Zelensky diz ‘façamos um acordo’ e oferece a Trump parceria mineral em troca de segurança
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Durante uma entrevista para a Reuters nesta sexta-feira (7), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, examinou um mapa que já foi secreto contendo grandes depósitos de terras raras e outros minerais críticos, para tentar convencer o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a fazer um acordo.
O republicano, cujo governo pressiona para um fim rápido da guerra da Ucrânia com a Rússia, afirmou na segunda-feira que os ucranianos deveriam fornecer terras raras e outros minerais aos EUA em troca do apoio financeiro para a guerra.
“Se estamos falando de um acordo, façamos um acordo, somos a favor dele”, afirmou Zelenskiy, enfatizando a necessidade de a Ucrânia ter garantias de segurança de seus aliados como parte de qualquer trato.
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No ano passado, a Ucrânia ventilou a ideia de abrir seus minerais críticos ao investimento de aliados, ao apresentar o “plano da vitória” que busca situar o país em posição mais forte nas negociações e forçaria a Rússia a sentar-se à mesa.
Zelenskiy afirmou que menos de 20% dos recursos minerais da Ucrânia — e metade de seus depósitos de terras raras — estão em terras ocupadas pela Rússia.
Terras raras são importantes para a manufatura de ímãs de alta performance, motores elétricos e eletrônicos de consumo. Zelenskiy alertou que Moscou pode liberar tais recursos para a Coreia do Norte e o Irã, inimigos declarados dos EUA.
“Precisamos parar Putin e proteger o que temos: uma região do Dnipro muito rica, no centro da Ucrânia”, afirmou.
As tropas russas vêm ganhando terreno no leste do país há meses, investindo enormes recursos em uma ofensiva implacável. Enquanto isso, o Exército muito menor de Kiev luta contra a escassez de soldados e se preocupa com futuros suprimentos de armas vindos do exterior.
Zelenskiy desenrolou sobre uma mesa um mapa no gabinete presidencial, em Kiev, mostrando vários depósitos minerais, incluindo uma ampla faixa de terra no leste marcada como contendo terras raras. Cerca de metade parecia estar do lado da Rússia nas atuais linhas de frente.
Ele afirmou que a Ucrânia detém as maiores reservas de titânio da Europa, componente essencial para a indústria da aviação e espacial, e em urânio, utilizado para energia e armas nucleares.
Muitos dos depósitos de titânio estavam marcados como presentes no noroeste da Ucrânia, região distante dos conflitos.
A Ucrânia rapidamente reajustou sua abordagem de política externa para se alinhar à visão transacional de mundo de Trump, sendo os EUA os aliados mais importantes dos ucranianos.
Zelenskiy ressaltou, contudo, que não estava propondo “doar” os recursos, mas oferecê-los em uma parceria mutuamente benéfica para desenvolvê-los em conjunto:
“Os americanos ajudaram mais e, portanto, devem ganhar mais. E eles devem ter essa prioridade, e eles terão. Eu também gostaria de falar sobre isso com o presidente Trump”, disse.
Ele afirmou que a Rússia sabe onde estão os recursos minerais da Ucrânia, por causa das pesquisas geológicas da era soviética, que foram levadas de volta a Moscou quando Kiev conquistou a independência, em 1991.
Zelenskiy também disse que Kiev e a Casa Branca estão discutindo a ideia de usar a vasta capacidade de armazenamento subterrâneo de gás da Ucrânia para armazenar gás natural liquefeito dos EUA.
“Eu sei que o governo Trump está muito interessado nisso. Estamos prontos e dispostos a ter contratos para fornecimento de GNL para a Ucrânia. E, claro, seremos um hub para toda a Europa”, disse.
Zelenskiy afirmou que pretende comparecer à Conferência de Segurança de Munique, entre 14 e 16 de fevereiro, quando autoridades de dezenas de países ocidentais se reunirão durante um momento imprevisível do conflito, que já dura três anos. Keith Kellogg, enviado especial de Trump para a Rússia e Ucrânia, também deve comparecer.
O líder ucraniano disse ser crucial um encontro com Trump antes que o presidente dos EUA se reúna com o seu colega russo, Vladimir Putin, “caso contrário, vai parecer uma conversa sobre a Ucrânia sem a Ucrânia fazer parte dela”.