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Distopia? Medidas de segurança geram preocupação sobre liberdade e privacidade

02 abr 2020, 9:16 - atualizado em 02 abr 2020, 9:16
A reação ao coronavírus anuncia um grande aumento na supervisão tecnológica. Muitos estão preocupados que essa tendência possa ser difícil de reverter (Imagem: Unsplash/@matthewhenry)

Do rastreamento de cidadãos com aplicativos e pulseiras ao uso de reconhecimento facial e drones para localizar pessoas que não estão respeitando a quarentena: governos estão aplicando ferramentas poderosas e intrusivas para combater a pandemia.

Porém, essas ferramentas ameaçam a privacidade individual.

Isso gerou uma grande reação de alguns membros da comunidade cripto. Edward Snowden, que vazou informações sobre abusos de privacidades das agências de segurança dos EUA, alertou que, mesmo se o coronavírus acabar, as medidas intrusivas poderão continuar.

“Quando vemos medidas de emergência serem aprovadas, principalmente hoje, elas tendem a ser ‘grudar’”, afirmou ele em uma entrevista on-line durante o Festival Internacional de Documentários de Copenhagen.

“Essas medidas de emergência tendem a ser expandidas. Assim, as autoridades ficam confortáveis com o novo poder.”

Câmeras de segurança, aplicativos e pulseiras de rastreamento: a quem essas ferramentas realmente ajudam? (Imagem: Unsplash/@kiranck123)

Medidas “grudentas” de supervisão

Dados de países afetados demonstram que limitar drasticamente a liberdade individual é a melhor forma de evitar a propagação do vírus. Porém, em democracias ocidentais, tais medidas autoritárias e desagradáveis não haviam sido usadas desde a Segunda Guerra.

Cingapura, o país insular que é elogiado por lidar habilmente com a crise, manteve o vírus sob controle com uma medida de última geração que conta com um aplicativo de rastreamento — Trace Together —, incompatível com as leis de proteção de privacidade na Europa e nos EUA.

Embora seja algo que os ocidentais amantes da liberdade odeiem, a efetividade da abordagem evitou que escolas e empresas precisassem interromper suas atividades, mitigando a queda econômica.

Medidas parecidas foram implementadas na Ásia e em outros países que estão liderando o combate contra o vírus.

China está usando escâneres térmicos instalados em lugares públicos, como estações de trem, que identificam aqueles que estão com febre.

Tais tecnologias estão sendo fundamentais no combate ao coronavírus, mas serão usadas apenas para esse fim? (Imagem: Unsplash/@pawel_czerwinski)

Na Coreia do Sul, cidadãos devem obrigatoriamente instalar um aplicativo que obriga o autoisolamento, com a ameaça de uma multa de US$ 8,4 mil ou até um ano de prisão.

De forma parecida, o governo de Hong Kong foi elogiado por obrigar o uso obrigatório de uma pulseira que rastreia a localização de novos entrantes do país.

Porém, democracias ocidentais que estão considerando aplicar medidas como essas estão gerando revolta.

Na Europa e nos EUA, empresas de tecnologia e de comunicação estão em negociação com governos para o compartilhamento de dados que poderia ajudar a rastrear a propagação do COVID-19.

Mas tais medidas vão contra a corrente para sociedades que estão gradualmente trabalhando para proteger os direitos do cidadãos por meio de legislação de proteção de dados.

Conforme sugere Snowden, é improvável que os dados valiosos compartilhados em tais acordos sejam devolvidos de bom grado.

“Eles já sabem o que você está vendo na internet”, afirmou Snowden na entrevista. “Eles já sabem aonde vai o seu telefone. Agora eles sabem qual é a sua frequência cardíaca e o seu batimento cardíaco. O que vai acontecer quando começarem a misturar e aplicar inteligência artificial?”

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