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Marink Martins: Se está tudo tão calmo, por que o melhor de todos não performa?

18 abr 2019, 10:09 - atualizado em 18 abr 2019, 10:09

Por Marink Martins, do MyVOL e autor da newsletter Global Pass

Hoje gostaria que o leitor refletisse a respeito das seguintes perguntas relacionadas a três eventos que marcaram os mercados durante os anos 90. Mais para o final, explico o porquê desta reflexão.

– Como é que o Banco Goldman Sachs, um dos mais influentes do mundo, se expôs tanto ao mercado de juros norte-americano ao ponto de quase sucumbir em 1994?

– Como é que o Banco de Investimentos Garantia, formado pela elite do capitalismo brasileiro – Lehman, Telles e Sicupira – se expôs tanto ao mercado de derivativos associado a títulos soberanos brasileiros ao ponto de sucumbir em 1997?

– Como é que o fundo LTCM, formado por estrelas como John Meriwether, Myron Scholes e Robert Merton se expôs tanto ao diferencial de juros europeu ao ponto de sucumbir em 1998?

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Os mais experientes responderiam as três perguntas acima utilizando algumas das seguintes palavras e expressões: alavancagem, ganância,  excesso de confiança, falta de controles internos.

Na semana passada, em evento realizado pela Inversa Publicações, o gestor Pedro Cerize disse ver o mercado habitado por muitos novos investidores que se mostram mais receosos de perder uma alta nos mercados do que de perder dinheiro. Sua fala parece ter sido profética face a derrocada vista nos últimos dias!

Na mesma semana, Larry Kudlow, secretário para assuntos econômicos de Trump, disse que possivelmente não veremos as taxas de juros se elevarem em nossas vidas.

Não quero aqui falar de cisnes negros. Quero falar de fases da vida e de mercado em que o inconsciente das massas parece registrar “verdades” que eventualmente se transformam em vulnerabilidades.

Ter medo de perder uma alta é um receio a ser superado no divã. Sartre disse que o inferno é o outro. Mas quando esse outro é o vizinho que está trocando de carro e viajando para o exterior com dinheiro obtido no mercado de ações, aí é inferno ao quadrado, rsrs.

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A razão pela qual trago este assunto já tão discutido nos livros de Taleb e outros é para refletirmos a respeito de um risco que se faz presente nos dias de hoje – em particular, na fala de Kudlow –  mas que pouco se discute nos dias de hoje: um possível retorno da inflação.

Agentes de mercado parecem estar convencidos de que este monstro que aterrorizou o mundo durante diversos ciclos econômicos de sua história foi extinto de vez.

São justamente crenças como estas que abalaram instituições e mentes brilhantes como as descritas no início deste texto.

Está tudo muito calmo. O S&P 500 está na máxima, o VIX na mínima. É possível que estejamos confiando demais na capacidade daqueles que fazem acontecer no mundo. (Trump, Xi, Powell, Guedes, Francisco)

E finalizo com a seguinte pergunta: se está tudo tão calmo por que o meu querido (sonho de carreira) Goldman Sachs negocia na paridade com seu patrimônio líquido (“price-to-book value = 1”)?

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