XP Investimentos projeta duas altas de 1 p.p. na Selic e vê taxa a 14,25% no pico do ciclo
A XP Investimentos espera que o Banco Central (BC) eleve a Selic em 1,0 ponto percentual (p.p.) nas duas próximas reuniões — de dezembro e janeiro. Depois, casa projeta mais duas altas de 0,50 p.p. em março e maio, levando a taxa Selic para 14,25% no pico do ciclo.
O ajuste veio em meio aos fundamentos que sugerem uma inflação mais elevada adiante. “Um ajuste monetário mais contundente parece necessário para controlar as expectativas”, dizem o economista-chefe, Caio Megale, e equipe.
A inflação corrente e as expectativas de inflação continuam subindo, impulsionadas pela reduzida capacidade ociosa na economia, pela depreciação cambial e pelo aumento dos preços de alimentos.
As projeções da XP para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 e 2025 estão acima do topo da banda de tolerância da meta. “Se a disposição do BC de levar a inflação para a trajetória de metas em 2026 for real – e acreditamos que seja –, a resposta da política monetária tem que ser (ainda) mais firme”.
A equipe espera que o BC opte por ser mais ousado no curto prazo — com altas maiores do que o esperado — para recolocar o “trem nos trilhos” em tempo hábil, ao invés de tentar suavizar o ciclo.
Um ciclo de afrouxamento monetário no final do próximo ano deve permitir dois cortes de 0,50 p.p., levando a Selic a 13,25% no encerramento de 2025.
Além da política monetária, os economistas avaliam que uma aprovação célere das medidas do pacote fiscal anunciadas pelo governo para desacelerar o crescimento das despesas obrigatórias ajudará no processo de reancoragem das expectativas.
A XP diz que a política fiscal poderia ajudar mais, porém as despesas devem continuar a crescer pelo menos 2,5% acima da inflação, com ou sem a aprovação do pacote de despesas. Além disso, as iniciativas parafiscais ganham impulso à medida que as eleições de 2026 se aproximam.
“A política econômica mais restritiva (monetária mais contracionista e fiscal menos expansionista) será efetiva para reequilibrar a economia. Neste contexto, enxergamos o IPCA voltando à banda de tolerância em torno da meta; e o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciando um cauteloso e gradual ciclo de cortes de juros no final do ano que vem”.