Eleições 2018

Aliança com Centrão motiva críticas a Alckmin nas redes sociais

25 jul 2018, 13:12 - atualizado em 25 jul 2018, 13:12

A coalizão entre o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e o chamado Centrão mobilizou mais de 36 mil menções ao tucano no período entre as 17hs de quinta-feira (19) e 17hs de sexta (20). É um aumento 715% na comparação com o dia anterior, quando foram registradas apenas 4,4 mil referências ao candidato.

Os dados são frutos de um monitoramento da FGV DAPP, que observou também que o viés das postagens era, em maioria, negativo. Mesmo com as notícias mais compartilhadas apontando a conquista do espaço de Alckmin no horário eleitoral, o tucano foi criticado por ter cedido às demandas, como a que envolve a discussão do financiamento de sindicatos. O compromisso com a demanda do deputado federal Paulinha da Força (SD) foi percebido como uma aproximação de Alckmin a uma pauta mais à esquerda — o que foi potencializado pelas notícias de um possível estreitamento de laços com o MST. O candidato não demorou para afirmar que esse não seria o caso.

A aliança com o Centrão também foi apontada como a “consagração” de Alckmin como um candidato que irá manter o status quo do governo atual, se eleito. Essas críticas permanecem nas referências do segundo pico de menções, mas com menor intensidade.

Depois de algumas horas de críticas, algumas menções mais positivas começaram a surgir, especialmente devido ao aparente otimismo do mercado com o fortalecimento do candidato. Com a aliança de Alckmin ao Centrão, um segundo turno entre Ciro Gomes e Jair Bolsonaro é percebido cada vez mais como um cenário improvável.

A partir de 10.214 retuítes sobre a polêmica aliança, a FGV DAPP fez um mapa analítico ilustrando o cenário do candidato nas redes sociais: o grupo azul representa 40% das contas e é composto por perfis de direita (com discurso de apoio a Jair Bolsonaro); o grupo critica a aproximação entre Alckmin e o Centrão, já que a coalizão é vista como ligada à corrupção. Isso porque o candidato do PSL, de acordo com uma parcela de seus eleitores, jamais se ligaria ao Centrão.

(FGV DAPP)

O segundo grupo, representado em vermelho, reúne perfis de esquerda, que se concentram no impacto causado pela aliança Alckmin-Centrão na candidatura de Ciro Gomes. Algumas das publicações criticam Ciro por ser uma espécie de “camaleão” político, buscando tanto o apoio do Centrão quanto o do PT. Há também discussões sobre uma necessidade dos partidos de esquerda de reagirem para fazer frente a Alckmin, que agora possui um maior tempo de TV.

Os outros dois grupos são onde a imprensa mais aparece. A parcela laranja é associada a perfis ligados ao mercado, abordando a decisão do Centrão como uma vitória para Alckmin, que agora tem maiores chances de chegar ao segundo turno com Bolsonaro. Esse grupo tende a associar a aliança a uma reação positiva do mercado. Já o grupo amarelo, formado por jornalistas e meios de comunicação que publicam conteúdos variados, discutem desde a conquista de Alckmin até a volta de Ciro à esquerda.

Impactos fora das redes sociais

Além da pesquisa da FGV, o Itaú também publicou um estudo, através do seu Monitor Semanal das Eleições, no qual analistas discutiram a aproximação do Centrão ao candidato do PSDB.

O estudo busca mostrar uma correlação simples entre o desempenho de um candidato durante o período de propaganda eleitoral e o seu tempo de exposição, usando métricas do Datafolha.

(Datafolha, Itaú)

Nas eleições passadas, candidatos com mais de 40% do tempo total de propaganda (como Alckmin) ganharam entre 6 e 11 pontos percentuais entre o início do horário eleitoral e a véspera das eleições. Já os candidatos com menor tempo de TV tiveram um resultado bem menos significante.

Neste ano, apenas Geraldo Alckmin tem mais de 40% do tempo total de TV: com o apoio de PP, DEM, PR, PRB e SD, o tucano tem entre 46%-50% de tempo. Tudo depende de como o PSB vai lidar com Ciro Gomes:

(Itaú)

 

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