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Nicholas Sacchi: a irracionalidade reina no mundo dos criptoativos

04 nov 2019, 8:27 - atualizado em 27 out 2020, 17:07
Nesta coluna, o especialista fala um pouco sobre a irracionalidade dos investidores acerca dos criptoativos (Imagem: Pixabay)

Por Nicholas Sacchi, especialista da Empiricus Research

Se você é familiarizado com o mundo de egos inflados das teorias financeiras, provavelmente sabe que há uma teoria amplamente discutida sobre como os mercados precificam as informações conforme os eventos vão se desenrolando: a hipótese do mercado eficiente.

De um lado, estão os que acreditam que os mercados são eficientes e, portanto, precificam toda e qualquer informação nova, seja ela divulgada publicamente ou não. A implicação direta dessa forma de pensar é que nenhum investidor conseguiria obter retornos acima da média de mercado de maneira consistente.

Do outro, os que creem que o mercado é ineficiente e as informações geralmente levam certo tempo para serem incorporadas pelos investidores e, portanto, há espaço para a gestão ativa da carteira. O descolamento dos preços de um ativo do seu verdadeiro valor é o que cria as oportunidades.

Ainda há muita desconfiança sobre o investimento em criptomoedas (Imagem: Pixabay)

Só para aparar as arestas, quero deixar bem claro que sou do time dos que não acreditam na omnipotência do mercado. Para mim, os defensores dos mercados eficientes são tão razoáveis quanto os terraplanistas.

Inclusive, se quiser mesmo me convencer sobre essa heresia, lanço aqui o desafio de explicar como os preços de vários criptoativos não foram a zero.

Antes de mais nada, alguns dados

Para começo de conversa, basta uma rápida olhada no seu painel de dados de mercado favorito para perceber que existem milhares de criptoativos. Não é novidade para ninguém que a esmagadora maioria desses projetos são fraudes, esquemas ou simplesmente não possuem valor algum.

Aliás, um estudo feito em setembro deste ano pela CoinCodeCap analisou a atividade dos desenvolvedores de mais de dois mil criptoativos. Sabe o que eles descobriram? Que mais de 640 projetos não publicaram sequer uma linha de código em 2019. Ou seja, ao longo de todo esse tempo, sabe o que eles fizeram com o dinheiro dos investidores levantado com seus ICOs?

Niente. Absolutamente nada. 32% do total de dois mil ativos não fez porcaria nenhuma. Ou melhor, nada que preste. Não resta dúvidas de que alguns deles frequentaram restaurantes caros, compraram Lamborginis e navegaram em iates com seus criptoamigos. #cryptolife, não é mesmo?

Muitos dos projetos de criptoativos não vêm tendo novidades sobre seu desenvolvimento (Imagem: Pixabay)

Repare que estamos falando de ativos que, combinados, possuem um valor de mercado de mais de US$ 415 milhões. Parece brincadeira de mal gosto, mas não é. Para se ter uma ideia, o Proton Token, que possui o maior valor de mercado dentre eles (cerca de US$ 85 milhões) não publica nada de novo desde setembro de 2018.

Ainda assim, os ativos milagrosamente sobrevivem. Sinceramente, se isso não é ineficiência de mercado, meu amigo, me diga o que é. É a irracionalidade do mercado em sua mais pura forma.

O curioso caso dos barcos que não afundam (e de outros que naufragam)

Mas não são apenas os projetos que não entregam linhas de código que deixaram de ter valor. Temos o curioso caso da Ethereum Classic, uma bifurcação da rede da Ethereum, que contou com uma declaração da principal equipe de desenvolvedores dizendo que estava abandonando o barco por causa da falta de recursos para dar continuidade ao projeto.

Sabe como os preços responderam? Hmm… como posso dizer? Não responderam. Inclusive, há dias que o ativo apresenta altas de dois dígitos sem qualquer motivo aparente.

Ethereum Classic foi um projeto descontinuado por falta de recursos (Imagem: Ethereum Classic)

E se você pensa que a demanda do ativo vinha apenas de investidores desavisados, pensou errado. Um artigo da Grayscale, empresa conhecida como principal veículo de investimento em cripto para instituições, mostrou um aumento da demanda pelo ativo em alguns meses deste ano.

Outro grande exemplo é o Litecoin que, mesmo fazendo pouquíssimos ajustes de código ao longo desse ano (sendo ajustes minúsculos, em sua maioria), conseguiu ter uma acelerada de preços no início do ano.

Sinto muito, meus caros, mas a tese da prata digital já era. Ficou para trás. Não entendo por que alguém, em sã consciência, ainda enxerga valor nesse projeto.

Litecoin é um dos criptoativos que foi deixado de lado por falta de investimento (Imagem: Pixabay)

Curiosamente, muitos dos projetos que estão entregando melhorias tecnológicas em seu protocolo, aumentando o número de nós da rede (que gera aumento da segurança), aumentando a velocidade de processamento de transações e reduzindo significativamente as taxas respondem de maneira oposta.

Muitos deles perderam mais de 80% de seu valor após o mercado de baixa em 2018, o que afastou investidores.

Portanto, insisto: os mercados não são eficientes e há muitas oportunidades boas para colher pela frente. A escolha é sua.

Cryptoassets Strategist
Economista apaixonado por inovação tecnológica, traz no currículo a atuação em bancos de investimentos, corretoras de valores e exchanges de criptomoedas. Seu campo de estudo o trouxe naturalmente para os criptoativos. Hoje, se dedica a vasculhar esse mercado à procura das melhores oportunidades de investimento na equipe de criptoativos da Empiricus, é host do podcast Crypto Storm e editor do Crypto Times.
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Economista apaixonado por inovação tecnológica, traz no currículo a atuação em bancos de investimentos, corretoras de valores e exchanges de criptomoedas. Seu campo de estudo o trouxe naturalmente para os criptoativos. Hoje, se dedica a vasculhar esse mercado à procura das melhores oportunidades de investimento na equipe de criptoativos da Empiricus, é host do podcast Crypto Storm e editor do Crypto Times.
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