Estados Unidos (EUA)

Gabriel Casonato: O sprint final antes da correção

19 abr 2019, 17:05 - atualizado em 18 abr 2019, 15:43

Por Gabriel Casonato, Editor do Agora Financial 

Caro leitor,

Não há dúvida de que as ações dos EUA tiveram uma recuperação extraordinária no primeiro trimestre do ano. O índice de referência S&P 500 subiu mais de 15 por cento no período, ritmo que há muito tempo não se via. Mas o rali tem diminuído gradualmente desde o final de fevereiro, quando começaram a piscar com mais força alguns possíveis sinais de alerta.

O sentimento dos investidores – que estava bastante pessimista em dezembro – voltou a um extremo altista. Chegou agora a níveis que normalmente precedem pelo menos um retrocesso de curto prazo nas ações. Da mesma forma, notamos que alguns setores importantes, com destaque para o financeiro, “divergiram” do mercado mais amplo.

Eles começaram a ficar para trás enquanto o mercado continuou em alta. Novamente, esse tipo de comportamento é frequentemente um aviso antecipado de uma correção. Mas não estamos sozinhos…

Especificamente, olhando para o ETF Financeiro Select Sector SPDR Fund (NYSEARCA: XLF):

Chart

Observe os picos cada vez mais baixos desde que este ativo chegou ao topo em fevereiro do ano passado. Responsável por replicar um índice das ações financeiras do S&P 500, ponderadas pela capitalização de mercado, é possível que o ETF se recupere nos próximos dias com vários grandes bancos informando seus resultados.

Mas isso criaria um novo pico menor que o anterior, em setembro, dentro da atual tendência de baixa.

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A menos que o XLF volte a fechar acima de 29 dólares (máxima anterior), essa tendência permanece intacta e aumenta a divergência geral para os mercados de ações – o que, em minha opinião, é um sinal de alerta.

Aproveito para compartilhar também um gráfico de longo prazo, destacando a relação entre o ETF (linha preta) e o S&P 500 (linha azul) nos últimos dois anos:

Chart

Como você pode ver, havia uma forte correlação entre eles até o final do ano passado. O S&P 500 se recuperou este ano, mas as ações financeiras não. Isso está fazendo com que a correlação seja quebrada.

Novamente, eu marquei os picos cada vez mais baixos de XLF em vermelho para ilustrar a quebra na correlação e a tendência de baixa no setor. Para mim, um sinal importante que reforça uma tese cautelosa que vem sendo bastante difundida por aqui. A de que o mercado pode estar dando seu último sprint antes do encerramento definitivo do longo bull market em vigor.

Esse parece ser justamente o caso hoje. E é a opinião do chefe da maior gestora de recursos do mundo – Larry Fink, fundador e CEO da BlackRock, que administra quase 6 trilhões de dólares.

Para ele, as ações ainda têm folego para subir um pouco mais no curto prazo, mas as condições da economia dificilmente sustentarão um rali mais longo.

“Muitos investidores acreditaram que viveríamos um novo ciclo de aumento de juros. Mas com os bancos centrais mais dovish do que nunca, há escassez de bons ativos, o que pode provocar um derretimento do mercado global de ações”, disse Fink à rede CNBC. Isso não significa, no entanto, uma total ausência de oportunidades.

Conforme tenho dito aqui, o Fed ou a desaceleração global não são desculpas para não se investir em ações. É óbvio que, em tempos difíceis, se faz necessária uma maior diligência na hora de escolher quais papéis comprar.

O que não tem necessidade é sair vendendo tudo e colocar 100 por cento do patrimônio na renda fixa, comprometendo a rentabilidade de sua carteira.

Mantenha um dinheiro em caixa para aproveitar eventuais oportunidades que vão surgir em empresas mais defensivas e boas pagadoras de dividendos. Opções não faltam – e nunca faltarão – no pujante universo americano de ações.

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