Economia

Federal Reserve corta juro pela 3ª vez e sinaliza pausa… não é o que Trump quer

30 out 2019, 15:19 - atualizado em 30 out 2019, 15:57
Fed deixou claro que pode cortar ainda mais os juros (Imagem: REUTERS/Leah Millis)

O Federal Reserve cortou a taxa de juros pela terceira vez no ano nesta quarta-feira, em uma medida que tem como objetivo garantir que a economia dos Estados Unidos supere uma guerra comercial global sem cair em recessão, mas sinalizou que o ciclo de corte de juros pode ter uma pausa.

Ao reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 1,5% e 1,75%, o banco central retirou uma referência anterior de que “agirá conforme apropriado” para sustentar a expansão da economia norte-americana, em uma linguagem que foi considerada um sinal de futuros cortes de juros.

Em vez disso, o Fed disse que “vai monitorar as implicações das próximas informações para as perspectivas econômicas ao passo que avalia a trajetória apropriada” de sua meta para taxa de juros, uma frase menos incisiva.

A decisão foi dividida, com 8 diretores votaram pelo corte de 0,25 p.p e 2 votos pela manutenção das taxas.

Cortes em série

Esse foi o terceiro corte de juros neste ciclo de baixa do Fed, com o banco mantendo sua orientação de que “agiria apropriadamente” para manter vivo o crescimento econômico.

O Fed, contudo, tem sido rápido em conter as expectativas do mercado de que um ciclo longo de cortes poderá ocorrer, após caracterizar os cortes anteriores – em julho e setembro – como um seguro contra riscos negativos de seu cenário.

Presidente dos EUA, Donald Trump, acompanhado pelo chairman do Fed, Jerome Powell, em Washington
“O Fed não tem ideia do que está fazendo!”, disse Trump em seu Twitter (Imagem: REUTERS/Carlos Barria)

Essa posição pública dos diretores do Federal Reserve não tem conseguido ancorar as expectativas do mercado, com muitos analistas acreditando que o banco deverá seguir cortando juros, possivelmente levando ao território negativo.

“O Fed não tem ideia do que está fazendo! Temos um potencial ilimitado, que está sendo contido pelo Fed”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, em seu Twitter.

O ritmo da inflação, contudo, dá suporte para mais flexibilização.

O núcleo do índice dos gastos dos consumidores (PCE, na sigla em inglês), a medida preferida do Fed para inflação, tem ficado abaixo da meta de 2% do banco.

Na expectativa pela reunião do Fed, o Scotiabank Economics disse que desde o último encontro do banco em meados de setembro houve “evidências crescentes de uma deterioração sincronizada da perspectiva de crescimento e uma incerteza contínua em relação ao Brexit e às questões comerciais, que ainda não têm nada resolvido”.

EUA Nova York
O PIB americano apresentou uma taxa de crescimento anualizado de 1,9% contra 2% no segundo trimestre (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

O PIB dos EUA do terceiro trimestre realmente divulgado hoje também apontou desaceleração em relação ao trimestre anterior, suportando a expectativa do mercado em relação a mais reduções da taxa de juros pelo Fed.

O PIB americano apresentou uma taxa de crescimento anualizado de 1,9% contra 2% no segundo trimestre. Além disso, os dados do PIB sacramentaram as apostas dos investidores no corte de 0,25 ponto percentual nas taxas, pois a precificação implícita dos juros futuros apontavam em 99,4% de chances de redução antes do anúncio do Fed.

Por outro lado, o PIB do terceiro trimestre ficou acima do consenso de 1,6%, o que pode corroborar a tese do Fed de que os três cortes desde julho foram apenas um “ajuste” de política monetária e indicar um tom mais “hawkish”.

Veja a íntegra do comunicado:

Information received since the Federal Open Market Committee met in September indicates that the labor market remains strong and that economic activity has been rising at a moderate rate. Job gains have been solid, on average, in recent months, and the unemployment rate has remained low. Although household spending has been rising at a strong pace, business fixed investment and exports remain weak. On a 12-month basis, overall inflation and inflation for items other than food and energy are running below 2 percent. Market-based measures of inflation compensation remain low; survey-based measures of longer-term inflation expectations are little changed.

Consistent with its statutory mandate, the Committee seeks to foster maximum employment and price stability. In light of the implications of global developments for the economic outlook as well as muted inflation pressures, the Committee decided to lower the target range for the federal funds rate to 1-1/2 to 1-3/4 percent. This action supports the Committee’s view that sustained expansion of economic activity, strong labor market conditions, and inflation near the Committee’s symmetric 2 percent objective are the most likely outcomes, but uncertainties about this outlook remain. The Committee will continue to monitor the implications of incoming information for the economic outlook as it assesses the appropriate path of the target range for the federal funds rate.

In determining the timing and size of future adjustments to the target range for the federal funds rate, the Committee will assess realized and expected economic conditions relative to its maximum employment objective and its symmetric 2 percent inflation objective. This assessment will take into account a wide range of information, including measures of labor market conditions, indicators of inflation pressures and inflation expectations, and readings on financial and international developments.

Voting for the monetary policy action were Jerome H. Powell, Chair; John C. Williams, Vice Chair; Michelle W. Bowman; Lael Brainard; James Bullard; Richard H. Clarida; Charles L. Evans; and Randal K. Quarles. Voting against this action were: Esther L. George and Eric S. Rosengren, who preferred at this meeting to maintain the target range at 1-3/4 percent to 2 percent.

(Com Investing.com)

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