BusinessTimes

Riscos em Barão de Cocais causam bloqueio de mais R$ 2,95 bi da Vale

26 mar 2019, 7:56 - atualizado em 26 mar 2019, 9:02
A mineradora informou que teve R$ 2,95 bilhões bloqueados em sua conta (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A Vale informou ter tomado conhecimento que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou o bloqueio de mais R$ 2,95 bilhões de suas contas.

Entrevista com Apex Capital: fundamentalista, verdadeira e transparente

O dinheiro deverá para assegurar o ressarcimento de eventuais prejuízos causados às pessoas afetadas nas evacuações já realizadas e naquelas que venham a ocorrer diante dos riscos de rompimento da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais (MG). Na cidade, mais de 400 pessoas já foram retiradas de casa.

Garanta um método eficaz para gerar renda adicional periodicamente…

A decisão atendeu pedido formulado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)no último sábado (23), um dia após a mineradora seguir a orientação da Agência Nacional de Mineração (ANM) para elevar de 2 para 3 o nível de segurança da barragem Sul Superior.

Na ocasião, a Vale informou que a medida foi adotada preventivamente após um auditor independente informar que a estrutura apresentava “condição crítica de estabilidade”.

O nível 3 significa risco iminente de ruptura. A mudança fez com que as sirenes soassem no município pela segunda vez este ano.

Em 8 de fevereiro, elas já haviam sido acionadas quando o nível de segurança subiu de 1 para 2, exigindo que centenas de pessoas deixassem suas casas localizadas na zona de autossalvamento, isto é, em toda a área abaixo da barragem que seria alagada em menos de 30 minutos ou que está situada a uma distância de menos de 10 quilômetros.

Em razão da evacuação, foi determinado bloqueio de R$ 50 milhões nas contas da Vale.

Como a nova decisão, a situação em Barão de Cocais impede a mineradora de movimentar R$ 3 bilhões. De acordo com o TJMG, a ampliação do montante foi decidido pela juíza Renata Nascimento Borges, e levou em conta a nova elevação do nível de segurança.

Barragem da Mina de Gongo Seco em Barão dos Cocais, da Vale – Imagem Google Maps

Diante de determinação, a Vale afirmou que tomará as medidas cabíveis. A magistrada também suspendeu, através de uma portaria, o expediente da Justiça mineira em Barão de Cocais até a próxima quarta-feira (27). Ela considerou a possibilidade de que o edifício do fórum seja afetado em caso de ruptura da barragem Sul Superior.

Desde a tragédia de Brumadinho (MG), em 25 de janeiro, quando se rompeu uma barragem da Vale na Mina do Feijão, a Vale tem reavaliado suas estruturas e acionado o nível 2 em algumas delas, levando a evacuações em variados municípios mineiros, onde quase mil pessoas estão foram de suas casas. No entanto, essa é a primeira vez, desde a tragédia, que uma barragem atinge o nível 3.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Auditorias

Uma outra decisão obtida pelo Ministério Público de Minas Gerais levou ao bloqueio de mais R$ 120 milhões. Os recursos deverão assegurar o custeio de auditorias técnicas independentes que deverão avaliar 12 estruturas da Vale.

Em petição apresentada ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o Ministério Público acusava a mineradora de descumprir ordens judiciais que a obrigava a contratar auditorias.

Para assegurar as contratações, foi pedido o bloqueio de R$ 120 milhões. O valor foi calculado considerando R$ 10 milhões por cada estrutura.

Ao todo, a Vale está agora impedida de movimentar mais de R$ 16 bilhões, considerando todas as decisões tomadas pelo Poder Judiciário após a tragédia de Brumadinho, que ainda estão em vigência.

Credit Suisse: confiança do consumidor no Brasil é a mais alta dos emergentes