas dívidas

Fluxo cambial estrangeiro
Fluxo cambial estrangeiro

Ao longo deste ano, observou-se uma tendência negativa no fluxo cambial estrangeiro do Brasil, o que geralmente é interpretado como um sinal de que os investidores internacionais estão pessimistas com o país. Neste ano fiscal, a B3 (B3SA3) registrou uma retirada recorde de fundos desses investidores estrangeiros, mas, por outro lado, contou com depósitos recordes em IPOs (aberturas de capital), fazendo com que o saldo ficasse positivo em R$ 1,72 bilhão.

Observando mais de perto, é possível notar que esse movimento foi em grande parte motivado pelo fato de que as empresas brasileiras estão refinanciando suas dívidas com taxas de juros menores. Com a emergência da era dos juros negativos na Europa, surgiu uma oportunidade única, nas palavras do diretor de política monetária do Banco Central do Brasil, que chegou mesmo a afirmar que a recente crise na Argentina não tinha qualquer influência na depreciação do Real brasileiro.

3. Ibovespa está com um desconto de mais de 40%

Ibovespa diário 2018-2019

À primeira vista, o fato de o Ibovespa estar acima dos 100.000 pontos poderia levar a crer que o pico anterior à crise de 2008 ficou para trás e que o mercado brasileiro está prosperando. Mas é aí que está a questão, porque, ao analisar o gráfico em dólares é possível perceber que seus preços estão com um desconto de 43% em comparação com a máxima de 2008, como mostramos abaixo.

Ibovespa segue descontada em dólar

4. Reforma Previdenciária e Tributária

O governo brasileiro queria desarmar a bomba-relógio do sistema previdenciário e, por isso, apresentou um plano de reforma que elevou a idade de aposentadoria, retirou benefícios de alguns segmentos e propôs a criação de um sistema de capitalização como o existente no Chile. O objetivo é economizar até R$ 900 bilhões ao longo de uma década.

Apesar de ser alvo de protestos e mudanças, o plano principal foi aprovado pelo Congresso, e a expectativa é que seja aprovado pelo Senado no fim desta semana. O governo afirmou que a reforma da Previdência seria a “reforma das reformas”. No ano que vem, o governo também espera aprovar um plano de reforma tributária, cujo teor ainda será divulgado pelo Planalto.

Elencamos a seguir três razões que explicam por que o momento talvez não seja agora:

1. Desemprego ainda está perto da máxima histórica

O mercado de trabalho ainda é um desafio para os brasileiros. A força de trabalho do país ainda não se recuperou do desastre econômico de 2015, de forma que cerca de 11,8% da população ativa encontra-se desempregada. A perspectiva de curto prazo ainda é de desemprego elevado nos próximos anos.

Taxa de desemprego segue elevada

2. Elevada capacidade ociosa

De acordo com um relatório da indústria automotiva, cerca de 40% da capacidade do setor não está sendo utilizada, o que também pode ser visto em outros segmentos da economia. O setor de construção, por exemplo, está em segundo lugar, com uma capacidade ociosa de 31%.

3. Consumo e endividamento das famílias

Números recentes indicam que o consumo das famílias, apesar de estar positivo e acima das expectativas, ainda se encontra em níveis historicamente baixos. A razão se deve em grande medida ao alto nível de endividamento que atingiu 64% dos lares, sendo que cerca de 10% deles não consegue honrar seus débitos.

Conclusão

Investir no Brasil é arriscado, já que o país atualmente não possui qualquer grau de investimento. Levando isso em consideração, bem como o fato de que os ativos brasileiros ainda estão desvalorizados e seu governo está disposto a realizar a tão necessária reforma econômica, é possível vislumbrar uma oportunidade de investimento.

A visão de Zweig parece estar se tornando palpável.

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