Entrevista exclusiva com CZ, CEO da Binance
Mais cedo anunciamos aqui em primeira mão, que a Binance, a maior corretora de criptoativos do mundo, está lançando sua plataforma fiat-to-crypto, no qual passará a aceitar depósitos em reais para operações de compra de criptomoeadas.
CZ, CEO da Binance, nos concedeu um pouco do seu corrido tempo, para nos responder algumas questões sobre a Binance e seus planos futuros.
1- Quais são as suas expectativas para crescimento da plataforma na América Latina?
CZ: Eu vejo que os mercados brasileiro e da América Latina não possuem hoje uma grande variedade de oferta de criptoativos. A Binance tem o maior volume do mercado no mundo, oferece mais de 170 criptos em mais de 500 pares de troca, algo sem precedentes na região, além de diversos outros produtos e tipos de investimento. Isso mostra o espaço para crescimento. Os planos da Binance envolvem toda a América Latina – estamos apenas começando com Brasil e Argentina, pois existe uma grande necessidade de acesso financeiro na região, e nós ajudaremos com isso. Temos em mente que a adoção das criptos vai crescer rapidamente com uma solução fiat-gateway, trazendo mais acessibilidade e suporte para acrescentarmos outras moedas fiduciárias na região no futuro.
2- Você sabe que o Brasil possui o maior mercado investidor de cripto da América Latina?
CZ: Sim, eu sei que o Brasil é uma das maiores comunidades de cripto na América Latina, e os números nos mostram esse interesse. A comunidade brasileira é perfeita para o crescimento da indústria de criptomoedas: é interessada em tecnologia e tem a vontade em simplificar e desburocratizar as coisas. Quando mostramos quão simples uma transação de criptoativos pode ser, o mercado vem junto.
3- Você sabia que outros concorrentes como Huobi ou Coinbene iniciaram operações no Brasil, mas não obtiveram bons resultados? Justamente porque eles ignoraram a principal característica dos investidores brasileiros: a necessidade de haver operações fiat-to-crypto.
CZ: É sabido que o mercado brasileiro atrai a atenção da indústria de cripto há algum tempo. Quando você começa a focar suas estratégias em um mercado local, é necessário entender qual a visão e o perfil desse usuário. Há mais de 45 milhões de pessoas desbancarizadas no Brasil, isso é cerca de 21% da população. Além disso, o Brasil não é um país em que as pessoas lidam com outras moedas fiduciárias no dia a dia, então construímos uma solução simples com nosso parceiro para sermos capazes de atender àqueles que têm interesse em acessar nossa plataforma, com tudo o que ela oferece, e não podiam antes.
4- A plataforma está em português e percebemos que é o padrão brasileiro. Você tem números para apresentar sobre clientes brasileiros e volume de negócios?
CZ: Nós geralmente não divulgamos números específicos porque isso é relativamente subjetivo. Você conta usuários pela língua? Português é uma língua popular em outros países. Por endereço de IP? Pessoas usam VPNs. Por endereço físico? Por tipo de documento? É complicado, mas, em geral, o consenso é que o Brasil é um mercado ativo e importante para o mercado de cripto, e as criptos são importantes para os brasileiros.
5- A Binance tem fechado grandes parcerias ao redor do mundo. Você concorda que a melhor maneira de disseminação e adoção de criptomoedas passa pela Geração Z, os Millennials? Qual é o seu plano para atrair esse público para a Binance?
CZ: Segundo pesquisas e relatórios, o perfil do investidor brasileiro em cripto é jovem, de 18 a 30 anos, geralmente com um mínimo ou sem nenhuma experiência em investimentos tradicionais, e com vontade de aprender sobre tecnologia de criptos ou blockchain. Em um âmbito geral, investidores tradicionais precisam de muito dinheiro pra começar a investir, mas com apenas alguns reais você consegue comprar criptomoedas. Isso mostra a grande inclusão financeira que o esse mercado proporciona, e é esse perfil de investidor que será dominante em alguns anos. Nós acreditamos sim que os millennials são uma estratégia fundamental para nós.