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Blindagem corporativa da Petrobras tem 1º grande teste; Ações despencam

23 maio 2018, 17:28 - atualizado em 23 maio 2018, 18:10
Pedro Parente vê a base da reconstrução da Petrobras, a política de preços, ser ameaçada

A Petrobras (PETR3; PETR4) enfrenta nesta semana o seu maior teste de blindagem corporativa desde a nomeação do atual presidente, Pedro Parente, em maio de 2016, e da adoção da sua política de preços em outubro daquele mesmo ano.

Como é calculado o preço da gasolina e do diesel no Brasil?

A sociedade, com as greves dos caminhoneiros em seu terceiro dia, o governo e o Congresso passaram a pressionar a estatal após um aumento dos preços domésticos da gasolina e do diesel em 17% e 16%, respectivamente, nos últimos 30 dias.

Ontem, após reunião com os presidentes da Câmara e do Senado, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, se comprometeu a zerar a Cide sobre o diesel. O corte, entretanto, está condicionado à aprovação do projeto de reoneração da folha de pagamento.

“Enxergamos esta decisão do governo como benéfica para a companhia petrolífera, uma vez que acreditamos que quaisquer mudanças significativas na política de preços da Petrobras poderiam ser negativamente recebidas pelo mercado, já que isso diminuiria a visibilidade da empresa de gerar resultados positivos em seus principais negócios de refino”, ressaltou o analista Christian Audi do Santander, em um relatório.

Congresso irá questionar a política de preços da Petrobras, afirma Eunício Oliveira

Isso não parece ter sido o suficiente. Em declaração feita hoje, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, disse que o Congresso irá questionar a política de precificação da Petrobras. Além disso, Rodrigo Maia, já disse que quer incluir no debate a redução do PIS/COFINS.

“Queremos ampliar para gasolina, mas queremos fazer as contas antes.” Maia calcula que, com a medida provisória do Fundo Soberano, entrarão no caixa do governo R$ 25 bilhões. “Aí queremos discutir gás de cozinha e gasolina”, completou.

Impacto

Com a estatal anunciando hoje pelo segundo dia consecutivo uma redução nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias, o burburinho sobre uma possível interferência estatal aumentou. Em um comunicado divulgado esta manhã, contudo, a Petrobras reiterou que a decisão foi totalmente amparada em princípios técnicos.

“Entre tais princípios destaca-se a adoção do preço de paridade internacional (PPI) como referência, sendo que o mesmo é calculado a partir das cotações internacionais, dos fretes marítimos, custos internos de transporte e taxa de câmbio”, informou no documento.

Ainda assim, as ações entraram hoje em seu quinto dia de desvalorização. As preferenciais (PETR4), que eram negociadas a R$ 27,39 no dia 16 de maio, agora são vendidas a R$ 23,46. É uma queda de 14,34%. As ordinárias (PETR3) vieram de R$ 31,63 para R$ 27,36, uma baixa de 13,5%. No mesmo período, o Ibovespa caiu 6,4%, o dólar recuou 2,16% e o petróleo Brent avançou 0,5%¨.

“Enquanto não for confirmado uma alteração no primeiro driver (mudança da política de precificação), vemos uma conjuntura positiva para a empresa e uma oportunidade de compra decorrente da queda observada. Entretanto, recomendamos aguardar por claros sinais de reversão positiva entre R$ 22 e R$ 23 para iniciar novas posições (não vamos lutar contra a fita)”, argumenta Victor Benndorf, da Benndorf Research.

Até agora, a blindagem corporativa montada por Parente tem resistido, mas não se sabe o poder de fogo da classe política alguns meses antes das eleições mais incertas das últimas décadas.

Petrobras
A empresa voltou a ter lucros no resultado do 1º trimestre de 2018

Resultados

Após quatro anos de resultados erráticos, pagamentos de indenizações, prejuízos, influência estatal, este parece ser o primeiro resultado limpo da estatal de petróleo após o início da Lava Jato.

A gigante alcançou um lucro líquido de R$ 6,961 bilhões, o que representa um crescimento de 56% na comparação com o visto um ano antes. O resultado foi impulsionado pelo aumento da cotação do Brent, que resultou em maiores margens nas exportações de petróleo, e maior lucro com vendas de derivados, em consequência da política de preços implementada.

Este é, segundo a estatal, o melhor resultado trimestral desde o início de 2013, quando a empresa havia lucrado R$ 7,69 bilhões. O endividamento, medido pela dívida líquida/EBITDA ajustado ficou em 3,52 vezes (sem o acordo da class action seria de 3,07). A meta é de 2,5 vezes ao final de 2018.

“Nosso objetivo, e ainda há muito o que fazer, é chegar a dezembro com uma empresa que tem indicadores de segurança entre os melhores do nosso setor, financeiramente equilibrada e com sua reputação recuperada”, disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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