Reforma da Previdência só em outubro, prevê BNP Paribas
A aprovação da Reforma da Previdência é a chave para acelerar a recuperação econômica. Esta é a avaliação do economista-chefe do BNP Paribas para a América Latina, José Carlos Faria, durante apresentação a jornalistas, nesta terça-feira (12), do cenário-base da instituição para as economias brasileira e global em 2019. “Parte do nosso cenário prevê a aprovação da reforma em outubro no Congresso”, disse.
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Faria elogia a proposta apresentada pelo governo, especialmente a economia de R$ 1,1 trilhão em 10 anos, essencial para permanecer a taxa de juros baixa. A reforma deve sofrer, entretanto, modificações na tramitação no Congresso, por isso o economista projeta uma economia de R$ 500 bilhões a R$ 600 bilhões em 10 anos O valor deve propiciar queda dos juros longos, mas é insuficiente para reequilibrar totalmente as contas públicas. Mesmo assim, essa economia deixa um certo alívio para que o governo possa atuar em outras áreas por diminuir as despesas da rubrica que corresponde a metade dos gastos públicos atualmente.
Outro fator que deve contribuir para a retomada mais forte do PIB brasileiro é a desaceleração das principais economias do mundo. Embora impeça de o Brasil elevar as exportações, a queda da taxa de crescimento de EUA, Europa e China condiciona o Fed e o Banco Central Europeu (BCE) a interromper a normalização da política monetária, com a manutenção da taxa de juros nos EUA e na Zona do Euro, assim favorecendo o ingresso de capital estrangeiro em países emergentes como o Brasil.
Como será 2019
O BNP Paribas reduziu a projeção de crescimento para a economia brasileira neste ano, devido aos indicadores de atividade frustrantes do 4º trimestre de 2018 e do início de 2019. “Diminuímos a alta do PIB de 3% para 2% neste ano, após uma alta de 1,1% no ano passado”, afirma o economista. O desemprego ainda elevado, a alta capacidade ociosa e a defasagem da alta dos juros longos durante o período eleitoral não permitem a um maior dinamismo da economia brasileira. O consumo deve ser o carro-chefe da expansão, com a diminuição das dívidas que permite melhores condições financeiras às famílias, apesar do desemprego alto.
Em relação à inflação, o BNP Paribas prevê alta de 3,5%, com baixa pressão de escalada dos preços por causa do baixo crescimento. Por isso, o cenário-base da instituição não prevê aumento da Selic pelo Banco Central neste ano, postergando uma nova alta apenas para maio de 2020. Além disso, o corte da Selic não está no cenário-base, mas caso aconteça, será condicionado à aprovação da reforma da Previdência ou a uma maior deterioração dos indicadores de atividade.
Já o câmbio deve terminar o ano em R$ 3,25. A valorização será influenciada pelo fluxo de capital externo propiciado pela manutenção da taxa de juros nos principais Bancos Centrais, além da desvalorização do dólar em relação a outras moedas devido à desaceleração da economia americana. Também contribui para o Real mais valorizado a aprovação da Reforma da Previdência e as contas externas confortáveis.