Meio Ambiente

Polícia do Pará indicia brigadistas de Alter do Chão por incêndio na Amazônia

20 dez 2019, 20:52 - atualizado em 20 dez 2019, 20:52
Queimadas Amazônia
A polícia alega que os brigadistas tinham “informações e imagens privilegiadas dos focos de incêndio” que despertaram suspeita (Imagem: REUTERS/Lucas Landau)

A Polícia Civil do Pará indiciou brigadistas de Alter do Chão sob acusação de terem incendiado a floresta amazônica em uma área de proteção ambiental, na região de Santarém.

Cabe agora ao Ministério Público do Estado decidir se oferece denúncia, arquiva o inquérito ou se pede novas diligências.

“A Polícia Civil esclarece que o indiciamento se deu, pela prática em tese dos crimes de dano à Àrea de Proteção Ambiental e associação criminosa”, disse a Polícia Civil em nota.

“Todas as provas testemunhais, técnicas e perícias indispensáveis para caracterização do indícios de autoria e materialidade foram devidamente anexadas ao inquérito policial. Portanto a Polícia Civil encerrou os trabalhos relacionados à investigação em questão.”

No mês passado, quatro brigadistas de uma organização não-governamental que atua no combate a incêndios em Alter do Chão foram presos acusados de provocarem incêndios para conseguirem doações para sua organização.

Presidente Jair Bolsonaro
Após as prisões, o presidente Jair Bolsonaro lembrou que já havia ligado a alta das queimadas na Amazônia à atuação de ONGs (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

A polícia alega que os brigadistas tinham “informações e imagens privilegiadas dos focos de incêndio” que despertaram suspeita.

Nesta sexta, uma quinta pessoa foi indiciada, mas a Polícia Civil não deu os nomes dos indiciados.

Após as prisões, o presidente Jair Bolsonaro lembrou que já havia ligado a alta das queimadas na Amazônia à atuação de ONGs.

Os brigadistas foram depois soltos por determinação da Justiça para aguardarem a conclusão do inquérito em liberdade.

O episódio gerou reação internacional e de ambientalistas.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), chegou a trocar o delegado responsável pelo inquérito.

Procurado pela Reuters, o advogado Fernando da Nóbrega Cunha, que representa os brigadistas, disse que foi informado do indiciamento pela imprensa, que não teve acesso ao inquérito –apesar de ter se colocado como representantes dos brigadistas nos autos– e que não consta que testemunhas indicadas pela defesa tenham sido ouvidas e nem que uma perícia técnica tenha sido feita para atestar que o incêndio teve origem criminosa.

“O sentimento é de surpresa e de profunda injustiça”, disse o advogado, que classificou a investigação de “direcionada” e “tendenciosa”.

“Me parece que a investigação foi concluída sem que fossem feitas diligências básicas”, acrescentou o advogado, dizendo ainda que, se essas diligências forem feitas, ficará comprovada a inocência dos brigadistas.

A defesa pediu à Justiça que o inquérito seja devolvido para o delegado para que as diligências sejam realizadas.

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