O que precisa acontecer para ocorrer novo rali de ações? BlackRock explica
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Diante da escalada de valorização dos ativos financeiros ao redor do mundo no início do ano e, no front doméstico, da ansiedade pela chegada do Ibovespa a marca histórica dos 100 mil pontos, investidores se questionam: para onde vamos a partir de agora?
Em meio a questão, Richard Turnill, estrategista-chefe de investimentos da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, avalia qual panorama deverá ocorrer para novo rali dos ativos de risco.
Inicialmente, a instituição ressalta o cenário mais cauteloso, porém com tendência altista. “Nosso cenário base para 2019 é que a economia global e os lucros das empresas deverão desacelerar, mas ainda estarão crescentes, conforme nos aproximamos de um estágio de ciclo tardio”, afirma Turnill, ressaltando ainda o baixo risco de recessão no curto prazo.
Outro ponto destacado pela BlackRock é a concomitância, talvez dicotômica, entre retornos nos mercados acionários e revisão dos lucros corporativos. A despeito do passado, Turnill alerta para possíveis reduções nas estimativas do mercado nos ganhos das companhias e o “amortecimento nos retornos das ações”, embora “ativos de risco historicamente tendam a se sair bem no ciclo tardio”.
Além disso, o recuo do indicador VIX, responsável por medir a volatilidade nos mercados em todo o mundo, para patamar abaixo da metade do visto durante o último mês de dezembro, quando houve pico, adiciona otimismo ao mercado atualmente, segundo a BlackRock.
Drivers em foco
Turnill avalia possíveis drivers de aumento do apetite ao risco, como recuo dos temores geopolíticos entre Pequim e Washington na guerra comercial, postura mais cautelosa na política monetária global e estabilização do crescimento na China e na Europa.
Em relação ao primeiro ponto, a instituição norte-americana ressalta a queda para níveis de 2018 de seu indicador de risco geopolítico entre China e EUA, porém destaca a permanência das tensões em torno de questões tecnológicas.
Já no viés mais parcimonioso dos bancos centrais ao redor do mundo, a BlackRock avalia que o Federal Reserve deverá manter o juro básico inalterado durante 2019. Já o BCE deverá realizar contração monetária somente em 2020.
Implicações para investimentos
A BlackRock acredita que os valuations da maioria dos ativos não parecem esticados, porém “seria cauteloso extrapolar o forte início de ano para o restante de 2019”. Neste panorama, o caminho para menos resistência a ativos de risco deve ser maior no curto prazo, porém Turnill solicita cautela no rebalanceamento da relação risco-retorno nos portfólios.
“Isso implica uma abordagem de barra para construir a resiliência do portfólio por meio de alocações substanciais em títulos do governo, acompanhados por riscos seletivos em áreas como ações norte-americanas e de mercados emergentes”, conclui a BlackRock.
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