Criptoativos são alvos de crítica por conta de defesa de Zuckerberg à Libra
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No último round de análises minuciosas sobre a Libra, Mark Zuckerberg respondeu a algumas difíceis perguntas sobre o descrente projeto da criptomoeda no Congresso americano.
A audiência, sumariamente sobre o impacto da Libra nos serviços financeiros e de habitação, durou seis longas horas.
Os políticos competiram entre si para questionar Zuckerberg sobre questões tão diversas como lavagem de dinheiro, controle sobre dados de usuários e as recentes saídas da Mastercard, Visa, Paypal e eBay.
Apesar das variadas perguntas, que incluíram dúvidas sobre a veracidade do filme “A Rede Social” e críticas sobre o corte de cabelo de Zuckerberg, Bitcoin mal apareceu na conversa.
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Mesmo assim, alguns analistas sugeriram que obstáculos que afetam a Libra se espalharam pelo ecossistema cripto.
“Não sou o melhor mensageiro”
Em sua primeira fala, Zuckerberg apelou para a crise da população desbancarizada, afirmando que “existe mais de um bilhão de pessoas no mundo que não tem acesso a uma conta bancária, mas teria pelos celulares se houvesse um sistema adequado”.
Acrescentou que ele “pode não ser o melhor mensageiro” para tal sistema, permitindo a si mesmo que simplesmente passasse a responsabilidade para a Associação Libra, que ele diz garantir que o Facebook possui apenas controle limitado.
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Essas ideias não foram aceitas de imediato pelos legisladores, que desafiaram a assertiva de Zuckerberg de que a Libra deveria ajudar os pobres e desbancarizados, e criticou as falhas de segurança anteriores do Facebook.
Talvez o ataque mais agressivo tenha sido de Brad Sherman, congressista anticriptomoedas, que não hesitou em bombardear Zuckerberg sobre a ameaça iminente das criptomoedas à dominância do dólar.
“Ou as criptomoedas não funcionam, porque os investidores perdem muito dinheiro, ou elas alcançam seus objetivos e desfalcam o dólar americano como única moeda de reserva global”, disse Sherman a Zuckerberg.
“Você estará criando ferramentas poderosas de furto e permitindo que seus parceiros de negócio furtem.”
Um representante para a aceitação das criptomoedas
Anthony Pompliano, defensor do bitcoin, declarou no Twitter que o Bitcoin é uma criptomoeda descentralizada. Seu CEO fictício “estava impossibilitado” de comparecer à audiência e não poderia defender o Bitcoin.
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Conforme ficou claro na audiência, a Libra se beneficiou do Bitcoin ao marcar território no cenário financeiro emergente, junto com moedas corporativas como Libra e JPMCoin, além de projetos governamentais para criptomoedas, como o yuan digital da China.
Zuckerberg aconselhou que a criptomoeda chinesa poderia ser uma possível ameaça caso os Estados Unidos não permitam o lançamento de uma moeda digital equivalente.
Dias após a audiência da Libra, parece que a China agilizou seus planos de blockchain e os Estados Unidos correm o risco de ficar para trás.
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De acordo com analistas da corretora SFOX, a Libra se tornou tão associável ao Bitcoin que agora “age como um representante para avanço e aceitação geral das tecnologias cripto e de blockchain”.
“O fato de que a Libra está regredindo tanto e rapidamente dá a impressão de que vai demorar mais tempo que o esperado para o Bitcoin se tornar uma moeda mais amplamente aceita”, disse Matt Marley, estrategista de ações na Miller Tabak + Co.
Patric McLain, cofundador do MouseBelt, acelerador de blockchain de São Francisco, levou essa ideia um pouco mais adiante.
Ele contou à Brave New Coin que a audiência não foi sobre a Libra, mas foi uma maneira de o governo levar “o conceito de criptomoeda a julgamento” e demarcar que “criptomoedas não são bem-vindas nos Estados Unidos”.
Entretanto, alguns senadores já perceberam que não há muito que os governos possam fazer para impedir as criptomoedas descentralizadas.
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Antes da audiência, o senador Patrick McHenry disse que a Libra só está chamando atenção porque tem um comando eficaz de controle, e pode ser descrito por aqueles que têm uma reação “descontrolada” de que a nova tecnologia deva ser aniquilada.
Ainda assim, ainda é impossível se livrar do Bitcoin, como comprovado por sua presença constante na China.
“China tentou impedir o Bitcoin, mas não conseguiu. Existe um enorme firewall que restringe a liberdade de expressão e, ainda assim, eles não conseguiram bloquear o bitcoin”, afirmou McHenry ao programa Squawk Box da CNBC.
“O que eu não entendo sobre essa situação é que parece que muitos dos seus colegas estão mais incomodados com a Libra do que com o Bitcoin, o que é completamente inconcebível, pois ninguém consegue controlar o Bitcoin.”