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O universo competitivo das exchanges: taxas de trading continuam em queda

29 out 2019, 11:09 - atualizado em 30 maio 2020, 12:12
Com o crescimento do ecossistema de exchanges, elas estão competindo por menores volumes de trading (Imagem: Pixabay)

Agora, com mais de 120 exchanges competindo por traders, exchanges de cripto estão oferecendo menores taxas na tentativa de atrair novos usuários.

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O ecossistema crescente de exchanges

O mercado de cripto de capitais em ascensão trouxe uma onda de novos empreendedores à indústria, que lançaram exchanges para entrar nesse mercado em desenvolvimento.

Muitas das principais exchanges foram lançadas nos últimos três anos, incluindo Binance, BitForex e DigiFinex.

No entanto, volumes de trading em cripto não têm o mesmo progresso. Durante o “inverno cripto” em 2018, os volumes tiveram uma grande queda em comparação às suas altas de 2017.

Demorou até o segundo trimestre de 2019 (quando o “inverno cripto” começou a derreter) para que os volumes de trading se recuperassem e ultrapassassem suas altas de 2017.

Enquanto o volume aumentou significativamente em 2019 em comparação a 2017, agora existem três vezes mais exchanges do que antes.

Exchanges já existentes competem por uma fatia dos ativos negociados todos os dias, que totalizam cerca de US$ 50 bilhões (Imagem: Pixabay)

Além disso, o gradativo mercado de balcão de cripto está colocando pressão nas exchanges. Enquanto não há muitos dados de como o trading em cripto é feito na balcão, sugere-se que talvez existam três vezes mais volume do que vemos nas exchanges.

Moedas virtuais (VCs), fundos de cripto e investidores institucionais geralmente preferem fazer o trade em balcão, o que significa que as exchanges não estão tirando tanta vantagem da institucionalização do bitcoin como gostariam.

A primeira redução é a mais barata

Algumas exchanges já começaram a reduzir taxas: temporariamente, para atrair novos usuários, ou permanentemente, para estabelecer um novo padrão. Algumas plataformas de trading até reduziram completamente as taxas de trading.

A maioria das exchanges de cripto costumava cobrar 0,25% por trade. Hoje, grande parte das principais exchanges — incluindo a Binance, Kucoin e Liquid — cobra apenas 0,1% dos tomadores de preço enquanto outras, como Bitfinex, Huobi e IDAX, cobram 0,2% por trade.

Kucoin é uma das principais exchanges a oferecer baixíssimas taxas de trade (Imagem: Facebook/KuCoin)

No entanto, algumas exchanges abaixaram ainda mais suas taxas para atrair mais usuários às suas plataformas.

Em agosto, a HitBTC, de Hong Kong, anunciou que abaixou suas taxas para oferecer “as menores do mercado”.

A nova tabela começa em 0,07% para tomadores de preço a traders com um volume de trade menor do que 500 bitcoins em um período de 30 dias, e diminui para 0,02% para traders que fazem trade de mais de 100 mil bitcoins por mês.

Produtores de preço, que fazem trade de mais de 50 mil bitcoins em um mês, até recebem um desconto de 0,01% nos trades.

Seed CX é uma das exchanges que apostam em cobrar baixas taxas de acordo com o tipo de investidor (Imagem: Seed CX)

A exchange Seed CX, de Chicago, anunciou em setembro que abaixou suas taxas após várias semanas de altos volumes de trading. São cobrados apenas cinco pontos-base dos tomadores de preço e é dado um ponto-base de desconto aos produtores de preço.

Poloniex, recém-saída da Circle, anunciou, no dia 18 de outubro, ter retirado todas as suas taxas de trading à vista até o fim do ano.

Apesar de ser algo apenas temporário, para atrair traders internacionais a usarem a plataforma, isso mostra que as exchanges estão dispostas a dar esse passo já que atrair usuários está se tornando uma tarefa difícil.

Com o aumento na competição, podemos esperar que as taxas de trading continuem abaixando. Além disso, só faltaria a Binance ou uma das outras exchanges principais adotar um modelo de trading com taxa zero para que o restante do mercado acompanhasse a fim de permanecer na competição.

As exchanges que possuem taxa zero estão à frente na corrida (Imagem: Pixabay)

A corrida até a taxa zero nas finanças tradicionais

A “corrida até a taxa zero” de trading já é vista no mercado varejista tradicional de corretagem.

No início de outubro, a corretora Charles Schwab anunciou que teria taxa zero para ações, ETFs e trading de opções. Esse passo forçou muitos de seus competidores, como Ally Invest, Fidelity, E-Trade e TD Ameritrade, a fazerem o mesmo.

O modelo taxa zero foi instituído pela Robinhood, startup de fintech. Sob a ótica do crescimento significativo de usuários na startup da Califórnia, foi só questão de tempo para que outras corretoras varejistas seguissem a moda.

Robinhood pavimentou o caminho para que outras exchanges seguissem sua implementação de taxa zero (Imagem: Facebook/Robinhood)

Em 2018, Robinhood também acrescentou criptomoedas ao seu conjunto de ativos, o que pressionou as exchanges de cripto a reduzirem suas taxas.

Além disso, o investimento passivo se tornou mais fácil e popular do que nunca — em parte pelo aparecimento dos chamados“robôs-consultores”, o que forçou as corretoras a reduzirem taxas para retenção de clientes.

Novas formas de monetização

As exchanges de cripto já responderam ao crescente ambiente competitivo ao explorarem novas formas de monetização para se tornarem menos dependentes de taxas de trading.

A cobrança de várias taxas para novos ativos se tornou um meio popular de arrecadação enquanto plataformas que aceitam o trading com margem também cobram taxas de empréstimo.

Baixíssimas taxas ou taxa zero ajudam na retenção de usuários (Imagem: Pixabay)

Também há taxas para saque, apesar de existirem apenas para cobrir custos de transação em blockchain.

Airdrops, usadas para promover novos projetos, também são outras formas de arrecadação para as exchanges.

Esse ano, as IEOs (ofertas iniciais de exchange) se tornaram uma outra forma de monetização, apesar de vários especialistas sugerirem que elas darão espaço às STOs (ofertas de security tokens) com o aumento da pressão regulatória.

É evidente que as exchanges vão precisar explorar novos modelos de arrecadação para sobreviverem em um ambiente de trading com taxa zero.

Como mostra a nova onda de fechamento de exchanges, depender apenas das taxas de trading não é o bastante no crescente ecossistema competitivo das exchanges.