Economia

Recuperação econômica do Brasil é a pior desde 1990, diz BofA

13 set 2019, 9:02 - atualizado em 13 set 2019, 20:46
Enquanto no início do ano os economistas projetavam PIB de 2,5% em 2019, agora as estimativas não chegam a 1% (Imagem: Pixabay)

A recuperação da economia brasileira é a mais lenta desde a década de 1990, a despeito da agenda microeconômica positiva do governo federal e da iminente aprovação final reforma da Previdência, avalia o Bank of America Merrill Lynch em um relatório enviado a clientes e obtido pelo Money Times.

Na comparação com outros períodos de retomada, a partir de 1997, 2002 e 2008, o banco evidencia a lentidão da economia brasileira.

Recuperação mais lenta desde os anos 1990 (índice PIB) 

Fonte: Índice PIB – IBGE/Haver Analytics

Impacto real

“O governo está focado na agenda microeconômica para permitir aceleração do crescimento a frente”, avaliam os economistas David Beker, Ana Madeira, David Hauner e Claudio Irygoyen. “A aprovação da reforma da Previdência na Câmara aprimorou os prognósticos para a dinâmica fiscal e o crescimento”, completam.

Por outro lado, o impacto real na economia ainda permanece incerto. “A agenda é claramente positiva mas o desafio é que o crescimento permanece fraco e o efeito destas medidas é difícil de monitorar e estimar”, afirma o Bank of America Merrill Lynch.

Apesar da dificuldade, os economistas ressaltam as seguintes medidas dentro da agenda do Palácio do Planalto: MP da Liberdade Econômica, modernização das leis trabalhistas, maior retirada dos recursos do FGTS e a redução da burocracia.

Liberação dos saques do FGTS pode injetar um ânimo de curto prazo na economia (Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Incertezas e investimentos

A reforma tributária deverá estimular o crescimento econômico no médio prazo pela melhora na produtividade na eficiência, argumenta o relatório.

“No entanto, pode postergar decisões de investimento no curto prazo dadas as incertezas que a mudança no sistema de tributação pode gerar”, aponta o Bank of America Merrill Lynch.

“Em suma, as reformas estruturais em voga no Brasil e são positivas, mas o impacto no nível de produto somente será visto no médio e longo prazos”, avaliam os analistas.

Indústra
O investimento do setor privado e o consumo devem ser as alavancas para no curto prazo, mas não há estímulos suficientes, diz o banco

Reforma precificada

A avaliação de 2019 e os prognósticos para a recuperação permanecem, para o Bank of America Merrill Lynch, extremamente nebulosos.

“As surpresas negativas no início do ano levou o Boletim Focus a cortar as projeções para o PIB de acima de 2,5% para menos de 1%. O progresso dentro da reforma da Previdência foi positivo e amorteceu as condições externas desafiadoras, mas já foi precificado pelo mercado”, dizem os analistas.

Sem novidades

Como remédio, “o investimento do setor privado e o consumo devem ser as alavancas para no curto prazo o País voltar a crescer, mas são necessários novos estímulos positivos para ganhar momentum”.

Por fim, o ceticismo reina. “Enquanto isso, motivos positivos para o otimismo ainda faltam. Não existe praticamente espaço para estímulos fiscais dado o orçamento público rígido e apertado”, conclui o banco.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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