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DigiByte: deslistagem na Poloniex gera alvoroço

10 dez 2019, 10:35 - atualizado em 31 maio 2020, 15:49

Fundador da DigiByte chamou TRON de “uma fraude descarada” e afirmando que “Poloniex se tornou em uma fábrica e chamariz de [moedas] TRON após roubar os dados pessoais dos clientes americanos” (Imagem: Medium/Rudy Bouwman)
Poloniex estava se preparando para um relançamento ameno após um grupo de investidores asiáticos (incluindo Justin Sun, fundador da TRON) prometerem investir US$ 100 milhões na corretora depreciada. Agora, um desentendimento entre a Poloniex e a DigiByte pôs o relançamento em risco.

Uma discussão pública no Twitter entre a Poloniex e a DigiByte levou ao deslistamento da moeda na corretora, e gerou um protesto com a hashtag #StandWithDigiByte (“Apoie a DigiByte”).

A polêmica começou quando Jared Tate, fundador da DigiByte, enviou uma enxurrada de tuítes no dia 5 de de dezembro.

Ele falou sobre uma relação inapropriada entre a TRON e a Poloniex, chamando TRON de “uma fraude descarada” e afirmando que “Poloniex se tornou em uma fábrica e chamariz de [moedas] TRON após roubar os dados pessoais dos clientes americanos”.

Tais críticas são bem comuns na desordem do “CriptoTwitter”. No entanto, logo após do passo a mais da Poloniex, a corretora tuitou que “após avaliação cuidadosa”, decidiu deslistar o token DigiByte.

A corretora Poloniex parece estar sempre envolvida em polêmicas no “CriptoTwitter” (Imagem: Unsplash/@pgreen1983)

De volta aos holofotes

Poloniex, que antes dominava a maior parte do mercado de negociação de altcoins (criptomoedas alternativas ao bitcoin) com a Bittrex, foi vendida para a Circle, apoiada pela Goldman Sachs, após a febre das altcoins no início de 2018.

Em seguida, a corretora caiu no esquecimento com o mercado de baixa e a migração dos negociadores para a Binance.

No Twitter, no dia 12 de novembro, Justin Sun, fundador da TRON, admitiu que foi um dos vários investidores que forneceriam US$ 100 milhões para o redesenvolvimento e a expansão da Poloniex, enquanto a corretora ainda iria funcionar “independentemente”.

Essa independência foi questionada após um tuíte deletado em que a Poloniex falava para os negociadores comprarem TRON, sugerindo que a influência de Sun por trás dos bastidores talvez esteja modelando o futuro da corretora.

Ao mesmo tempo, os usuários da Poloniex ficaram revoltados quando a corretora começou a cobrar taxas para os clientes americanos que não retiraram os ativos armazenados na plataforma e ameaçaram fazer com que o governo a faça cumprir com as regulações.

O fato de que os dados pessoais de KYC (identificação de clientes) deveriam estar nas mãos desses novos investidores asiáticos foi demais para Jared Tate, fundador de DigiByte.

Em uma série de tuítes, ele chamou KYC de “roubo de identidade sancionado pelo governo” e afirmou que ele estava irritado que os dados de seus amigos e família tenham caído “nas mãos [da Poloniex]”.

Em resposta a essas preocupações dele, Poloniex publicou um tuíte conciso, admitindo profissionalmente que todos os dados dos clientes americanos são “preservados pela Circle” e acrescentando o que parece ser uma retribuição pessoalmente motivada.

“Aliás, após avaliação cuidadosa, decidimos que #DigiByte não está qualificada para nosso padrão de listagem. Iremos desligar DGB em breve. Os detalhes serão divulgados”, afirmou o tuíte.

Os entusiastas da DigiByte demonstram seu apoio à criptomoeda no Twitter por meio de uma hashtag (Imagem: Unsplash/@jontyson)

#StandWithDigiByte

A justificação detalhada para a deslistagem ainda precisa se materializar, fazendo com que os clientes da Poloniex tenham dificuldade em determinar por que a DigiByte não foi capaz de cumprir com os padrões de listagem.

No site da Poloniex, esses padrões são descritos como uma preferência para “protocolos abertos”, controlados por “participação racional de mercado”, neutralidade e recepção de “todos os ativos legítimos”.

Mas como destacaram vários comentaristas, pode-se dizer que a DigiByte é um protocolo mais aberto do que TRON, um fato admitido pela própria Poloniex no início de seu desenvolvimento, quando contratou um criptógrafo profissional para revisar o criptoativo proof-of-work.

A mudança repentina na postura da Poloniex sugere que a deslistagem talvez seja ou uma reação descontrolada às críticas ou uma estratégia de marketing deliberadamente hostil que, conforme o desenvolvedor de bitcoin Udi Wertheimer destacou, já foi bem-sucedida em tornar a Poloniex no “tópico preferido de todo mundo”.

E se essa estratégia hostil foi uma manobra de marketing criada para ajudar a Poloniex a se reestabelecer, dificilmente Sun teria escolhido um alvo mais hostil.

Apesar de vários líderes de criptoativos destacaram problemas com a TRON, Tate é conhecido por suas opiniões sinceras sobre corretoras centralizadas.

O porta-voz autoestilizado para a descentralização teve um desentendimento com a Binance em outubro de 2018, após a DigiByte ganhar uma competição de listagem pública e depois teve que pagar US$ 300 mil, ou 3% do fornecimento total do token, para ser listada na corretora.

Conforme salientado por Josiah Spackman, embaixador da marca e desenvolvedor na equipe DigiByte, esses recursos não estão simplesmente disponíveis de uma moeda verdadeiramente descentralizada sem uma grande pré-mineração.

Contudo, apesar de ter confrontado alguns dos maiores nomes na indústria, a DigiByte continua a sobreviver, talvez a prosperar.

Em uma entrevista após a briga, Spackman disse que a Poloniex só relatou 1% do volume de negociações da DigiByte e a controvérsia já resultou em mais corretoras o contatando a fim de listarem a moeda.

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