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Gafisa corre para honrar dívidas de curto prazo; Analistas indicam fugir das ações

15 maio 2019, 17:32 - atualizado em 15 maio 2019, 17:32
Os valores de curto prazo, que vencem em março de 2020, respondem por 36% do total (Divulgação: Facebook da Gafisa)

A construtora e incorporadora Gafisa (GFSA3) está correndo para arcar com as suas dívidas, que no curto prazo chegam a R$ 284 milhões, conforme revela o resultado do 1º trimestre de 2019 divulgado na noite de terça-feira (14). As ações da empresa fecharam em queda de 4,81% a R$ 5,15 no fim da tarde desta quarta-feira (15).

Os valores, que vencem em março de 2020, respondem por 36% do total. Entre janeiro e março, a Gafisa conseguiu amortizar por volta de R$116,1 milhões do saldo de principal das dívidas, mas o endividamento continua elevado.

Composição da dívida da Gafisa

A relação Dívida Líquida/Patrimônio Líquido era de 161,8% no final de março, reflexo dos prejuízos acumulados nos últimos períodos, maiores que a redução do endividamento.

“Acreditamos que eles estão passando por uma reviravolta muito desafiadora, com várias mudanças na equipe de administração em um curto período de tempo”, lembram os analistas do BTG Pactual Gustavo Cambauva e Elvis Credendio em um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira.

“A liquidez continua sendo uma grande preocupação e continuamos a ver riscos de alta diluição para os acionistas”, explica o Credit Suisse

Medidas

Entre as medidas de rebalanceamento financeiro pela nova administração de Roberto Luz Portella, que assumiu no final de março, a Gafisa destaca a contratação de uma consultoria (Falconi) para auxiliá-la a encontrar alternativas em um novo plano estratégico.

Já está definida a emissão de ações em tesouraria que haviam sido canceladas pela antiga gestão, que pode gerar entre R$ 130 e R$ 134 milhões.

Além disso, uma alteração recente em seu estatuto social abre o caminho para uma emissão adicional de até 120 milhões de ações. Seria uma entrada de capital no valor de aproximadamente R$ 640 milhões.

O plano ainda considera uma emissão de debêntures, além de uma captação no exterior de US$ 150 milhões.

“Em nossa opinião, todos os olhos estão voltados para o resultado do aumento de capital anunciado (se será ou não subscrito) e sobre o tamanho e as condições de um novo aumento que parece provável que seja anunciado em breve. A liquidez continua sendo uma grande preocupação e continuamos a ver riscos de alta diluição para os acionistas minoritários da Gafisa”, indica o Credit Suisse em um relatório assinado por Luis Stacchini e Vanessa Quiroga.

A recomendação é de venda das ações (underperform), com preço-alvo de R$ 5.

É esperado que, após esta nova injeção de capital, a construtora busque os bancos para readequar os custos e prazos da sua dívida.  Após tudo isso, a Gafisa deve buscar novos mercados, ou seja, uma construtora que também atua fora do mercado imobiliário.

“O ano de 2019 será um ano de reconstrução da companhia. Implementaremos uma gestão com senso de dono, que represente de fato o interesse dos acionistas, onde Conselho de Administração e Diretoria estejam próximos e alinhados no direcionamento operacional e estratégico”, explica Portella.

Resultados

A empresa apresentou um prejuízo de R$ 46 milhões no 1º trimestre de 2019, valor um pouco abaixo do número negativo de R$ 53,5 milhões anotados um ano antes, mas uma expressiva melhora em comparação com as perdas de R$ 121 milhões dos últimos três meses de 2018, informou a empresa em um comunicado.

Para o BTG, o balanço “não tem nenhuma melhoria significativa”. Cambauva e Credendio sugerem evitar as ações da construtora, que ainda parecem caras.

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