Dólar: o que está acontecendo e para onde vamos
O dólar no Brasil irá deixar de se guiar pelos eventos internacionais e se tornar mais suscetível ao noticiário interno no curto prazo, avalia o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita.
“A melhora do ambiente internacional, em particular a redução das tensões sociais na América Latina, trouxe alívio para moedas emergentes e para o real”, explica em um relatório enviado a clientes nesta sexta-feira (17).
Vale lembrar que o acordo entre os EUA e a China na questão comercial também acalmou os mercados financeiros no início deste ano.
“Na ausência de choques externos significativos, existe até espaço para uma ligeira apreciação da moeda em razão de um fluxo de capitais mais intenso resultante da perspectiva de crescimento maior da economia brasileira, compensando pelo menos em parte o impacto do diferencial de juros menor”, indica.
Dados fracos
Os últimos da economia brasileira, contudo, jogaram contra e o real voltou a se desvalorizar e bater os R$ 4,20 contra o dólar.
“No curto prazo, os movimentos da moeda brasileira devem continuar relacionados à perspectiva de recuperação da economia. Contudo, reconhecemos que não temos observado, por ora, esse fluxo relacionado ao aquecimento da atividade.”, aponta.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de apenas 0,18% em novembro na comparação com o mês anterior.
Outro indicador, o de varejo, mostrou fraqueza e também atuou como força sobre a movimentação do dólar nesta semana.
As vendas no varejo brasileiro subiram 0,6% em novembro na comparação com o mês anterior e 2,9% sobre um ano antes. As expectativas eram de avanços de 1,1% na comparação mensal e de 3,8% sobre um ano antes.
A taxa de câmbio estimada pelo Itaú está em R$ 4,15 por dólar em 2020 e 2021.