AgroTimes

Para a XP, demanda por carne continua em alta e beneficia empresas do setor; veja os detalhes

09 set 2024, 18:34 - atualizado em 09 set 2024, 18:40
carnes xp investimentos (1)
Questões como maior disponibilidade de gado, demanda aquecida e melhora dos preços na China está entre os motivos para altas das carnes (iStock.com/bit245)

A XP Investimentos, em seu relatório de análise das exportações em agosto, chama atenção para indícios de uma nova tendência de alta para os preços das carnes que pode durar mais do que o esperado, e o pico ainda não chegou.

As exportações de carne bovina, que cresceram 17% em relação a agosto de 2023 e 5% acima das estimativas da XP, embora menores do que em julho, permanecem em níveis recordes para o período, favorecidas principalmente pela disponibilidade de gado e pela demanda externa aquecida.

As exportações de frango diminuíram 11%, e ficaram 6% abaixo das estimativas da casa, devido ao impacto tardio da doença de Newcastle, que teve um caso registrado no Rio Grande do Sul em julho. Mas os preços estão em tendência de alta, parcialmente devido ao mix, enquanto a demanda doméstica continua surpreendendo. As vendas de carne suína no exterior, que cresceram 6% em um ano e ficaram 4% acima das expectativas da XP, apesar de atrasada, deve seguir essa mesma tendência, com preços subindo na China e sólida demanda de outros mercados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O que esperar para carnes?

Carne bovina

A carne bovina supera as estimativas otimistas da XP, impulsionada por taxas de abate em níveis recorde alcançados em agosto. Apesar do bom momentum, os analistas acreditam que ainda há espaço para crescimento, pois:

  1. Esperam que o ciclo do gado nos EUA dure até 2026;
  2. Sudeste Asiático e a China apresentam demanda resiliente;
  3. Disponibilidade de gado permanece alta devido ao momento do ciclo.

O ciclo do gado nos EUA continua a impactar a produção de carne, ajudando a sustentar os preços mais altos da carne bovina e levando a uma tendência de queda no consumo em favor do frango e do porco. Outro resultado positivo são as exportações de carne acima da média da Austrália, favorecidas pelo atual ciclo do gado, junto dos países sul-americanos.

O impacto positivo no Brasil é limitado por uma cota pequena, que é dividida entre outros países e geralmente termina em fevereiro. A escassez de carne magra é suficiente para permitir as exportações, apesar da tarifa extra-quota de 26,4%. Ao nos aproximar de 2025, os frigoríficos devem aumentar a produção EUA, e talvez ver um tempo recorde para cumpri-la.

Frango

As exportações de frango podem ter sido afetadas pelos efeitos da Newcastle, uma vez que os embargos que entraram em vigor na metade de julho, o que pode ter tido um impacto negativo nas exportações, especialmente para a China, levando a uma queda significativa nos volumes. Os preços apresentaram tendência oposta, em parte devido a um mix de produtos de maior valor.

Apesar de o assunto Newcastle já ter terminado, os embarques em agosto ainda foram afetados, apresentando volumes menores do que o esperado para a China.

Como o volume para outros mercados ficou praticamente inalterado, a XP acredita que os frigoríficos preferiram segurar as vendas de determinados cortes em vez de vender a preços mais baixos em outros lugares, o que levou a um mix de maior valor nas exportações em julho e agosto.

“Acreditamos que essa estratégia vale a pena, uma vez que os preços no mercado interno estão em alta. Isso confirma nossa visão do aumento de produção necessário, uma vez que o mercado continua sendo impulsionado pela demanda. As notícias recentes sobre alojamentos de 623 milhões de pintos de um dia em julho foram erroneamente vistas baixistas”, explicam Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak.

Suínos

Os volumes continuam sendo impulsionados principalmente pelo Sudeste Asiático e pelo Chile, estabelecendo máximos históricos (ATH) em ambos os mercados, enquanto os preços começaram a subir recentemente na China, uma tendência que os analistas esperam que continue. Esse é um acontecimento novo em um setor altamente dependente da China.

Os analistas da XP observam uma tendência de alta nos preços da carne suína na China, provavelmente devido:

  1. Melhor sazonalidade, já que o prazo para importar antes do Ano Novo Chinês diminui;
  2. Redução na produção local de carne bovina;
  3. Redução nas importações de frango do Brasil devido ao Newcastle.

Aumento de preços pode surpreender, já que os embarques para a China foram desviados para outras regiões nos últimos meses, como o Chile e o Sudeste Asiático, definindo recordes.

Com os EUA sendo o principal destino da carne bovina e o MENA (Médio Oriente e Norte da África) da carne de frango, a China precisará garantir um volume maior de carne suína para conter a inflação local, já que o recente aumento no estoque de porcas não parece ser suficiente para abastecer sua população.