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Saiba mais sobre Taproot, futura atualização de privacidade do Bitcoin

21 jan 2020, 12:11 - atualizado em 21 jan 2020, 12:12
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Taproot é uma atualização de protocolo à rede Bitcoin que irá fornecer mais anonimidade, praticidade e segurança ao transmitir transações de pagamento ao blockchain (Imagem: Money Times)

Taproot foi criado para aumentar a fungibilidade do Bitcoin, melhorar a funcionalidade dos contratos inteligentes e aprimorar privacidade ao fazer com que todas as transações fiquem parecidas aos observadores externos do blockchain.

Há mais de dois anos atrás, após a ativação da “testemunha segregada”, SegWit (que fornece proteção da maleabilidade de transações e aumentar a capacidade do bloco), em agosto de 2017, Bitcoin está se preparando para sua próxima grande atualização.

Taproot, apresentada em 2018 por Greg Maxwell, está sendo revisada por desenvolvedores e, em breve, pode ser aplicada na rede.

Esse anúncio aconteceu em uma apresentação de Pieter Wuille no dia 17 de dezembro de 2019. Ele afirmou que os desenvolvedores já estavam quase finalizando o feedback e a proposta estava “quase pronta”.

Quando implementada, a atualização promete aumentar a fungibilidade do bitcoin, melhorar a funcionalidade dos contratos inteligentes e aprimorar privacidade ao tornar as transações parecidas para observadores externos do blockchain.

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Assinaturas de Schnorr são uma possível solução por envolverem o agrupamento dos dados transacionais (Imagem: Pixabay/Pixaline)

Assinaturas de Schnorr

O impulso principal da atualização é a implementação de um novo tipo de assinatura criptografada: assinaturas de Schnorr. Espera-se que tragam vários benefícios à rede, principalmente para os que usam transações complexas de contratos inteligentes.

Atualmente, o Algoritmo de Assinatura Digital de Curvas Elípticas (ECDSA, na sigla em inglês) é usado para assinar transações no blockchain do Bitcoin.

Geralmente, pesam 72 bytes, enquanto as assinaturas de Schnorr não passam de 64 bytes — uma redução de tamanho de 12%.

Na época da criação do Bitcoin, assinaturas de Schnorr não estavam disponíveis em bibliotecas de criptoativos comuns e permaneceram protegidas por uma patente dos EUA até pouco tempo antes de o whitepaper do Bitcoin ser publicado.

Caso estivessem disponíveis na época, dizem que Satoshi teria optado por assinaturas de Schnorr — não apenas por conta de seu tamanho reduzido.

Assinaturas de Schnorr permitem o agrupamento de assinaturas por meio da Taproot, que combina várias chaves privadas em uma única “chave mestra privada” que pode assinar transações.

Conforme explicou Steve Lee, da Bitcoin OpTech, em uma apresentação em junho do ano passado, esse agrupamento cria taxas de transação reduzidas, diminuindo os custos operacionais dos nós e criando maior escalabilidade.

Isso torna Taproot útil a plataforma que usam contratos inteligentes sofisticados, como corretoras que dependem de carteiras MultiSig (de assinaturas múltiplas).

Em vez de usar um design de carteira MultiSig 2 por 3, que apresenta uma chave quente, uma chave confiável de um terceiro e uma chave de backup de emergência de uma carteira fria, em que participantes precisariam transmitir todas as três chaves para gastar suas moedas, Taproot reúne essas chaves em uma única assinatura de Schnorr, reduzindo, potencialmente, taxas de rede para corretoras em até 30%, de acordo com Lee.

Jimmy Song, educador de Bitcoin, contou ao The Block que isso seria um benefício útil para a segurança: “não haverá mais penalidades em questão a taxas para MultiSig e isso faria com que a indústria fizesse uso de melhores práticas”.

Com um fardo a menos na rede, carteiras de contratos inteligentes MultiSig seriam mais baratas de se operar e scripts mais sofisticados de contratos inteligentes seriam possíveis.

Melhoria na privacidade minimiza as impressões digitais deixadas em qualquer transação única e torna a rede de pagamentos mais opaca e menos vulnerável à censura (Imagem: Money Times)

Um passo em direção da privacidade

Para usuários diários de Bitcoin preocupados com resistência à censura, Taproot representa um passo importante para a privacidade.

Embora a atualização não seja especificamente para privacidade, vai melhorar a fungibilidade do Bitcoin — a propriedade essencial do dinheiro em que cada unidade individual é indistinguível de qualquer outra.

Com a Taproot, todos os pagamentos vão parecer os mesmos e nenhuma distinção poderá ser feita de um pagamento enviado para um endereço público ou para um endereço de contrato inteligente, como um canal na Lightning Network.

Isso minimiza as impressões digitais deixadas em qualquer transação única e torna a rede de pagamentos mais opaca e menos vulnerável à censura.

“Todos os gastos parecem idênticos e a maioria são indistinguíveis, então essa é uma grande melhoria para a fungibilidade”, afirmou Lee. “Pagamentos de contratos inteligentes, pagamentos na Lightning e pagamentos de contratos inteligentes sofisticados de assinaturas múltiplas vão ser parecidos.”

Além disso, empresas de pesquisa em blockchain não vão mais conseguir ver quantas partes estavam envolvidas em cada transação ou detectar se foi apenas um pagamento simples ou uma operação complexa de contrato inteligente.

Isso poderia fornecer maior cobertura para aqueles que usam serviços de “mixing” (em que várias criptomoedas são misturadas para tornar anônimo o rastro da fonte original da transação) como a CoinJoin, e tornar mais difícil para os detetives de blockchain fazerem chutes mais certeiros sobre a lógica por trás de cada transação.

Quando a Taproot for lançada, é provável que atualizações de protocolo adicionais ocorram. Graftroot, cujas assinaturas permitem a funcionalidade MultiSig, também está sendo desenvolvida.

Além dessas duas atualizações, também espera-se pela “Great Consensus Clean-Up” (a grande varredura ou grande limpeza de consenso, em tradução literal), que promete corrigir vulnerabilidades da rede.