Entrevista

Marink Martins: 5 perguntas para o fundador da Gavekal Research

06 dez 2018, 16:21 - atualizado em 06 dez 2018, 16:21

Por Marink Martins, do blog MyVol e autor da newsletter Global Pass

Nesta semana tive a felicidade de reencontrar uma pessoa, um amigo, que vem contribuindo de forma significativa para que eu possa levar a você um conteúdo de qualidade no que diz respeito a análise dos mercados globais.

Estou falando de Louis-Vincent Gave, fundador da mais importante casa de análise global – a GAVEKAL RESEACH – com quem já tive oportunidade de coordenar algumas apresentações voltadas a investidores institucionais.

O autor e Louis-Vincent Gave, fundador da Gavekal

Na ocasião, Louis, que em sua infância estudou em uma escola de jesuítas, gosta sempre de iniciar suas apresentações com uma velha piada.

Diz ele que teria perguntado a um dos padres em sua escola se é verdade que os jesuítas sempre respondem a uma pergunta com uma outra pergunta – no que ele complementa dizendo que recebeu a seguinte resposta: quem te disse isso garoto?

Neste sentido, gostaria aqui de transmitir a você algumas perguntas pertinentes para que, através delas, possamos refletir a respeito do que está por vir e seus impactos na precificação dos ativos de risco que tanto negociamos.

Formulei 5 perguntas pensando em sua relevância para o mercado de ações:

Pergunta # 1:

Será que a prisão da diretora da Huawei, Meng Wanzhou, que é também filha do fundador da empresa, é um sinal de que a guerra comercial entre EUA e China entrou em uma nova dimensão?

O foco das tensões deixaria de ser o comercial e passaria para as reclamações relacionadas a roubo de propriedade intelectual. A Huawei é a empresa líder no que diz respeito ao desenvolvimento da tecnologia 5G, algo que vem deixando, não só o governo americano, mas todo o setor de telecomunicações norte-americano preocupado.

Pergunta # 2:

Será que Trump, em nome de seu projeto de reeleição em 2020, seria capaz de afundar o mundo em uma recessão com o objetivo de obter um ganho relativo que irá promover a sua imagem junto a seu eleitorado?

Esta parece ter um teor conspiratório, mas é fato que a trajetória orçamentária americana é extremamente preocupante. Mesmo assim, Trump segue dando ouvidos a assessores cujas recomendações vão na direção de aniquilar a cadeia de suprimentos construída desde que a China entrou na Organização Mundial do Comércio.

Pergunta #3

Será que Trump, conhecido como um “bully” (valentão) que gosta de bater nos mais fracos, irá aproveitar o atual caos visto na França para mostrar a Emanuel Macron quem é que manda neste mundo?

Bem, não é segredo que Trump anda magoado com a atitude de Macron na celebração de paz após 100 anos da primeira guerra mundial. Na ocasião, Macron ofendeu os EUA ao sugerir a criação de um exército europeu. Alguns analistas afirmam que Macron foi extremamente arrogante e parece ter esquecido da importante ajuda fornecida pelos EUA em importantes momentos.

Mais importante, entretanto, é que Trump também anda magoado com a GM e, por isso, precisa desesperadamente de uma vitória no setor automotivo. Por esta razão, há quem diga que seu próximo alvo poderá ser o setor automotivo europeu!

Pergunta # 4

Quem vai financiar o crescente déficit americano?

Do jeito que está, parece que será o setor privado. Contudo, há uma forma que historicamente se provou eficaz para fazer com que os estrangeiros corram para a “segurança” dos títulos do governo americano: uma grave crise global.

Esta pergunta está associada a pergunta #2. Será que Trump faria isso só para ficar bem na foto? Será que ele tem todo este poder?

Pergunta # 5

Será que o Brasil conseguiria evitar o contágio em caso de uma recessão econômica global?

Para os veteranos de mercado a resposta parece ser um simples NÃO. Dito isso, nas últimas semanas observa-se que o mercado de ações local vem se mostrando forte em termos relativos.

Temos uma equipe econômica em formação de primeira linha. Com isso cresce o número daqueles que acreditam em um eventual descolamento.

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