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XP Inc. (XPBR31) no 1T23: prejuízo multimilionário com AMER3 foi suficiente para arruinar resultado?

16 maio 2023, 14:19 - atualizado em 16 maio 2023, 18:22
XP Inc
XP divulgou resultados trimestrais no 1T23, com foco em controle de despesas e efeito não-recorrente de AMER3. (Imagem: Divulgação/ Nasdaq)

A XP Inc. (XP;XPBR31) apresentou aos investidores na noite de ontem os números do primeiro trimestre de 2023. E os mercados ficaram satisfeitos com a história contada pela empresa, apesar de ‘efeito-surpresa’ com a perda de títulos de dívida da Americanas (AMER3).

As ações da plataforma de serviços financeiros chegaram a abrir o pregão de Nova York com alta superior a 6%, mas desaceleram para ganhos modestos de 1,38% no início desta tarde. A deterioração do apetite ao risco é sentida de ponta a ponta no mercado lá fora e ocorre após fala de dirigente do Fed.

No entendimento de analistas da Ajax Asset, os resultados da XP continuam fracos. No entanto, não desagradaram as expectativas do mercado.

Em termos gerais, o lucro líquido da companhia foi de R$ 796 milhões, uma queda de 7% em relação ao primeiro trimestre de 2022. A margem líquida reportada foi de 25,4%, inferior aos 27,4%.

Do lado da receita, a companhia entregou um número total estável no trimestre e avanço de 2% na base anual. O varejo, que responde por 77% da receita total, cresceu 11% em relação aos três primeiros meses de 2022; na base trimestral, o avanço foi de 1%.

A Ajax destaca uma dinâmica do tipo ‘cobertor curto’ dentro das linhas de receita da empresa. De um lado, os juros mais altos favoreceram a recuperação da renda fixa e de fundos. De outro, levaram a uma queda de 3% da renda variável na base anual.

Já as Receitas Institucionais tiveram uma forte queda de 39%, pressionada por uma menor atividade de trading. A atividade reduzida do mercado de capitais no trimestre, acentuada pelo pedido de recuperação judicial da Americanas, também foi um revés.

A história do trimestre em três métricas-chave

Americanas (AMER3) gera passivo multimilionário. Sem nomear diretamente a varejista, a XP Inc. informou que o seu lucro trimestral esteve sujeito a uma perda não recorrente de R$ 131 milhões.

Esse prejuízo esteve vinculado a “títulos de dívida de uma grande empresa que entrou em processo de recuperação judicial no trimestre”. Sem esse passivo, o lucro da XP teria atingido R$ 927 milhões, 8% acima do registrado no primeiro trimestre do ano passado.

Controle de despesas ocupou manchete. Depois de um fim de 2022 turbulento para a XP, a empresa parece ter conseguido tocar com relativo êxito a agenda de controle de custos. No trimestre, houve uma redução de 24% das despesas gerais administrativas, impulsionada pelo corte na força de trabalho que atingiu 792 funcionários.

Segundo informação dos executivos da companhia, as rodadas de demissão terminaram em março. A XP passa a contar com um efeito de cerca de 6,100 funcionários.

Novas iniciativas centradas no investidor do varejo deram frutos. Fundos de pensão, cartões de crédito, linhas de crédito e seguros tiveram bom desempenho no geral, com crescimento impulsionado principalmente pelo negócio de cartões. O segmento entregou R$ 204 milhões em receita bruta, favorecido pelo maior TPV (volume total de compra, na sigla em inglês) e taxas de administração.

O que vem pela frente para a XP?

Depois de concluída a fase de ‘arrumação da casa’, a XP Inc. espera uma melhora no ambiente de juros para voltar a ter uma melhor performance corporativa.

Para os executivos da empresa, qualquer corte na Selic ajudará na retomada do apetite ao risco. Essa é uma condição essencial para que a XP volte a crescer no segmento de Renda Variável, considerado o ponto forte da casa.

Paralelamente, a empresa fundada por Benchimol avalia a possibilidade de fazer  uma nova recompra de ações ou até mesmo pagar dividendos. Caso se confirme, será a primeira vez que a empresa distribuirá este tipo de provento desde sua IPO em 2019.

Do lado mais negativo, a Ajax Asset entende que as taxas de captação da XP continuarão fracas pelos próximos trimestres. Isso se justificaria por um conjunto de fatores que incluem desde juros ainda muito elevados a maior concorrência de grandes bancos.

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