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XP Inc.: Credit Suisse corta preço-alvo das ações, e a culpa é do Brasil (mesmo)

01 nov 2021, 14:07 - atualizado em 01 nov 2021, 14:07
XP Inc
Sem escapatória: XP Inc., listada na Nasdaq, sente o impacto do mau momento do Brasil (Imagem: Divulgação/Nasdaq)

Parafraseando o ditado popular: uma empresa pode sair do Brasil, mas o Brasil não sai dela. Que o diga a XP Inc. (XP), holding que controla a XP Investimentos. Listada na Nasdaq desde o fim de 2019, a empresa não conseguiu escapar do mau momento da economia brasileira.

O Credit Suisse cortou o preço-alvo de suas ações de US$ 43 para US$ 37 por papel, e reiterou sua recomendação neutra. Marcelo Telles, Bruna Amorim e Daniel Vaz, que assinam o relatório do banco, responsabilizam a economia brasileira pela decisão.

Isto porque, o forte ritmo do aumento da taxa básica de juros, a conhecida Selic, puxou junto a taxa livre de risco e impactou, por tabela, o custo de capital para os acionistas (Ke). Segundo os analistas, essa alta anulou as projeções de ganhos para o papel.

“Apesar do desempenho da ação abaixo da média nos últimos meses, e sem embargo nossa expectativa de um bom terceiro trimestre, acreditamos que o custo-benefício permanece desfavorável para a XP Inc.”, afirma o trio.

Sensibilidade extrema

O banco suíço afirma que a XP Inc. é uma das ações mais sensíveis à alta dos juros no setor financeiro do Brasil. “Cada 100 pontos-base (1%) de aumento no custo de capital para o acionista reduz o valor justo da XP em 18%”, explica.

Mas os acionistas da XP Inc. não são os únicos afetados pela alta dos juros. O Credit Suisse acrescenta que o aperto monetário impacta também os próprios negócios do grupo, já que o fluxo líquido de capital está migrando de ativos de renda variável – como as ações – para a renda fixa.

“O fluxo líquido ajustado da XP tem sido resiliente e não há dúvida de que a companhia continua executando bem sua estratégia”, afirmam os analistas. “Dito isso, o impacto da nova taxa de juros no fluxo líquido (e sobre outras fontes de receitas) é altamente incerto neste momento, e os riscos têm viés de baixa”, completam.

Viés negativo

Entre os fatores listados pelo Credit Suisse para sustentar sua avaliação, estão a intensificação da migração para renda fixa, desde agosto; a forte queda da distribuição de produtos da XP no terceiro trimestre, ante o segundo trimestre; e o recuo de 9% sobre o volume de ações negociadas pela XP entre julho e setembro.

Como se sabe, o Banco Central acelerou o ritmo de alta dos juros, diante da disparada da inflação e dos temores dos investidores de que o presidente Jair Bolsonaro vai estourar o teto de gastos para acomodar o Auxílio Brasil de R$ 400, com o objetivo de se reeleger em 2022.

“A deterioração no cenário político do Brasil (exacerbada pela eleição presidencial do próximo ano) e renovadas preocupações fiscais nos levam a acreditar que o risco pende para o lado negativo”, resumem os analistas do Credit Suisse.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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