Bolsa absorve ruído com BB, mas tem leve queda no início de semana de decisão do Fed
A bolsa começa a semana com a cautela marcando presença às vésperas da decisão do Federal Reserve a respeito dos juros nos Estados Unidos e após o presidente Jair Bolsonaro gerar ruído ao dizer que o Banco do Brasil (BBAS3) deveria reduzir os juros. Isso acabou esfriando a percepção favorável gerada com a movimentação política do fim de semana.
Os encontros entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e Bolsonaro no limiar da tramitação da PEC da reforma da Previdência na comissão especial agradaram investidores. O início dos trabalhos por lá deve começar em 7 de maio, gerando um vácuo de novidades sobre a reforma que pode realçar especulações sobre a articulação do governo. Nesta segunda-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,05%, perto da estabilidade, a 96.187 pontos.
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As ações do Banco do Brasil chegaram a cair 1,82% antes da valorização de 0,04% no encerramento do pregão. O tombo expressivo veio logo após Bolsonaro pedir ao BB para cobrar juros menores durante pronunciamento em uma feira agrícola. “Apelo para o seu coração, seu patriotismo, para que esses juros caiam um pouquinho mais”, disse Bolsonaro ao presidente do banco, Rubem Novaes, em evento em Ribeirão Preto.
O comentário trouxe de volta algum receio de intervenção do governo em empresas estatais para acelerar a retomada da economia. Mas a preocupação durou pouco; investidores relativizavam o contexto da fala num tom descontraído.
As ações de Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4), que apresenta seus resultados do primeiro trimestre na quinta-feira, acabaram caindo, pressionando o Ibovespa. Na outra ponta, os papéis da farmacêutica Hypera (HYPE3) subiram 5,96%, maior alta desde janeiro, após divulgar lucro líquido 7,1% maior no primeiro trimestre. O BTG Pactual elevou o preço-alvo para a ação para R$30, citando recuperação gradual na receita e mantendo a recomendação de compra.
O dólar futuro voltou a subir frente ao real após duas quedas seguidas, acompanhando a menor propensão a risco por parte dos investidores, além do ajuste de posições antes da disputa técnica de todo fim do mês para a fixação da taxa Ptax, nesta terça-feira.
Agências internacionais dizem que há apostas em torno da possibilidade de o banco central americano cortar a taxa básica de juro do país ainda neste ano, mesmo após o dado prévio da semana passada que mostrou crescimento do PIB do primeiro trimestre bem mais forte que o previsto. Nesse sentido, chamaram a atenção nesta segunda-feira os dados de renda e inflação dos EUA, que vieram abaixo do esperado.
Atento aos sinais de desaceleração global, o mercado irá conhecer amanhã o PIB da Zona do Euro referente ao primeiro trimestre, além da taxa de desemprego na Alemanha e números de confiança e do setor imobiliário nos EUA. Uma série de resultados trimestrais de grandes empresas também é esperada para os próximos dias, o que fez o índice S&P500 bater novo recorde nesta segunda-feira, com alta de 0,11%.