Caldeirão político ferve e Luciano Huck deve sair do muro
Entre os não-políticos candidatos o nome mais falado no momento é, sem dúvida, o de Luciano Huck. Hoje a pesquisa Barômetro Político Estadão-Ipsos o alçou ao topo da aprovação em uma lista de 23 nomes. O burburinho sobre a sua candidatura, provavelmente pelo PPS, esquentou o caldeirão político e deve fazer com que ele saia do muro oficialmente nos próximos dias.
A confirmação, ou não, da celebridade na briga em 2018 é uma consequência que o mercado e os eleitores começarão a ver nos próximos meses. Huck pode ser uma das primeiras baixas ou confirmações e, ao se posicionar em definitivo, certamente fará com que outros façam o mesmo.
Na quinta-feira (23), uma mensagem publicada pelo jornalista Gilberto Dimenstein em sua página no Facebook frustrou quem estava se acostumando com a ideia de Huck no caldeirão político de 2018. “Atenção. Luciano Huck informou ontem a seus familiares e amigos próximos que não será candidato a presidente.”
Na sequência, Mônica Bergamo, da Folha, informou ter confirmado o fato com dois interlocutores do apresentador. “Huck tem dito que se pronunciará definitivamente sobre o tema nos próximos dias”, diz texto da coluna. “Entre seus amigos, há uma desconfiança de que pesquisas recentes reforçando seu prestígio possam fazê-lo pender de novo para a candidatura”, acrescenta.
Nesta sexta-feira (24), saiu no Estadão que as informações de que o apresentador decidiu não disputar a eleição têm o objetivo de amenizar a pressão em cima dele. A interlocutores, segundo o jornal, ele diz que o martelo não foi batido.
Análise
Lucas de Aragão, cientista político e diretor da Arko Advice, lembra que essa pesquisa não diz muito por medir apenas a imagem e não a capacidade política. “Neymar ou Ronaldinho teriam números parecidos. Como disse antes, a viabilidade dele existe, mas depende de uma boa coalizão partidária”, avalia. Para ele, Huck precisa de uma estrutura partidária, o que não pode ser viável sozinho pelo PPS.
O cientista político e diretor da consultoria Pulso Público, Vitor Oliveira, avalia que a chance de Huck está ligada ao nível de coordenação partidária. “Quanto mais próximos estivermos de um cenário como o visto desde 1994, com PT e PSDB aglutinando as elites políticas, ele tende a ser mais um outsider que não consegue desfazer a polarização. Eu, particularmente, acredito em um cenário de coordenação partidária reduzida, pior do que vivenciamos em 2002, mas não no mesmo nível que 1989, quando todos lançaram candidato”, diz.
Ou seja, a partir daí, argumenta o cientista político da Pulso, a candidatura dele não seria uma loucura porque com menos coordenação partidária, reduz-se o custo de entrada nessa competição. “O candidato fica menos dependente de cabos eleitorais, prefeitos e palanques em todos os estados, podendo conquistar estas coisas se chegar num 2º turno”, analisa.
Outsider
Em entrevista ao Money Times, o brasileiro Will Landers, diretor de mercados emergentes na BlackRock, opinou sobre a corrida presidencial. Para ele, dificilmente haverá uma volta ao populismo. “Já o candidato não-político tem chance porque temos visto isso em vários lugares do mundo e, mesmo eles, entendem que precisarão montar um time para lidar com Brasília e outro para continuar com o plano econômico. Para o mercado, vai fazer pouca diferença nesta lista que está se formando.”
Também em conversa com o Money Times, na quarta-feira (22), o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, que participou da formulação do Plano Real e, em setembro, trocou o PSDB pelo Partido Novo, declarou que vê chance de ascensão de um outsider no ano que vem:
“Já aconteceu no Brasil de candidatos de partidos recentes, sem tanta tradição, que foram bem em eleições majoritárias. Então por que não? É um ambiente de rejeição da política tradicional como eu nunca vi (…) É também um ambiente muito diferente do ponto de vista do impacto das redes sociais e da internet na vida das pessoas. É um momento único também onde o celular está na mão de cada brasileiro e é pelo celular que a maior parte das pessoas jovens tem o seu noticiário, mais do que pela televisão. São vários elementos que dão um caráter diferente a essa eleição de agora.”
No sábado (18), o Novo anunciou o empresário João Amoêdo, um dos fundadores da sigla, como pré-candidato à Presidência.
Articulação
O Partido Popular Socialista (PPS) se organiza para reunir lideranças em um “campo democrático” de centro contra as candidaturas do lulopetismo e de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, segundo o presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire.
Nessa estratégia, está “esperançoso” em firmar uma aliança com o movimento Agora!, grupo que reúne empresários e ativistas interessados em mobilizar políticas públicas sob um projeto de Brasil, e tem o apresentador de TV Luciano Huck, possível candidato à Presidência, entre os seus membros.
“O PPS entende que talvez o ideal seria uma candidatura que unificasse a todos. Luciano Huck é uma das possibilidades. Mas não tem nada definido, inclusive, se vamos ter uma candidatura”, disse Freire, ex-ministro da Cultura, em entrevista, por telefone, ao Money Times na última sexta-feira (17).
(Atualizada às 7h50)