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André Franco: duas claras tendências no universo cripto para 2020

16 dez 2019, 11:30 - atualizado em 29 fev 2020, 10:14
Tokenização e CBDCs serão um dos assuntos mais comentados no próximo ano (Imagem: Unsplash/@virgilcayasa)

Basicamente, estamos entrando na última semana do ano e, se você possui algum grau de ansiedade, já começou a pensar em como serão as suas festas de final de ano e, talvez, até como será o ano de 2020.

No meu caso, eu já havia planejado onde iria passar o Natal e a virada, então meu foco desta semana é de começar a pensar em como será o ano seguinte.

Dado que boa parte da minha realidade atual envolve criptoativos, não poderia deixar de lado minha alma de palpiteiro e falar daquilo que espero para o primeiro ano da nova década.

Nesse momento, existem duas vertentes dentro do universo cripto que mais me chamam a atenção, e acredito que são elas que irão ganhar mais destaque: tokenização de ativos reais e moedas de bancos centrais (CBDC).

Tokenização é o processo de representar um ativo de forma digital em um blockchain (Imagem: Square)

Tokenização de ativos reais

Para deixar todos os leitores na mesma página, quero trazer o conceito daquilo que chamo de tokenização de ativos reais com um exemplo prático que mais deve ganhar a atenção da mídia no ano que vem.

A tokenização é a representação de um bem físico dentro de alguma estrutura digital como um blockchain. Por exemplo, digamos que eu queira representar o valor de um prédio inteiro dentro de uma base de dados.

Usando um exemplo hipotético, vamos imaginar que um prédio inteiro na Faria Lima valha aproximadamente R$100 milhões e eu o represente como 1 milhão de tokens.

Isso quer dizer que cada token desse irá valer R$100 no momento em que o ativo foi criado. Da mesma forma que qualquer outro criptoativo, um token pode ser transacionado por meio de um blockchain e quem o possuir é dono de um pedacinho do prédio na Faria Lima.

Esse mercado deve ficar cada vez mais aquecido no ano de 2020 e uma amostra de quem pode levar esse tipo de inovação à mídia aconteceu neste ano que está para acabar.

O maior banco de investimento da América Latina, o BTG Pactual, criou e comercializou, para investidores estrangeiros, o primeiro token relativo ao mercado imobiliário do país.

BTG Pactual
O BTG Pactual tokenizou seus ativos mobiliários em forma de tokens RBZ (Imagem: Money Times)

O ReitBZ (RBZ) foi criado como um valor mobiliário tokenizado, sendo uma representação de ativos imobiliários não honrados pelos seus antigos donos.

Esse mercado de imóveis diz respeito a bens que não foram pagos por seus donos originais e, assim, tiveram que ir para o mercado novamente. O que o BTG fez foi utilizar a tokenização como uma forma de os investidores estrangeiros acessarem o mercado local de imóveis em recuperação (distressed real estate market).

Além disso, o banco não pretende parar apenas nessa iniciativa. A ideia é ofertar outros mercados para os investidores estrangeiros que, em um cenário de juros baixos ou negativos no mundo inteiro, vão se sentir mais atraídos por mercados que oferecem boa rentabilidade.

Por isso, a tokenização de ativos reais deve ser uma tendência para o ano de 2020. Além do BTG, bancos estrangeiros como o banco suíço UBS estão conduzindo projetos semelhantes e 2020 será o ano deles virem à tona.

As oportunidades e os benefícios desse modelo de representação digital são muitos, mas o que mais tem chamado a atenção dos bancos é o acesso à liquidez mundial instantânea. No caso do ReitBZ o BTG, apenas com uma plataforma proprietária, permitiu que investidores estrangeiros comprassem os ativos ofertados.

O ganho de eficiência no processo de distribuição, de auditoria e de acesso à liquidez mundial a baixo custo pode fazer uma verdadeira revolução no mercado e eliminar intermediários como as bolsas de negociação.

Se um banco pode fazer toda a originação e distribuição de um ativo com um computador e um programador, não existe motivo para acrescentar mais um intermediário nesse processo.

China é o país mais avançado na adesão da tecnologia de blockchain; seu yuan digital está previsto para 2020 (Imagem: NewsBTC)

Moedas de Banco Centrais (CBDC)

Outra tendência que deverá ter desdobramentos muito significativos no ano que vem são as moedas de bancos centrais. Elas entraram em pauta este ano principalmente pelo anúncio do Facebook de que iria lançar sua própria criptomoeda.

Com uma criptomoeda e mais de 2 bilhões de usuários em suas plataformas, Facebook, Instagram e Whatsapp, a empresa de Mark Zuckerberg se tornaria, facilmente, a maior nação do mundo.

Foi exatamente esse receio que fez lideranças de vários países e congressistas americanos pedirem para que os planos de lançamento da Libra não fossem adiante.

Inclusive, anúncios como o da China, tanto de querer tomar a dianteira no desenvolvimento de tecnologias relacionadas a blockchain quanto do lançamento da sua moeda digital, foram em decorrência do anúncio da Libra.

Além da China, o primeiro ministro francês Bruno Le Maire declarou que a ideia do Facebook é perigosa para a soberania dos países e propôs que o banco central europeu criasse sua própria CBDC.

Da mesma forma, Mark Carney, do Banco da Inglaterra, também instigou a criação, por meio dos bancos centrais, de uma moeda digital semelhante à Libra.

Unindo isso ao fato de que a China já iniciou os testes de sua moeda digital em duas cidades, Shenzhen and Suzhou, não restam dúvidas de que o ano de 2020 tem grande potencial para ser o ano em que as CBDCs irão ganhar cada vez mais as notícias e serão impostas pelos órgãos mundiais às populações.

Tokenização e CBDCs vão ajudar na adesão de criptoativos, e não os atrapalhar (Imagem: Shutterstock)

E o mercado de criptoativos, como fica?

Não vejo como essas duas tendências para o ano que vem podem jogar contra o mercado cripto.

Tanto a tokenização de ativos reais quanto as moedas de bancos centrais são progressos para o universo cripto, pois ajudarão as pessoas a compreender esse mercado e ainda o ajudarão na adoção.

Imagine que os maiores bancos privados do mundo, bancos centrais, países e empresas estão fazendo com que o conceito de criptomoedas comece a ser visto como comum pela população mundial.

Isso tem muito potencial para ser um marco na evolução desse mercado, que recentemente completou uma década e tem tudo para se consolidar na década que se inicia.

E você, o que acha? Tem uma opinião diferente? Acha que temos outras tendências mais fortes para o ano que vem? Então entra em contato comigo pelo Instagram e me diga.

Abraços.

Analista de Criptomoedas
André é Engenheiro Mecatrônico (USP) por formação e Empreendedor por vocação. Ao longo de sua trajetória profissional, já ajudou mais de 80mil pessoas com seus investimentos por meio da startup digital Investeaê e já ganhou prêmios e reconhecimentos da GE Healthcare, da Open Startups Brasil 2017 e do IV Prêmio Brasil Alemanha de Inovação de 2016 por meio da startup de healthcare Oxiot. Atualmente, quer impactar o mercado de Criptomoedas na Empiricus Research.
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André é Engenheiro Mecatrônico (USP) por formação e Empreendedor por vocação. Ao longo de sua trajetória profissional, já ajudou mais de 80mil pessoas com seus investimentos por meio da startup digital Investeaê e já ganhou prêmios e reconhecimentos da GE Healthcare, da Open Startups Brasil 2017 e do IV Prêmio Brasil Alemanha de Inovação de 2016 por meio da startup de healthcare Oxiot. Atualmente, quer impactar o mercado de Criptomoedas na Empiricus Research.
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