Comprar ou vender?

As 30 ações que já acumulam queda em 2020. Quais delas vão virar o jogo?

15 jan 2020, 16:47 - atualizado em 15 jan 2020, 17:03
Futebol americano
Difícil de avançar: diversos fatores impedem a arrancada de 30 ações na bolsa (Imagem: Pixabay/KeithJJ)

Enquanto alguns papéis já dispararam nos primeiros dias do ano, outros acumulam perdas expressivas. Segundo o guia de ações da Mirae Asset, entre os dias 1º e 14 de janeiro, nada menos que 30 ações de empresas listadas na B3 (B3SA3) perderam valor. No mesmo período, o Ibovespa, principal índice do pregão, subiu 1,7%.

De longe, coube à Cielo (CIEL3) a nada honrosa liderança em desvalorização. A operadora de meios de pagamento acumula uma perda de 10,3% neste início de ano. Há tempos, a Cielo enfrenta um acirramento da concorrência.

Em 16 de dezembro, por exemplo, a Rede, controlada pelo Itaú Unibanco (ITUB4), reduziu o prazo de repasse de recursos para clientes com faturamento anual de até R$ 30 milhões para dois dias. Naquele pregão, as ações da Cielo recuaram 5,13%.

“Anjo caído”

Já em janeiro, um relatório do Bradesco BBI causou um tombo de 6,13% nos papéis num único dia. Isto porque, a gestora traçou um cenário desanimador para a Cielo em 2020. Para a instituição, a empresa é um “anjo caído” que não está pronto para levantar.

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Pressão nas alturas: Cielo terá problemas para manter resultados em 2020, segundo analistas (Imagem: Divulgação/Facebook/Cielo)

A metáfora foi acompanhada por um corte na recomendação de neutra para venda – algo forte, no costumeiro ambiente de eufemismos dos relatórios. O preço-alvo foi cortado de R$ 7 para R$ 6,50.

Mais recentemente, o UBS divulgou um relatório em que recomenda posição neutra para a Cielo. “Os lucros estarão provavelmente sob pressão durante 2020. As receitas deverão permanecer pressionadas, já que a Cielo seguirá reduzindo os preços para manter seus 40% da base de clientes”, diz o relatório do banco suíço.

Sangue latino

Em segundo lugar na ranking das maiores perdas deste começo de ano, vem o Itaú Unibanco (ITUB4), com um recuo de 5,5%. Com isso, o papel já devolveu quase todo ganho de 8,23% acumulado entre o primeiro e o último pregão de 2019.

Dois fatores deixam os investidores desanimados em relação ao banco. O primeiro é a instabilidade na América do Sul, que afeta suas operações na região – um preço involuntário pago por sua internacionalização. O impacto é tão claro, que foi admitido pelo próprio presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, em entrevista com jornalistas.

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Importação de problemas: tensão na América do Sul atrapalha o Itaú (Imagem: Gustavo Kahil/Money Times)

Os protestos no Chile, por exemplo, acarretaram perdas na bolsa nos primeiros dias deste mês. O Itaú possui mais de 200 agências no nosso problemático vizinho.

Além disso, o banco reduziu suas operações de crédito na Argentina, atingida por uma grave crise econômica nos últimos anos do governo Macri, a ponto de, agora, assistir ao retorno do peronismo, com a posse de Alberto Fernández.

Menos atraente

O segundo fator que pressiona o Itaú Unibanco na bolsa é a sensação de que ele perdeu a atratividade, quando comparado às expectativas geradas por outros bancos neste ano. Sobre os números do quarto trimestre, que devem ser divulgados em breve, o UBS observou, em relatório recente, que não espera grandes resultados.

Para ser exato, o UBS enfatizou a deterioração de alguns números importantes do Itaú. Os suíços preveem, por exemplo, um aumento no provisionamento para devedores duvidosos, causado sobretudo pela crise do Chile.

Mesmo o deferimento de impostos, estimado em R$ 4,5 bilhões pelo UBS, não deve ajudar, na medida em que esse dinheiro deve ser praticamente ofuscado pelo maior provisionamento para itens não financeiros, como processos trabalhistas.

“O guidance do banco deverá ser um pouco mais fraco que o de seus pares”, acrescenta o UBS. “Nós projetamos um crescimento nos lucros de 2% para o Itaú em 2020, e não descartamos que o guidance do banco venha um pouco abaixo de nossa expectativa, principalmente em relação a um custo de risco ligeiramente maior e margens mais fracas.”

Veja, a seguir, as 30 ações que acumularam perdas entre os dias 1º e 14 de janeiro, segundo a Mirae Asset. Algumas empresas estão representadas por mais de um papel, como a Petrobras, cujas ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4) caíram.

Variação Ticker Empresa
-10,3% CIEL3 Cielo
-5,5% ITUB4 Itaú Unibanco
-5,1% BBAS3 Banco do Brasil
-4,6% PMAM3 Paranapanema
-4,2% BRDT3 BR Distribuidora
-4,2% ITUB3 Itaú Unibanco
-3,8% BBDC3 Bradesco
-3,8% BBDC4 Bradesco
-3,4% LIGT3 Light
-3,1% SANB11 Santander
-3,0% CEAB3 C&A
-3,0% CVCB3 CVC
-2,9% ITSA4 Itaúsa
-2,6% POSI3 Positivo
-2,6% BRSR6 Banrisul
-2,4% TIET11 AES Tietê
-2,2% HGTX3 Hering
-1,6% ARZZ3 Arezzo
-1,3% SHOW3 Time for Fun
-1,2% LLIS3 Restoque
-1,2% TAEE11 Taesa
-1,1% RAIL3 Rumo
-1,0% TRPL4 Transmissão Paulista
-1,0% MEAL3 IMC Meals
-0,8% SLCE3 SLC Agrícola
-0,6% PETR4 Petrobras
-0,5% PETR3 Petrobras
-0,4% CCRO3 CCR
-0,3% CSMG3 Copasa
-0,3% CESP6 Cesp

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