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Cinco principais destaques do mercado acionário dos EUA no terceiro trimestre

07 out 2019, 18:15 - atualizado em 07 out 2019, 18:15
O mais significativo é que cinco tendências visíveis no desempenho do mercado afetaram as ações durante a primeira semana de outubro, o que pode influenciar as negociações pelo resto do ano (Imagem: Pixabay)

Por Charley Blaine/Investing.com

O mercado acionário dos EUA terminou o terceiro trimestre de 2019 de forma modesta no início da semana passada. O S&P 500 e o Dow se valorizaram 1,19% cada, ao passo que o NASDAQ caiu 0,09%.

O mercado despencou novamente no início de outubro, com enormes perdas na terça e na quarta-feira, que não foram recuperadas pelos grandes ralis de quinta e sexta-feira. O SPX fechou com queda de 0,33%, assim como o Dow, que se desvalorizou 0,92%. O NASDAQ teve ganhos de 0,9%.

O mais significativo é que cinco tendências visíveis no desempenho do mercado afetaram as ações durante a primeira semana de outubro, o que pode influenciar as negociações pelo resto do ano. Estes são os principais destaques:

1. O SPX registrou pico no final de julho e vem enfrentando obstáculos desde então

O S&P 500 não conseguiu fechar acima dos 3.000 pontos desde 19 de setembro e está 2,5% abaixo do seu pico intradiário de 3.027,98, atingido em 26 de julho. Em 19 de setembro, o índice quase alcançou esse pico intradiário, mas não conseguiu.

Tecnicamente, esse não é um bom sinal. Quando uma ação ou índice chega perto mas não consegue ultrapassar o topo anterior, os investidores podem ficar céticos quanto à continuidade da força do rali. No caso do S&P 500, as preocupações macroeconômicas estão gerando dúvidas.

Vale ressaltar também que as ações podem estar perdendo vigor. No final do trimestre, o S&P 500 havia subido 18,7% no ano, mas 70% desse ganho ocorreu no primeiro trimestre, quando o índice de referência saltou 13,1%. No terceiro trimestre, o SPX caiu 0,8%.

2. Forças geopolíticas que pressionam os mercados precisam ser resolvidas

Os investidores e seus algoritmos têm ficado perplexos com a interminável disputa comercial entre EUA e China, que começa a impactar a indústria norte-americana e outros setores. As negociações devem recomeçar nesta semana, mas a China está demonstrando resiliência política.

O enfrentamento tarifário contribuiu muito para o crescimento anêmico da economia norte-americana e provocou uma leva de tuítes exaltados do presidente dos EUA, o que também estressa o mercado, apesar de Trump culpar em grande parte o Federal Reserve pelo declínio que está acontecendo.

Sem dúvida, Trump se esquece de que outra grande parte dos dados negativos para as ações inclui, além da disputa sino-americana, os preços de produtos agrícolas deprimidos e a batalha da Boeing para colocar de volta no ar seus aviões comerciais 737 MAX.

Também preocupa os investidores a desaceleração econômica na Europa, principalmente na Alemanha e no Reino Unido. Há ainda duas novas questões:

O processo de impeachment na Câmara contra o presidente dos EUA. Isso afetará o ambiente político até a eleição do ano que vem.

Eleições de 2020: Embora ainda haja muitos fatos desconhecidos, um temor que está ganhando força é o de que Elizabeth Warren possa ganhar a presidência e impor novas regulações sobre os sistemas financeiros e de saúde, bem como sobre as grandes empresas de tecnologia.

A maior arma de Trump talvez seja seus tuítes, principalmente sobre a China e o Fed. Eles desencadearam diversas quedas diárias neste ano.

3. Ganhos são cada vez mais impulsionados por poucas ações e setores rotativos

Considere o Dow. Cerca de 54% do ganho de 13,9% do índice, composto por 30 papéis, em 2019, pode ser atribuído a apenas 5 ações: Apple (AAPL), Home Depot (HD), Boeing (BA), Visa (V) e Microsoft (MSFT).

Cerca de 59% da valorização de 22,5% do NASDAQ 100 neste ano se devem a Apple, Microsoft, Amazon.com (AMZN), Facebook (FB), Comcast (CMCSA), Costco Wholesale (COST) e a ambas as classes de ações da empresa controladora do Google, a Alphabet (GOOG:GOOGL). Nos últimos tempos, a incerteza existente nos mercados desencadeou oscilações.

No fechamento de sexta-feira, cinco ações do Dow estavam sendo negociadas no intervalo de dois pontos percentuais das máximas de 52 semanas. Nike (NKE), Procter & Gamble (PG), Walmart (WMT), Home Depot e Verizon (VZ).

A média das ações do Dow está mais de 10% abaixo da sua máxima de 52 semanas. Um declínio de 10% em relação ao pico é a medida tradicional de uma correção.Apenas 10 ações do NASDAQ 100 têm preços no intervalo de até dois por cento das máximas de 52 semanas.

A Apple é a mais proeminente, a 0,6%. Entre as outras ações estão Dollar Tree (DLTR), PepsiCo (PEP), Celgene (CELG) e Charter Communications Inc (CHTR). A Microsoft está 3,2% abaixo da sua máxima de 52 semanas. A Amazon está 14,7% abaixo da sua máxima histórica, atingida há apenas um ano.

4. Ações do setor imobiliário podem estar formando uma bolha

Trata-se de uma análise um tanto quanto complexa, já que as vendas de imóveis e a construção de novas unidades ainda não se recuperou do grande crash do setor iniciado em 2007.

As baixas taxas hipotecárias, no entanto, parecem ter feito as permissões de construção e novas casas atingirem seu patamar mais alto do ano, apesar das enormes questões de acessibilidade nos principais mercados.

Juros baixos desencadearam a grande bolha do início dos anos 2000.

As ações das construtoras, no entanto, estão disparando. D.R. Horton (DHI), PulteGroup (PHM), Lennar (LEN) e NVR (NVR), as quatro maiores empreiteiras por volume de vendas, subiram em média 50% neste ano.

5. IPOs que não deram certo: o problema da Uber, Lyft, WeWork e Peloton

Inevitavelmente, até mesmo em mercados superaquecidos, sempre há uma ação ou um evento relacionado a uma ação que os investidores encaram como desarrazoado, como a aquisição de US$ 45 bilhões da TXU, uma prestadora de serviços públicos do Texas, em 2007, por gigantes do setor de aquisições, como KKR, Goldman Sachs e Berkshire Hathaway.

No caso da TXU, quando os preços da energia caíram, a empresa ficou paralisada. A tamanha audácia do negócio foi um sinal do quão superaquecido os mercados financeiros estavam. As ações registraram topo naquele ano, e é claro que ninguém vai se esquecer do que aconteceu no final de 2008.

O alerta vermelho deste ano ficou por conta da altíssima avaliação de IPOs (ofertas iniciais de ações) que se deram muito mal após o início das negociações dos seus papéis, ou mesmo antes disso, como é o caso da empresa controladora do WeWork, a We.

Uber (UBER), Lyft (LYFT), WeWork e Peloton Interactive (PTON) registraram um rápido crescimento de receita. Os lucros, no entanto, não existem e provavelmente não existirão por um bom tempo. E, agora, os investidores estão se recusando a bancar prejuízos.

A questão para os investidores com visão de futuro é simples: apesar do rali do fim da semana passada, será que esses IPOs problemáticos, juntamente com os fatores elencados anteriormente, terão um efeito psicológico negativo sobre as ações? Não podemos saber, evidentemente, mas vale a pena ficar atento a fatores técnicos e aos fundamentos.