Opinião

Gustavo Kahil: Os terraplanistas da reforma da Previdência

24 fev 2019, 21:09 - atualizado em 25 fev 2019, 15:23

Por Gustavo Kahil, editor do Money Times

Olá, leitor!

Já que neste final de semana nenhum ministro caiu, me sobrou um tempo para ver o que tem de novo no Netflix. Impossível desviar do “A Terra é plana”. Como em 2019, ainda tem gente que acredita nisso? Tem sim, são milhões, aparentemente.

Veja o trailer:

A lógica de um terraplanista funciona assim: Já que ele não consegue verificar, por observação, que a terra não é plana, se apega à lógica bem simples. Por exemplo, uma das estrelas da comunidade terraplanista, Mark Sargent, entende que, se consegue ver alguns prédios de uma cidade distante na beira da praia, logo a Terra não tem curvatura. Simples assim.

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Não consegui deixar de comparar este comportamento com o de alguns colegas jornalistas que insistem em dar espaço para economistas que negam o déficit da Previdência.

É um prato cheio para a esquerda. Já que não conseguem entender e apenas querem ser contra, se apegam a qualquer coisa que possa parecer uma ciência (neste caso, um economista), para provar a sua realidade.

Seu amigo acha que a Previdência não precisa mudar? Mande este artigo para ele agora

A principal estrela deste grupo é Denise Lobato, economista pela UFRJ. A pesquisadora publicou a sua tese de doutorado: “A Política Fiscal e a Falsa Crise da Seguridade Social”, que “desmistifica o Déficit da Previdência Social”.

Ela defende que há um erro de cálculo, já que não se leva em conta que a Constituição define que alguns tributos deveriam ir para a Previdência Social, o que criaria até um superávit.

Isso também faria a população parar de envelhecer?

Outro argumento “terraplanista” é o de que se as empresas devedoras pagassem as suas dívidas, o que daria uns R$ 400 bilhões, o déficit estaria encerrado.

Verdade. Talvez por um ano e meio e contando que milhares de empresas voltariam à vida, já que estão falidas e fechadas.

Já que não conseguem mudar a sua visão, a única saída é mudar a realidade, tal como o documentário do Netflix.

Se você é contra a reforma inteira, não de algumas partes, não fique se achando de esquerda. Você não é de esquerda ou direita. Só está errado.

A minha dúvida é: Será que estes que negam a necessidade de uma nova Previdência também acreditam que a Terra é plana? O racional é o mesmo.

“Tomar a nuvem por Juno”

Outro passatempo que tive neste final de semana foi o de ler o texto do nosso repórter Valter Outeiro da Silveira. Ele utiliza uma fábula grega para alertar a todos meros mortais, investidores como eu e você com alguns suados milhares no mercado financeiro, sobre a possibilidade de que interesses ingênuos podem se transvestir como algo não verdadeiro. Leia aqui

Ajustado e desajustado

Marink Martins, que é autor do blog MyVOL e autor da imperdível newsletter Global Pass da Inversa Publicações, usa a polêmica sobre a baixa contábil bilionária da Heinz, maior investimento de Warren Buffett, que motivou uma queda de 27% das ações em um dia, para criticar a hipocrisia utilizada pelos departamentos de RI. É o abuso do “resultado ajustado”. Leia mais aqui

Todos somos Reforma

O Caio Mesquita, que é CEO da Acta Holding, explica em artigo a sua posição favorável à Reforma e cita a live produzida por O Antagonista e a Crusoé. No evento, o presidente do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, apresentou o recente levantamento feito na Câmara dos Deputados sobre o apoio à reforma. A live também contou com a participação do Fabio Giambiagi, um dos maiores especialistas do tema Previdência no país. Veja o texto aqui.

Por hoje é só, pessoal! Aquele abraço.