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Em Brasília, Putin e Xi culpam guerra comercial por crescimento global menor

14 nov 2019, 1:54 - atualizado em 14 nov 2019, 1:54
BRICS Bolsonaro
Segundo Putin, os países do Brics podem contribuir para suavizar a desaceleração econômica global, ao estreitarem os laços comerciais e tecnológicos entre si (Imagem: Marcos Corrêa/PR)

A diminuição do protecionismo é essencial para enfrentar a desaceleração econômica global, disseram hoje (13) os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping. Em discursos no encerramento do Fórum Empresarial do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os dois líderes defenderam o aprofundamento do comércio internacional para haver desenvolvimento.

Segundo Putin, os países do Brics podem contribuir para suavizar a desaceleração econômica global, ao estreitarem os laços comerciais e tecnológicos entre si.

Vladimir Putin
Putin: desde 2018, o mundo enfrenta um desaquecimento econômico e deve encerrar 2019 com o menor crescimento em dez anos (Imagem: Marcos Corrêa/PR)

“Dada essa recessão dupla que temos enfrentado, temos visto o crescimento de atitudes protecionistas, de problemas alfandegários. Os países do Brics têm de se esforçar para não se deixar abater por essas coisas. Temos de manter o nível de vida de nossas populações ou até aumenta-las”, declarou.

Ele disse que, desde 2018, o mundo enfrenta um desaquecimento econômico e deve encerrar 2019 com o menor crescimento em dez anos.

Em 2020, a Rússia assumirá a presidência rotativa do Brics. Putin lembrou que o comércio do país com os demais membros do grupo tem aumentado mais de 20% nos últimos cinco anos.

Vladimir Putin
Putin lembrou que o comércio do país com os demais membros do grupo tem aumentado mais de 20% nos últimos cinco anos (Imagem: Marcos Corrêa/PR)

O presidente russo destacou as cooperações entre os integrantes do Brics nas áreas farmacêutica, de exploração espacial, aeronáutica e disse que o governo russo está disposto a aumentar o intercâmbio na área de tecnologia da informação, de informática e em energia limpa, principalmente no segmento de gás natural.

O aumento do protecionismo global também foi abordado por Xi Jinping em seu discurso. Segundo ele, a guerra comercial desestimula os investimentos em inovação, o principal instrumento para impulsionar a economia global.

Xi Jinping Jair Bolsonaro
“O crescente protecionismo e as ameaças no mundo estão ameaçando o comércio internacional”, disse Jinping (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

China e Estados Unidos, as duas maiores economias do planeta, enfrentam tensões comerciais desde que o governo do presidente Donald Trump decidiu impor tarifas a produtos chineses, com retaliações do país asiático.

“Com a nova rodada de transformações industriais e tecnológicas, os motores de desenvolvimento estão ajudando a aumentar a produtividade, a avançar nas áreas sociais e econômicas. No entanto, o crescente protecionismo e as ameaças no mundo estão ameaçando o comércio internacional e o investimento internacional e também levando a uma desaceleração mundial da economia”, disse o mandatário chinês.

Xi Jinping
Xi: “Nos últimos cinco anos, a China tem contribuído, em média, cerca de 30% do crescimento econômico mundial”(Imagem: Marcos Corrêa/PR)

Em seu discurso, Xi Jinping defendeu a ampliação dos investimentos em inovação, economia digital e economia verde (desenvolvimento aliado às preocupações com o meio ambiente) e afirmou que o país está empenhado em abrir o comércio. Ele destacou que o desenvolvimento da China representa uma oportunidade para o mundo inteiro, principalmente para os países do Brics.

“Nos últimos cinco anos, a China tem contribuído, em média, cerca de 30% do crescimento econômico mundial. No ano passado, o investimento externo da China foi de US$ 143 bilhões, 53% a mais que no ano anterior. A decisão da China é de abrir ainda mais o mercado. Portanto temos a mesma expectativa de aumentar o crescimento no futuro”, acrescentou.

O primeiro-ministro agradeceu a decisão unilateral do presidente Jair Bolsonaro de dispensar visto para turistas e homens de negócios da Índia e da China (Imagem: José Paulo Lacerda)

Índia

O primeiro-ministro indiano, Nahendra Modi, disse que os países do Brics têm buscado harmonizar os procedimentos tributários e alfandegários de forma a aumentar os fluxos comerciais e de investimentos.

Ele ressaltou o progresso do grupo nos últimos anos em ampliar a cooperação entre os bancos e na área de direitos de propriedade intelectual e disse estar empenhado para elevar para US$ 5 trilhões o tamanho da economia da Índia até 2024.

Brasil e Índia
Modi ressaltou o progresso do grupo nos últimos anos em ampliar a cooperação entre os bancos e na área de direitos de propriedade intelectual(Imagem: Isac Nóbrega/PR)

Modi sugeriu que o Fórum Empresarial do Brics, formado por representantes de empresas do grupo, mapeie como as economias dos cinco países membros se complementam e identifique áreas prioritárias para investimentos conjuntos entre os países.

O primeiro-ministro agradeceu a decisão unilateral do presidente Jair Bolsonaro de dispensar visto para turistas e homens de negócios da Índia e da China.

“Agradeço ao presidente do Brasil a sua decisão recente de permitir a entrada de cidadãos indianos sem a necessidade de vistos. Os cinco países também deveriam considerar mecanismos tais como um acordo preferencial mútuo. Amigos, talvez estejam também cientes dos avanços recentes nos rankings de facilidade de fazer negócios”, declarou Modi.

Cyril Ramposa
“Até 2050, a população da África terá crescido a até 2,5 bilhões de habitantes”, disse Ramaphosa (Imagem: Marcos Corrêa/PR)

África do Sul

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que o país está fortalecendo os pilares do crescimento sustentado, tais como educação, meio ambiente e respeito ao Estado de Direito. Ele ressaltou que seu governo tem dado incentivos para mais investimentos, como o desenvolvimento da zonas econômicas industriais com infraestrutura de nível internacional.

Ramaphosa disse que a África do Sul está revisando o regime de vistos para acolher pessoas capacitadas e competentes, de várias partes do mundo, para visitarem, fazerem negócios e trabalharem na África do Sul. Ele destacou ainda o potencial econômico do continente africano para os países emergentes.

“Até 2050, a população da África terá crescido a até 2,5 bilhões de habitantes. Ao criarmos uma área de livre comércio unificada na África, temos por objetivo tornar esse potencial humano subjacente em oportunidade efetiva de alcançar crescimento compartilhado e sustentável”, disse.