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Empresas continuam fornecendo falsos volumes de negociação de criptoativos

24 nov 2019, 14:00 - atualizado em 31 maio 2020, 12:02
Apesar da diminuição, ainda existem corretoras que relatam falsos volumes de negociação (Imagem: Pixabay)

No início de 2019, a Bitwise publicou uma pesquisa, sugerindo que 95% do volume de negociação de criptoativos era falso.

Quase um ano depois, um novo estudo da Chainalysis mostra que o problema do volume falso continua.

Um novo estudo da Chainalysis sugere que, enquanto os números de volume falso relatados reduziram, o problema de volume falso em criptoativos ainda persiste apesar de ter sido confirmado pela primeira vez há quase um ano.

Volumes falsos ainda são um problema

A empresa de análises baseada em Nova York comparou o valor dos criptoativos que entraram em plataformas via transações “on chain” com os volumes de negociação “off-chain” relatados pelas próprias corretoras para avaliar se uma plataforma é suspeita de inflacionar sua atividade de transação.

Os pesquisadores da Chainalysis usaram as 10 maiores corretoras da Bitwise (Binance, Bitfinex, bitFlyer, Bitstamp, Bittrex, Coinbase, Gemini, itBit, Kraken e Poloniex), chamadas de “Bitwise 10”, como um indicador para corretoras que estão relatando seus verdadeiros volumes de negociação.

Depois, calcularam a proporção do bitcoin negociado versus o bitcoin recebido “on chain”.

A análise mostrou que a proporção é de 6:1, que significa que, para cada bitcoin depositado em uma corretora, cerca de seis são negociados na plataforma.

Em seguida, os pesquisadores analisaram as cinco principais corretoras por volume de negociação relatado na CoinMarketCap.

Eles descobriram que uma corretora se destacou, tendo um volume de negociação muito maior para proporção de moedas recebidas “on chain”: Bitforex.

De acordo com o estudo, a Bitforex tem um volume de negociação para proporção de bitcoin recebido “on chain” de 40.000:1. Isso é 6 mil vezes além da média de 6:1 da indústria (consistente nas plataformas de negociação de bitcoin mais respeitáveis).

Assim, os pesquisadores acreditam que, “com um alto nível de certeza” que a corretora de Hong Kong está relatando falsos volumes de negociação.

Posteriormente, os pesquisadores analisaram as top 25 corretoras que estão além das 10 elencadas pela Bitwise com os maiores volumes de bitcoin “on chain”.

Fora desse conjunto de amostras, 12 corretoras tiveram altas proporções que as dez outras em 2018, mas entraram em conformidade desde então.

De acordo com a Chainalysis, Bit2c, Bitbank, Bithumb, Bitso, CoinCheck, Coinfloor, CoinOne, Huobi, Korbit, OKCoin, UpBit e Zaif tiveram maiores proporções em 2018, mas não se moveram em direção à proporção das “Bitwise 10” no primeiro semestre de 2019.

A Chainalysis sugere que é provável que essas corretoras tenham forjado os volumes de negociação em 2018, mas pararam com isso após a cobertura da mídia no fim de 2018.

Em tentativa de competir com as grandes corretoras, as menores tentam “usurpar” seu volume de negociação (Imagem: Pixabay)

Por que as corretoras relatam volumes falsos?

Maiores volumes de negociação significam mais exposição para corretoras nas plataformas de dados de mercado como a CoinMarketCap.

Quanto maior a posição de uma corretora para volume de negociação de bitcoin, é mais provável de atrair negociadores (porque eles buscam por liquidez) e gerar receita de taxas de listagem de altcoins.

Logo, volumes de negociação (verdadeiros ou inferidos) têm um papel essencial no sucesso ou fracasso de uma corretora.

A aquisição de novos usuários se tornou algo difícil desde a diminuição no interesse público em criptoativos desde a bolha de 2017.

As altcoins se tornaram menos atrativas para investidores já que muitos lutaram para se recuperar das baixas e o mercado para bitcoin está mais competitivo do que nunca.

Além disso, com a morte do mercado de ofertas inicias de moeda (ICOs), poucos novos tokens e moedas estão buscando ser listados em corretoras, o que significa que esse fluxo de receita diminuiu.

Como resultado, as corretoras em busca de novas maneiras de monetização como empréstimo de criptoativos ou “staking-as-a-service” (“quando um detentor de um ativo proof-of-stake prende seus fundos para validar transações e depois é compensado com uma inflação de nível de protocolo proporcional à quantidade retirada como uma porcentagem da quantidade total do staking).

No entanto, sem uma base de usuários ativa e crescente, ainda é difícil para corretoras de pequeno e médio porte.

Quanto mais as corretoras já consolidadas fornecerem transparência e dados verdadeiros, menor será o relato de volumes falsos de negociação (Imagem: Pixabay)

A Binance e outras corretoras de nível superior conseguem atrair a massa de negociadores de criptoativos com suas ofertas de produtos superiores e boas reputações. Em uma tentativa desesperada e imoral de competir, muitas corretoras recorreram a volumes de negociação falsos.

Ao mesmo tempo, a indústria está implementando medidas para filtrar os volumes de negociação exagerados para tornar a classe de ativos mais transparente.

Um número de plataformas de análise de dados de criptoativos tomaram medidas com o objetivo de condensar os volumes de negociação para mostrar apenas as atividades de negociações atuais entre as corretoras.

Além disso, reguladores estão observando mais as corretoras de criptoativos em muitas jurisdições, como Coreia do Sul e Japão.

Para os mercados de criptoativos amadurecerem em uma classe de ativos amplamente aceita, o ecossistema de corretoras tem muitas coisas a melhorar.

Mas quando os maus agentes continuam a ser dedurados e a indústria se ajusta a novos padrões de segurança e transparência, os mercados estão caminhando devagar, mas, com certeza, estão caminhando nessa direção.

Chainalysis conclui seu relatório afirmando que “enquanto encontramos exemplos de possíveis corretoras que relatam volumes de negociação significativamente falsos, a maioria das principais corretoras parecem ter parado com essas práticas enganosas no ano passado”.

Isso é uma boa notícia para a indústria e a leva um passo mais perto de ser uma classe de ativos madura, com um ecossistema de negociação confiável. Só então um ETF (fundo negociado em bolsa) terá uma chance de aprovação.

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