“Brasília, temos um problema”, diz The Economist sobre Bolsonaro
Citando o candidato do PSL como uma “ameaça à democracia”, a revista britânica The Economist publicou um editorial analisando os impactos da candidatura de Jair Bolsonaro no Brasil e no mundo. Para a publicação, mesmo sem sair com uma vitória, a mera candidatura do ex-militar é o bastante para mostrar que o chão central político está sucumbindo.
“Até muito recentemente, ele era um deputado obscuro cujo principal talento era ofender”, diz o texto, que cita o caso da discussão com Maria do Rosário e a vez na qual ele insultou quilombolas. “Bolsonaro propõe soluções brutais para os problemas do país. Ele acha que ‘um policial que não mata não é policial’ e quer reduzir a idade penal para 14 anos. Em 2016, ele dedicou seu voto para o impeachment da então presidente Dilma Rousseff a Carlos Brilhante Ustra, comandante da política responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos durante a ditadura militar. ”
Citando a taxa de rejeição de mais de 60% atribuída ao candidato, o texto ainda diz que ele não merecia ter chegado tão longe nas pesquisas, argumentando que ele não tem suporte de nenhum partido forte. O texto não menciona os feitos da história política do candidato.
O texto afirma que Bolsonaro seria um “presidente desastroso”. “Sua retórica mostra que ele não não tem respeito por muitos brasileiros, como os homossexuais e os negros, para governar de forma justa. Há pouca evidência da sua compreensão dos problemas econômicos do Brasil o bastante para resolvê-los. Suas referências ao período ditatorial fazem dele uma ameaça à democracia em um país cuja fé foi abalada pela situação econômica. ”
Bolsonaro continua na frente nas pesquisas, mas em termos regionais, há pequenas diferenças: a pesquisa CNT/MDA, focada em São Paulo, mostra um empate técnico com Geraldo Alckmin; se Lula conseguisse de fato ser candidato, o candidato do PSL também perderia o primeiro lugar. É importante lembrar que o tempo de TV deve ter um papel importante nesta eleição, e que Bolsonaro não terá muito tempo de propaganda eleitoral.
A publicação conclui dizendo que não há espaço para complacência; outros países com a mesma situação do Brasil em termos de criminalidade e agonia econômica elegeram candidatos que os analistas julgaram improváveis. “Isso pode acontecer de novo”, segundo o The Economist.