Direto de Cannes: A arte de fazer perguntas

Por Giovanna Ricci – Jornalista com expertise em propaganda há mais de uma década em grandes agências

Um dos temas que mais me chamou a atenção entre os painéis foi o que prometia falar sobre a arte de fazer perguntas. De um lado, Adam Singola, fundador da Taboola, uma plataforma de conteúdo que usa dados para a recomendação de artigos. Do outro lado, o psicólogo e professor de Harvard Steven Pinker, autor de títulos sobre linguagem e ciências cognitivas.

Direto de Cannes: onde as marcas se expõem

Minha expectativa era um debate sobre o desafio entre inteligência artificial e a criatividade dos humanos. Quem faria as melhores perguntas? E foi exatamente isso que aconteceu. Logo no começo falou-se sobre a batalha entre humanos e máquinas. E para sessar qualquer desconforto, Pinker começou dizendo que a criatividade é parte do que somos.

E sobre as perguntas, com tranquilidade ele afirmou que podemos combinar palavras e fazer perguntas das mais diversas maneiras. Falou também sobre o que eu entendi como sendo uma fortaleza dos homens, que é a criação de teorias a partir de analogias. E sim, isso é algo brilhante, único e significativo. Conseguimos associar um termostato a regulagem das taxas de açúcar no sangue. E isso não é raro, faz parte dos homens fazer analogias. Fazemos isso o tempo todo, pois a mente humana é boa em fazer comparações e combinações análogas.

Entre tantos assuntos, falou-se sobre a vilania vinda por parte da tecnologia. Estamos perdendo as crianças para as redes sociais? Tecnologia cria depressão? Quais as taxas que as crianças pagam por passar tanto tempo em frente as telas?

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E novamente com muita tranquilidade o professor falou que novas tecnologias sempre trazem preocupação. A televisão foi assim. O telefone no quarto dos adolescentes foi assim. Até os livros foram motivo de preocupação para uma geração, afinal, as pessoas estavam passando tempo demais lendo.

Para Steven Pinker, as redes sociais podem sim trazer problemas, mas só se você for uma pessoa obcecada. Se usar com moderação, não terá nada demais.

Voltando para a batalha entre máquinas e homens, um sistema pode saber mais sobre o cônjuge, mas isso só acontece por que as estatísticas são como fórmulas. E fórmulas sempre ganham de experts.

A mensagem que ficou desse painel é que inteligência artificial pode ser surpreendentemente poderosa, assim como pode ser surpreendentemente falha. Tudo isso porque manipula a lógica.

A mente humana continua sendo poderosa. Temos um elemento surpresa que é a imaginação. Criamos situações, mundos. Não podemos dizer que a inteligência artificial nunca vai chegar lá e nunca vai fazer isso… mas pelo menos por enquanto, isso será um pouco mais difícil.