Mercados

Esquerda cresce no 2º turno e assusta mercado

11 set 2018, 11:44 - atualizado em 11 set 2018, 17:37
Fernando Haddad cresceu nas intenções de voto no primeiro e segundo turno (José Cruz/Agência Brasil)

A chance de um segundo turno para a Presidência da República com um cenário desfavorável para o mercado está crescendo, revela a última pesquisa do Datafolha divulgada na segunda-feira (11). Os números mostraram um pequeno avanço de Jair Bolsonaro (PSL) de 22% para 24%, acima do limite de 20% considerado necessário para ir ao 2º turno, e um empate técnico entre Ciro Gomes (13%), Marina Silva (11%), Geraldo Alckmin (10%) e Fernando Haddad (9%).

Veja a íntegra da pesquisa Datafolha que assustou o mercado

Entre os que disputam a outra vaga no 2º turno, contudo, o destaque fica para o expressivo crescimento de Haddad, que subiu de 4% para 9%. Segundo o Credit Suisse, isso significa que a transferência dos votos de Lula já começou e torna o petista “é muito competitivo para estar em um possível segundo turno”, analisam Leonardo Fonseca e Lucas Vilela, que assinam o relatório.  O banco também aponta que, embora o cenário ainda esteja indeciso, a perspectiva de que Alckmin esteja no segundo turno “está se tornando muito fraca”.

A reação do mercado nesta terça-feira (11) mostra o descontentamento com o panorama eleitoral ruim. O Ibovespa operou em queda de 2,33%, aos 74.656 pontos, e o dólar subiu forte 1,66% e negociou perto de R$ 4,15. “Essa volatilidade e nervosismo vai imperar até os 47 minutos do segundo tempo. O segundo candidato do 2º turno está muito difícil de acertar. Uma briga que seria entre Haddad e Ciro, com menores chances para Alckmin e Marina”, diz o gestor da mesa de operações da corretora Coinvalores, Marco Tulli.

Para Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, o nível de apreçamento dos ativos hoje parece superestimar as chances de eleição de um candidato à esquerda, enquanto subestima probabilidades de que seja eleito um reformista.

“Meu ponto é de que, temendo um resultado ruim, os investidores estejam exigindo um prêmio de risco muito alto para estar em ativos brasileiros. Em outras palavras, considerados os cenários possíveis para as eleições, haveria mais espaço para subir do que para cair, o que indica uma matriz de retornos de valor esperado positiva. É pouco, eu sei, mas é o que se pode dizer diante de tanta incerteza”, destaca em uma análise de hoje.

Atentado

Ao contrário do esperado pelo mercado e analistas, o atentado contra Bolsonaro na semana passada (6) não fez parar o seu nível de rejeição e não trouxe tanta exposição na mídia após alguns dias do evento. “No debate de domingo passado na TV Gazeta, todos se solidarizaram com o capitão, mas evitaram ao máximo dizer seu nome. Enquanto ele aparece pouco, pois está internado, todos os outros aparecem muito mais e com a agendas atualizadas”, destaca o economista Victor Cândido da Guide Investimentos.

Além disso, o nível de rejeição ao candidato subiu de 39% para 43%. No Ibope, do dia 5 e antes do atentado, ele tinha 44%. É muito maior do que a vista para Marina Silva (29), a que tem a segunda maior rejeição. Fernando Haddad oscilou de 21% para 22% e Ciro Gomes perdeu de 23% para 20%. “Uma alta taxa de rejeição reduz muito as chances de vitória do candidato em um eventual segunda rodada”, aponta o BTG Pactual em um relatório assinado por Iana Ferrão.

No cenário em que Haddad chega ao segundo turno contra Bolsonaro, a intenção de votos do petista disparou de 29% para 39%, enquanto o capitão do Exército ficou estacionado em 38%. Ciro também cresceu contra o líder das pesquisas e avançou de 38% a 45%, com Bolsonaro em 35%.

Atualizado em 11/9/2018, às 17h37.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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