Zona do euro chega a acordo sobre empréstimos baratos a países afetados pelo coronavírus
Os governos da zona do euro concederam sua aprovação final nesta sexta-feira à primeira parte de um plano de resgate de 540 bilhões de euros para Estados duramente pela pandemia do coronavírus, embora ainda não tenha havido concordância sobre outros elementos do pacote.
Os ministros das Finanças dos 19 países que compartilham o euro assinaram os detalhes de linhas de crédito baratas e de longo prazo que serão disponibilizadas pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês), o fundo de resgate do bloco, para países que precisam de dinheiro para cobrir custos extraordinários da saúde em razão do surto.
“Refletindo a natureza excepcional da crise, chegamos a um acordo sobre termos financeiros favoráveis e adequados”, afirmou o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, após o encontro virtual.
No entanto, não ficou claro se o dinheiro será usado pela Itália, o país que mais precisa dos empréstimos por causa de seus altos custos do serviço da dívida e da gravidade do surto no país, que matou mais pessoas do que em qualquer outra nação na Europa –com exceção do Reino Unido.
Apesar das repetidas garantias de que o dinheiro fluiria sem restrições, muitos do Movimento 5 Estrelas, da Itália –o maior partido da coalizão governista local– permanecem contra o uso de empréstimos do Mecanismo de Estabilidade, temendo que medidas de austeridade possam ser impostas ao país.
O ESM –que desempenhou um papel fundamental no socorro a Grécia, Chipre, Irlanda, Espanha e Portugal durante a crise da dívida da zona euro da década passada– oferecerá linhas de crédito no valor de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país solicitante e de até 240 bilhões de euros (260 bilhões de dólares) para toda a região.
Os empréstimos serão disponibilizados nas próximas semanas –estão no aguardo da aprovação de procedimentos– e até o final de 2022.
Trabalho inacabado
O Mecanismo de Estabilidade é apenas uma das ferramentas que os governos da UE têm considerado para enfrentar a crise econômica causada pela pandemia, que deve levar o PIB da zona do euro a um declínio recorde de 7,7% neste ano.
Os países ainda precisam finalizar as outras duas partes do pacote de resgate no valor de outros 300 bilhões de euros combinados: um esquema temporário de apoio ao emprego e um fundo de garantia que proveria liquidez a empresas atingidas pela crise. A expectativa é que as negociações finais sobre essas ferramentas ocorram até o fim do mês.
Muito mais difícil parece ser o estabelecimento de um fundo de recuperação que pode valer 1 trilhão de euros e poderia fornecer doações e empréstimos para ajudar os Estados a reviverem suas economias após a crise.
(Atualizada às 16h42)