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Por que as ações caem? Como aumento do imposto de importação de aço afeta o setor de siderurgia

24 abr 2024, 13:34 - atualizado em 24 abr 2024, 13:34
China, Minério de ferro aço siderurgia siderúrgicas
Governo aumentou imposto de importação do aço para proteger a indústria siderúrgica nacional. (Imagem: REUTERS/Stringer)

Ontem, o comitê da Câmara de Comércio Exterior (Camex) anunciou o aumento do imposto de importação para 25% para alguns produtos de aço.

A medida deve entrar em vigor em cerca de 30 dias e, segundo o ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin, esse era um pedido de entidades siderúrgicas para preservar e reduzir a ociosidade da indústria nacional.

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Henrique Cavalcante, analista de ações na Empiricus, lembra que esse é um debate antigo e que as empresas brasileiras têm sentido em seus resultados esse alto volume de importação de aço chinês, que é mais barato.

“A China, em uma tentativa de reativar a sua economia e alcançar patamares mais elevados de crescimento, ela subsidia bastante a siderurgia do seu país para que eles produzam aço. Só que eles não conseguem utilizar todo esse aço, então exportam aço para o mundo”, afirmou durante o Giro do Mercado desta quarta-feira (24).

Segundo ele, as margens dos resultados do último trimestre das empresas siderúrgicas brasileiras vieram pressionadas por causa disso.

Imposto para o aço vai salvar a siderurgia brasileira?

No entanto, Ygor Araujo, analista de ações da Genial Investimentos, embora a medida seja bem-vinda, ela não resolve o problema das siderúrgicas.

Ele aponta que essa elevação é válida para um grupo seleto de 11 tipos de produtos de aço (NCMs) e figurará como alíquota complementar incidida apenas sobre a diferença entre o volume total de importação e à cota média registrada entre 2020 e 2022. Quando não houver volume excedente, a alíquota permanecerá em torno de 14%.

“Nossa visão é de que a medida não representa uma solução que dê respaldo as necessidades integrais da indústria de aço brasileira e o número de NCMs contemplados está abaixo dos 30 produtos que o IABr [Instituto Aço Brasil] havia solicitado em seu pleito”, destaca em relatório.

Cavalcante, da Empiricus, projeta que o impacto será marginal no resultado das empresas, sendo que o cenário competitivo deve se manter difícil, já que o aço chinês vai continuar chegando a preços mais baixos. E isso acabou mexendo com as ações das companhias.

“As ações reagem sempre versus ao que o mercado estava esperando. Então, se você pega a regra de taxação de importação anterior, a medida é positiva. Mas em relação ao que o mercado estava esperando, ela não atendeu as expectativas da indústria”, aponta.

Hoje, a Usiminas (USIM5) cai 5,16% — puxada também pelo balanço do primeiro trimestre –, seguida por Metalúrgica Gerdau (GOAU4), em 2,22%, Gerdau (GGBR4), em 1,70%, e CSN (CSNA3), em 0,97%, por volta de 13h22.

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Em relatório, os analistas do Bank of America consideram o anúncio marginalmente positivo para as siderúrgicas brasileiras, que têm lutado com uma demanda interna fraca, lucratividade ruim, com margens abaixo das médias históricas e poder de precificação limitado. Mas deixam um alerta.

“Embora a medida anunciada deva permitir que as siderúrgicas capturem alguma parte das importações, uma recuperação substancial da procura interna ainda é necessária, na nossa opinião, para gerar ganhos de quota de mercado mais significativos e para aumentar o poder de fixação de preços”, diz o documento.

  • Confira o programa do Giro do Mercado na íntegra

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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