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Explosão da bolha dos baby boomers vai ser ótima para os millennials

01 fev 2020, 13:00 - atualizado em 03 fev 2020, 17:30
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Neste artigo, veremos como demografia, uma massa de aposentados, preços imobiliários e o Japão da década de 1990 apresentam um impulsionamento para o mercado de criptoativos conforme millennials atingem o auge de seus anos de ganho de dinheiro (Imagem: Freepik/vectorpouch)

Globalmente, estamos em uma encruzilhada demográfica quando 1,1 bilhões de baby boomers (geração que nasceu entre 1945 e 1960) estão saindo da força de trabalho enquanto 1,8 bilhão de millennials (geração que nasceu entre 1980 e 1995) vão se tornar a maior geração de consumidores conforme atingem seu auge de ganho de dinheiro.

Nos EUA, millennials irão superar os baby boomers como a maior tropa geracional, totalizando 36% da população dos EUA e 45% globalmente, de acordo com uma pesquisa do Snapchat e da Fundstrat.

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Não apenas marcas corporativas terão que se reajustar para um novo público-alvo, mas isso demarca o fim da audiência na qual gestores de patrimônio, bancos, fundos de hedge, planejadores de previdência, acionistas, etc. construíram impérios de trilhões de dólares nas últimas décadas.

Desde os anos 1980, boomers e seus gestores de patrimônio compraram cada parte significativa do mercado de ações fornecendo um piso para o próximo rali se recuperar rapidamente.

Diferente da Crise Financeira Global (CFG) de 2008 e o crash do Pontocom em 2001, após a próxima crise não haverá um exército de licitantes para levantar o mercado e atingir novas altas e a retração econômica vai ser bem mais longa, conforme as gerações millennials têm pouca lealdade a um mercado que as ofereceu pouco valor ao longo de suas vidas.

Por outro lado, os mercados cripto foram criados longe das ruínas da CFG por uma geração de código aberto que já captou a imaginação de jovens inovadores, investidores, empreendedores e negociadores millennials de Wall Street, que estão saindo de empresas notórias para começar uma carreira em cripto.

De acordo com uma pesquisa da Blockchain Capital, 27% dos millennials acham que o bitcoin é mais confiável do que os grandes bancos (histórico de 9 a 400 anos) e mais de 2 entre 5 (42%) concordam que é mais provável que a maioria das pessoas vai estar usando bitcoin nos próximos 10 anos. Até agora, ainda, só 4% dos millennials perguntados de fato possuem criptomoedas investidas. Nos próximos anos, o preço dos ativos digitais vai disparar em um impulsionamento conforme a lacuna de realidade entre a crença das pessoas no potencial das cripto e aqueles que realmente as possuem for preenchida.

Mercado de ações: uma oportunidade perdida para os millennials

Junto com o mercado imobiliário, a maioria dos millennials foram excluídos do rali de mercado acionário e de um dos ciclos econômicos mais longos da História: “uma oportunidade perdida porque é improvável que a apreciação de preço seja tão rápida no futuro próximo”, descreveu o Federal Reserve de St. Louis.

Desde 2019, o rali de ativos, chamado de “a bolha de tudo”, criou enormes riquezas, mas direcionou preço de ações, títulos e bens imóveis para novas altas, deixando poucos mercados de investimento com um bom potencial de vantagem para os millennials.

Uma ilustração de quão concentrada é a geração da riqueza foi o rali de mercado acionário, em que 10% das famílias mais ricas dos EUA possui 83% de todas as ações.

Esse conflito se reflete na participação limitada dos millennials no mercado acionário e no baixo número de proprietários de imóveis que são millennials, em escala global.

De acordo com o Federal Reserve de St. Louis, nos EUA, três a cada cinco millennials (60%) não possuem exposição ao mercado acionário e terão menos riquezas que as gerações passadas.

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Por meio de herança (de uma geração anterior a eles que eram poupadores renomados) e timing perfeito após a Segunda Guerra Mundial, os boomers ganharam um ambiente de investimento.

Quando começaram a varrer as ações na década de 1980, o índice de preço sobre lucro ajustado ciclicamente (CAPE, em inglês) estava na média, quase em 8. Hoje, está em 33.

Os mercados cripto apresentam aos millennials a mesma oportunidade de serem pioneiros, descobrirem as ações FAANG (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google) do futuro e causarem sua própria próxima bolha financeira digital enquanto estão “na faixa etária mais importante para atividade econômica”, conforme afirma JPMorgan.

A bomba-relógio de pensão e a perda da previdência social

Tradicionalmente, conforme pessoas prestes a se aposentar alocam menos em ativos de risco e mais ações, mas baby boomers que foram afetados pelo crash imobiliário de 2007-2008 — quando riqueza média disparou 44% entre 2007-2010 — lutaram para se recuperar do déficit em sua poupança de aposentadoria ao empilhar ativos de risco.

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Isso resultou em uma grande propensão de capital próprio em famílias dos EUA e a maior alocação para ativos de risco já vista, duplicando os investimentos em fundos de hedge, fundos passivos e até planos previdenciários 401k.

O balanço médio das famílias médias dos EUA tem uma exposição 70% ao mercado acionário e a ativos de risco, enquanto existe apenas 30% na Europa.

A maior onda de aposentados na História vai atingir os EUA conforme os baby boomers atingirem a idade de se aposentar e continuar a impulsionar economias globalmente pelos próximos dez anos.

Essa aposentadoria em massa, junto com a longa expectativa de vida, vai pôr enorme pressão na previdência social e agora é uma realidade iminente já que governos em todo o mundo não tem fundos para pagar as poupanças para todos os aposentados.

De acordo com uma análise do Fórum Econômico Mundial, existia uma lacuna de poupanças-reforma em excesso, de US$ 70 milhões em 2015, espalhada entre as principais superpotências.

De acordo com o Transamerica Institute, 81% dos trabalhadores millennials estão preocupados que a previdência social não vai existir para eles no futuro e 51% não esperam receber algum.

“Baby boomers” estão sendo forçados a vender seus ativos a qualquer preço a fim de proteger sua poupança (Imagem: Reprodução/YouTube/Sony Pictures Brasil)

Quem irá sobrar para comprar a próxima queda do mercado acionário?

Essa culminação de fatores econômicos e demográficos irá exacerbar a próxima retração econômica do mercado de ações global/norte-americano conforme boomers, que surfaram na onda dos bull runs (mercados de alta) mais longos da História, estão sendo forçados a vender suas posses em uma retração econômica a qualquer preço a fim de proteger suas poupanças de uma vida.

Para redirecionar os preços para novas altas e substituir a maior geração de consumidores da História, millennials teriam que se atolar em dívidas.

É provável que isso não aconteça quando eles ainda estiverem pagando suas dívidas de financiamento estudantil. Nos EUA, 75% dos millennials frequentaram a universidade.

Nem a geração X (a grupo menor e menos rico após os boomers) estarão em uma posição para preencher as lacunas conforme planejam sua aposentadoria e começarem a não se arriscar.

“Entre o grupo que nasceu após os baby boomers, os membros da geração X se destacam por terem baixa renda e riqueza para um conjunto demográfico”, descreve o Federal Reserve de St. Louis.

Para ter um vislumbre de como isso irá acontecer no mercado acionário dos EUA, temos que olhar para o Japão, que passou pelo mesmo apuro na década de 1990, e como anos após uma depressão de mercado acionário o país agora acolheu criptomoedas como ativos de investimento e se tornou o lar do mercado cripto mais avançado do mundo.

Após décadas perdidas, o Japão acolhe cripto

A economia do Japão esteve em estado de deflação desde a infame explosão da bolha de ativos em 1992, quase na época do auge da geração trabalhadora que resultou em aposentadoria em massa. Quase 25 anos depois, a classe trabalhadora japonesa vem caindo 1% enquanto sua população mais idosa cresce.

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Desde seu auge na década de 1990, o mercado acionário Nikkei do Japão esteve em baixa virtualmente até 2009/2010 e, mesmo após o bull run desde 2012, voltou para um nível visto pela última vez em 1997, um valor acima da metade de seu auge histórico.

Em contraste, Japão tem sido um líder na adesão de criptoativos (bitcoin/iene é o par fiduciária/cripto mais negociado) e tem as corretoras mais líquidas do mundo, que se tornaram os alvos principais para empresas financeiras listadas.

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Conforme a confiança dos jovens investidores foi sendo destruída nos mercados de capitais tradicionais após as “décadas perdidas”, não devíamos estar surpresos que o Japão se tornou a incubadora para criptomoedas e pode ser um precursor para o que irá acontecer nos EUA e em outros países desenvolvidos.

Comparando o atual índice S&P 500 (gráficos de vela) com o Nikkei dos anos 1990 (linha vermelha), podemos ver uma semelhança incomum na trajetória.

Na verdade, de acordo com a Nautilus Research, existe uma correlação de 98% no análogo (até a área colorida) e só desde abril que vimos uma divergência real nos dois índices.

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Gráfico do arranque de dois anos até o auge do índice Nikkei de 1990 (linha vermelha) configurado após o preço atual da S&P 500 (gráfico de vela) (Imagem: Jesse Felder)

Os EUA são uma conjuntura parecida na demografia e nos preços de mercado assim como o Japão era em 1990.

Então, para jovens investidores, o mercado acionário (atualmente a níveis recorde em quase todas as métricas) é um lugar precário para se estar e, no futuro, o crescimento que vimos na década passada não vai se repetir daqui a vários anos — pode até não haver um choque exógeno.

No mundo inteiro, particularmente na Ásia, a posse de casa própria entre os que têm menos de 35 anos está em níveis baixíssimos conforme preços imobiliários atingiram múltiplos da renda média nunca antes vistos, criando ansiedade social de China a Londres.

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Atualmente, a maioria dos jovens ainda mora com os pais por conta da crise imobiliária mundial, em que preços estão fora do alcance desses novos investidores (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli)

Preços mobiliários também estão fora de alcance

A demografia na Europa é a mesma da dos EUA. Lá o apuro dos millennials é ainda pior e resultou no ressurgimento de políticas populistas.

Na Itália e na Grécia, 29% das pessoas entre 20 e 34 anos não estão empregadas, estudando ou em um programa de treinamento, enquanto a taxa na Espanha é de 21%, e quase metade dos italianos entre 25 e 34 anos moram com seus pais.

A posse de casa própria entre americanos com menos de 35 anos é de 34%, mais da metade da média nacional de 62% que, por si só está a uma baixa de cinco décadas.

Também é mais provável que millennials morem com seus pais do que as gerações anteriores, em que 15% das pessoas de 24 a 25 anos de idade agora moram na casa dos pais. No Reino Unido, ⅓ dos millennials vão pagar aluguel até se aposentarem.

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No futuro, os ativos digitais oferecem os melhores rendimentos deste século aos jovens investidores (Imagem: Pixabay/WorldSpectrum)

Por que isso é tão significativo para mercados de ativos digitais e de criptomoedas em geral?

Com preços imobiliários atingindo níveis recordes e um mercado de especulação, a maioria dos millennials também foram excluídos do mercado imobiliário que é considerado uma classe de investimento.

Até haver uma grande correção nos preços imobiliários em todo o mundo, mais pessoas vão tentar preencher a coluna por meio de empreendedorismo e investimento inteligente.

Bitcoin nasceu após a CFG e a desconfiança na panelinha corporativa dos bancos institucionais, mercado imobiliário e governos nos trouxe ao limite e adiou a vida de muitos dos millennials que acabaram de entrar na fase adulta.

Esses jovens impacientes perderam tempo e dinheiro.

No futuro próximo, os métodos tradicionais da geração rica — ações, títulos e propriedade — não terão o mesmo potencial de vantagem para eles em comparação aos ativos digitais que, até agora (tendo uma explosão ou não), ofereceram os melhores rendimentos deste século.

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