XP Inc. começa 2020 bem, mas manterá o ritmo? Dica: não pague para ver
A XP Inc. (XP), holding brasileira de serviços financeiros listada na Nasdaq, em Nova York, começou 2020 com um bom ritmo, mas os analistas são céticos, quanto ao seu fôlego para manter o mesmo desempenho nos próximos meses. E, para ser mais exato, eles recomendam que você não pague para ver.
Esta é a avaliação de dois bancões respeitados em todo o mundo – o Credit Suisse e o UBS, cujos relatórios sobre a XP Inc. foram obtidos pelo Money Times.
Ambos elogiam os números do primeiro trimestre, divulgados pela holding na terça-feira (12), destacam algumas boas surpresas, mas mantêm-se irredutíveis em sua recomendação neutra para os papéis.
Isso significa que o que a XP Inc. mostrou no primeiro trimestre não foi suficiente para impressionar os dois bancos suíços, a ponto de que se animassem a aconselhar os clientes a comprar suas ações.
Tampouco o preço-alvo foi revisto. O Credit Suisse projeta US$ 22 para os próximos 12 meses. O valor é, inclusive, menor que os US$ 24,86 com que as ações fecharam o pregão de ontem. Já o UBS calcula um preço-alvo de US$ 28.
Penúltima linha
Marcelo Telles, Craig Siegenthaler e Alonso Garcia, que assinam o relatório do Credit Suisse, ponderam, inclusive, que o lucro líquido só foi assegurado pela penúltima linha do balanço – a de taxas e impostos, já que a XP Inc. pagou uma alíquota menor que a esperada.
A afirmação é pertinente, quando se constata que o aumento de 85% da receita líquida, na comparação com o primeiro trimestre de 2019, foi praticamente consumido pela alta de 88% das despesas gerais e administrativas.
A situação levou o Credit Suisse a afirmar que “a alta dos lucros foi inteiramente guiada pela baixa alíquota de impostos” – 23%, ante 34% no trimestre anterior.
Isso faz com que o Credit Suisse seja cético, quanto aos próximos meses. “Acreditamos que o ambiente será mais desafiador, à medida que esperamos que o yield da receita cairá, bem como o crescimento dos ingressos líquidos [de recursos~]”, dizem os analistas.
Menos dinheiro para o acionista?
Mariana Taddeo, Kaio Prato e Thiago Batista, que assinam a análise do UBS, batem na mesma tecla: a forte alta dos gastos. As despesas gerais e administrativas, já citadas pelo Credit Suisse, são confrontadas ainda com o aumento de 101% nas despesas operacionais em geral.
Com isso, o UBS lembra que a margem de ebitda se deteriorou para 33%, ante os 36% do primeiro trimestre de 2019. O trio também insiste na contribuição das alíquotas de impostos para encorpar o lucro na penúltima linha.
Por último, o UBS acrescenta outro motivo para não comprar ações da XP Inc. neste momento: elas já estão caras, pois são negociadas atualmente por 50 vezes o P/L (preço-/lucro) projetado para 2020, e 36 vezes o P/L de 2021. Traduzindo, levaria 50 anos para alguém cobrir seu investimento na holding, apenas com os lucros gerados pelos papéis.