Zona do euro considera cautelosamente impulso fiscal em meio a incerteza sobre vírus
Os ministros das Finanças da zona do euro discutirão nesta segunda-feira um documento que apela por uma política fiscal mais favorável ao crescimento, uma medida que pode levar a mais gastos da Alemanha, à medida que os temores de uma desaceleração aumentam em meio à incerteza causada pelo surto de coronavírus.
Por anos, a zona do euro de 19 países manteve uma política fiscal “amplamente neutra” em suas recomendações anuais, apesar das repetidos pedidos do Banco Central Europeu (BCE) e dos países de crescimento lento para que invistam mais.
Mas o fraco crescimento no ano passado na Alemanha, a maior economia do bloco, e o medo de uma nova crise, alimentada pelo surto de coronavírus na China, estão pressionando Berlim a suavizar sua posição.
Até agora, a Alemanha pregou austeridade para reduzir os desequilíbrios fiscais em países com dívidas altas, como Itália e Grécia.
“Se os riscos negativos se concretizarem, as respostas fiscais devem ser diferenciadas, visando uma postura mais favorável no nível agregado”, diz o documento da União Europeia, confirmando uma reportagem da Reuters do início de fevereiro.
Os ministros das Finanças da zona do euro discutirão o documento em Bruxelas ainda nesta segunda-feira, de acordo com a agenda da reunião, e devem adotá-lo na terça-feira, disseram autoridades da UE.
O surto de coronavírus na China está entre os principais riscos negativos para a economia da zona do euro, segundo previsões divulgadas na semana passada pela Comissão Europeia.
O chefe do Eurogroup, Mario Centeno, disse antes da reunião que os efeitos do surto sobre a economia da zona do euro devem ser “temporários” no momento, mas que é necessário um monitoramento constante para avaliar seu impacto a longo prazo.
O ministro das Finanças da Itália, Roberto Gualtieri, disse a repórteres que é muito cedo para avaliar o impacto econômico do coronavírus.