Céu de brigadeiro para Embraer está com os dias contados
A associação entre as fabricantes de aeronaves Airbus e Bombardier no programa de jatos comerciais CSeries acirra a competição no segmento com a Embraer (EMBR3). A cartada fortalece a recomendação de ‘venda’ atribuída pela Bradesco Corretora às ações da brasileira, mas a equipe do BTG Pactual vê elementos para comprar em caso de queda forte na Bolsa.
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A transação coloca o CSeries – principal rival da Embraer no mercado de aviões com 100 a 150 assentos – em outro patamar, se beneficiando do porte e distribuição da europeia Airbus, dona de uma planta industrial no Alabama, nos Estados Unidos. Isso é especialmente relevante ao se considerar que o governo americano chegou a impor uma tarifa de 220% à canadense Bombardier por conta de acusações de dumping apresentadas pela Boeing.
Com isso, “o CSeries agora representa uma ameaça maior à liderança de mercado da Embraer”, escrevem os analistas do BTG Renato Mimica e Samuel Alves, em relatório divulgado nesta terça-feira (17). É “mais um gigante” entrando na briga, notam Victor Mizusaki e Aloisio Lemos, da Bradesco Corretora, que estipulam preço-alvo de R$ 14,00 à ação EMBR3.
Nesta sessão, na Bolsa brasileira (B3), os papéis da Embraer registravam queda de 3,71%, cotados a R$ 16,37, enquanto o Ibovespa exibia desvalorização de 0,08%, aos 76.828 pontos.
Apesar da notícia negativa, a dupla do BTG olha para o copo meio cheio. Para eles, além de mostrar o interesse pelo mercado de 100 a 150 assentos, o negócio tende a trazer mais racionalidade de preços no longo prazo – a Bombardier é considerada agressiva comercialmente.
Além disso, cresce a importância estratégica da Embraer para a Boeing, cujo portfólio pode ser complementado pela brasileira. “As companhias já possuem algumas alianças e nós não descartamos um cenário no qual elas criem laços ainda maiores no longo prazo.”
Venda
Mizusaki e Lemos, por sua vez, reiteram fatores para justificar o viés negativo aos papéis da Embraer: “Reduzida carteira de pedidos (backlog) de jatos da família E1 (geração atual da aeronave) a ser entregue em 2018, o que poderia frustrar as expectativas de mercado com os resultados futuros; e preços voláteis do petróleo, que poderiam continuar a adiar as decisões das companhias aéreas sobre a renovação de suas frotas, aumentando a concorrência com os Boeing 737 e os Airbus A320.”